“Parece que o deputado André Moura é o único parlamentar que trabalha por Sergipe. Temos 11 parlamentares: três senadores e oito deputados federais. Só quem fala, hoje, de liberação de verbas em benefícios para Sergipe e em ajudar prefeitos é o deputado André Moura. Os outros não valem nada? É um grande folclore querer afirmar que o senador pediu a ele para não liberar verbas para o prefeito de Aracaju. Ele mentiu. Eu nunca falei para que ele ou qualquer parlamentar de Sergipe trabalhasse conta Aracaju”, iniciou, assim, seu discurso na Mix FM, na manhã desta quarta-feira, dia 4, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB), rechaçando palavras proferidas pelo deputado federal André Moura (PSC), durante uma entrevista na mesma emissora concedida ao radialista Gilmar Carvalho. “Ele (André) está de sapato alto, engrossou o pescoço. O PSB tomou uma decisão quer gostem ou não.”
De acordo com Valadares, o PSB não contribuirá para aumentar a bancada do presidente Michel Temer no Congresso Nacional. “Valadares Filho tinha uma reeleições praticamente certa. Agora resolve entrar numa eleição como pré-candidato a governador. Veja a responsabilidade nessa missão que ele está se colocando. Seria muito cômodo, a gente fechar os olhos e fazer esse acordão. Eu me elegia senador e Valadares Filho deputado federal – ou até vice-governador, como eles queriam. Mas nós resolvemos não embarcar nessa canoa furada. Essa é a razão pela qual sou tão criticado, mas eu tenho certeza que o povo de Sergipe vai saber separar o joio do trigo e definir quem está certo.
Após escutar André Moura afirmar no ar que o rompimento entre o PSC e PSB aconteceu porque Valadares não aceita que ele, André, ajude o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B), por não ter descido do palanque, após o deputado Valadares Filho perder a eleição, em 2016, o senador Valadares afirmou que a Prefeitura de Aracaju é administrada por um adversário, mas todo e qualquer benefício que vier para Aracaju ou qualquer outro município é para benefício do povo.
“Tanto é que a emenda de R$ 124 milhões que direcionamos para Aracaju, eu ainda era coordenador da bancada de Sergipe, no momento que a eleição estava indefinida, praticamente na semana da eleição, onde havia um empate técnico entre Evaldo Nogueira e Valadares Filho. Se tivesse alguma dúvida do respeito e do compromisso que tenho com o povo de Aracaju, se tivesse alguma dúvida sobre a eleição eu poderia não colocar. Na minha cabeça nunca passou isso. Um pensamento da época da idade média”.
O senador disse ainda que quando apresentou uma emenda de R$ 100 milhões em favor do Baixo São Francisco, da revitalização dos perímetros que estavam abandonados há mais de 40 anos, foi extremamente criticado pelo Governo do Estado, que achava que o dinheiro poderia ter sido colocado para distribuir água no sertão.
“Quando a bancada se reúne agora para definir as emendas ao orçamento alguém apareceu para defender Xingó? Alguém apareceu para colocar uma emenda impositiva para Xingó? Eu já não era o coordenador da bancada. Nem o governador, que chamou um dia André Moura para uma festa em Brasília, com todo aparato de comunicação, colocando o projeto de Xingó como Salvador para o sertão sergipano. André Moura e o próprio governador tiveram uma grande oportunidade na reunião da bancada e eu fiz uma reclamação textual na frente do governador de como sair de uma reunião pedindo socorro para o sertanejo e naquele momento não tomava a iniciativa de propor a bancada uma emenda em favor do projeto do canal de Xingó. Eu fui atrás de Valadares Filho, que era presidente da Comissão da Integração Nacional, ele apresentou uma emenda de R$ 300 milhões foi aprovada, mas a comissão só aprovou R$ 100 milhões e o Governo Federal tirou R$ 30 milhões”.
Prefeitos
Segundo Valadares, prefeitos sergipanos estão sendo procurados pelo deputado federal André Moura para ingressarem numa sigla partidária com a promessa de liberação de verbas. “Eu não disse que os prefeitos estavam sendo comprados. Outra mentira do líder. Eu não sou um homem raivoso. Sou um homem tolerante, compreensivo. Jamais seria capaz de chamar um prefeito de comprado, ou capaz de se vender. O que eu disse foi que nessa fase de filiação os prefeitos estavam sendo pressionados para ingressarem na sigla comandada pelo líder. Todos irão ver depois das filiações o que está acontecendo, com promessa de verbas mirabolantes. Isso é um abuso de autoridade. É atentar contra o Código Penal. Tráfico de influência, artigo 332. Os prefeitos não têm culpa de serrem abordados”, disse o senador.
Sobre André ter dito que trabalha por Sergipe (gastando sola de sapato) enquanto Valadares usa as redes sociais, Valadares observa que todos os parlamentares têm emendas empenhadas em favor dos municípios sergipanos, mas parece que só tem um. “Se eu vivo trabalhando no Senado, eu também trabalho no único jornal que eu tenho que é meu Twitter. Quem não estiver de acordo, me processe. Não fique achando que meu Twitter não pode ser usado. Quando eu digo que o presidente Temer tem interesse em fortalecer sua bancada federal para o próximo ano eu não estou mentindo. Eu converso com vários senadores. Em vários Estados ele está montando um esquema de apoio financeiro através de recursos federais para eleger deputados e senadores”, disse.
Valadares assegurou ainda não ter esquecido o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que contou com o seu voto. “Do mesmo modo que não esqueci que Michel Temer prometeu um governo sério e está fazendo um governo igual a uma ilha cercada por tubarões da corrupção. Do mesmo jeito que abandonamos Dilma, abandonamos Temer. Duas denúncias que foram formuladas pelo Ministério Público Federal (MPF), com apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) ocasionaram duas investigações dos atos do presidente da República. Ele conseguiu enterrar com verba federal, comprando deputados, distribuindo cargos, ministérios e empresas públicas”, disse.
Valadares ainda pontuou que o PSB de Sergipe entregou os cargos ao governador Jackson Barreto (MDB), antes do lançamento da candidatura de Valadares Filho a prefeito de Aracaju. “Não queríamos que o governo pensasse que a candidatura fosse um satélite do seu governo. Da mesma forma, entregamos os cargos quando vimos o Governo Federal apresentando reformas que iriam prejudicar os aposentados. Quando começaram a pipocar as denúncias contra o governo, já estávamos fora”, assegurou.
No tocante ao polêmico tema de um acordo que teria sido apalavrado entre o próprio Valadares, André Moura e o senador Eduardo Amorim(PSDB), em 2016, visando 2018, Valadares falou diretamente ao líder do governo Temer. “Quando o senhor fala que o senador Valadares não cumpre acordos, entre a eleição de 2016, que não existia nada disso, e agora em 2018, a coisa mudou no Brasil. Reformas para prejudicar o trabalhador, e isso não estava nos acordos, além dos atos de corrupção, inclusive com ex-ministro que alugou um apartamento e colocou lá R$ 50 milhões. O PSB tinha que ficar ao lado dessa governo? Em nome do quê?”, “Em nome do povo?” Indagou.
Por Joedson Telles, com informações da Mix FM