Inteligência artificial, veículos autônomos e internet das coisas. O Brasil está preparado para quarta revolução industrial? Nesse ambiente, como ficará o emprego? Profissões tradicionais devem desaparecer e outras tantas vão surgir, mas também não vão durar muito. Esse foi o tema do programa Expressão Nacional da TV Câmara, exibido ao vivo na noite do último dia 6, do qual o deputado federal Laércio Oliveira (SD/SE) foi um dos debatedores.
No debate, os participantes constatam que a Quarta Revolução Industrial será movida pela internet ultrarrápida. Ela não encontrará barreiras entre os mundos físico e digital para promover “conversas” entre máquinas, que executarão tarefas cada vez mais sofisticadas. A principal preocupação é como as pessoas que não tem acesso a tecnologia e a informação vão acompanhar essa transformação? Para os empregos do futuro, as pessoas precisam estar preparadas.
O deputado federal Ariosto Holanda, (PDT/CE), afirmou que dentro dessa preocupação está o fato de que quase 4 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso à internet. “O século 21 será o século das revoluções científicas. Biotecnologia, nanotecnologia, engenharia de tecido. Estamos tão distantes porque a nossa escola não tem nada a ver com isso”, disse.
Laércio Oliveira lembrou que pesquisas mostram que quase 2/3 das crianças que entram no ensino primário irão trabalhar em empregos que não existem hoje. O parlamentar lembrou que o governo e o congresso não são dinâmicos e não tem habilidade de acompanhar esse avanço, mas que a Reforma Trabalhista foi um passo muito importante nesse sentido. “A reforma promoveu um avanço no país, inverteu a seta do desemprego. A terceirização foi sancionada em 31 de março e o indicativo do mês de abril já foi positivo”, lembrou o parlamentar, acrescentando que uma legislação engessada de 1943 ia continuar travando o emprego nesse período de modernidade nas relações do trabalho. “A questão trabalhista está resolvida. Acho que a gente precisa avançar na questão tributária”, disse.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Guto Ferreira, afirma que viveremos uma revolução que tem um senso de urgência muito grande. “Essa questão da reforma trabalhista vem com várias inovações nesse sentido, a exemplo do home office. Muita gente que trabalha com tecnologia trabalha assim hoje. Uma coisa muito importante destacar é que a indústria e o comércio não são os vilões do emprego. Ao contrário, os heróis são o setor privado. O governo não gera emprego. O governo gera um cenário macro microeconômico”, explicou.
Ferreira lembrou ainda que Todo o tipo de modernização que faz com que se gere não só emprego, como trabalho é bem-vinda. “A gente se refere a emprego quando fala em carteira assinada. O Brasil fala em carteira assinada, sendo que o resto do mundo está falando em trabalho. As novas gerações do mundo estão acostumadas a trabalhar com produtividade e resultado. É uma realidade que a sociedade brasileira precisa se acostumar a partir de agora”, disse.
O gerente de política da CNI João Emílio Gonçalves lembra que o emprego está muito ligado ao crescimento da empresa. “Na medida em que se automatiza, você é capaz de produzir mais e deslocar trabalhadores dentro da empresa. Quando uma empresa ganha eficiência, se torna mais produtiva, competitiva, aloca melhor os trabalhadores, tem um ganho de qualidade de vida para o trabalhador, porque ele vai passar a fazer atividades menos demandantes, vai ter uma melhor ergonomia. E se cria novas oportunidades em uma indústria que cresce mais e em setores correlatos. O surgimento do fenômeno das startups não é só um fabricante de aplicativos, mas desenvolve soluções para a indústria. A gente vê a questão do emprego como um desafio, de forma nenhuma como desemprego, e sempre foi assim. Algumas atividades estão sendo descontinuadas, enquanto outras vão surgindo, que exigem mais qualificação”, explicou.
Por Carla Passos