Por Joedson Telles
O presidente Lula errou feio ao se referir a um suspeito de agredir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como “animal selvagem”, durante uma coletiva de imprensa. O erro é maior, obviamente, por se tratar do chefe da Nação, que em quaisquer circunstâncias tem a obrigação de dar o bom exemplo.
Além de deselegante para um presidente da República, com a sua idade e a vasta experiência amealhada na vida pública, Lula não tem desculpas para atropelar a chamada presunção da inocência e condenar de forma açodada uma pessoa com a investigação ainda aberta; sem a Justiça ter se manifestado.
Descartando esta ótica zelosa e ratificando a infelicidade, Lula ainda disse ser preciso “punir severamente pessoas que ainda transmitem o ódio como o cidadão que agrediu o ministro”.
É evidente que muitos concordam com o juízo do presidente. Seria inocência não deduzir que, do sofá em casa, assistindo ao noticiário na TV, milhares de brasileiros – e não apenas petistas – formaram uma opinião parecida com a de Lula. As redes sociais confirmam facilmente o igual açodamento. Nada, porém, como o peso de uma declaração de um presidente da República.
Desnecessário ratificar neste espaço que tudo precisa ser apurado e, em se confirmando a versão do ministro, até por questão pedagógica coletiva, não pode ficar sem a devida resposta dentro da lei. Uma vez provas irrefutáveis sejam apresentadas, não podemos abraçar a impunidade.
Afrontar um ministro do STF é afrontar o Brasil. Já basta a insana invasão seguida de depredação aos Três Poderes. Lula, aliás, pode estar legislando em causa própria também. Não duvido que tenha passado pela sua cabeça: “ontem foram os prédios, hoje um ministro e amanhã pode muito bem ser o presidente”. Ainda assim, pisou na bola ao soltar a pérola.