Durante a apresentação de um espetáculo de circo, o elefante sempre é um dos animais que chamam mais atenção. Ele faz uma grande demonstração de força e equilíbrio, mas o que poucos sabem é que quando não estão no picadeiro, ele fica amarrado por uma das patas com uma corrente presa numa pequena estaca cravada no chão. É possível perceber que o animal poderia fugir puxando a estaca do chão. Mas ele não foge porque quando era bebê, ele esteve preso a essa estaca e tentou fugir sem sucesso. Como tem grande memória, depois de adulto não tenta mais.
Essa é a história de Rana, uma elefanta que viveu décadas presa a uma estaca quando pertencia a um circo. Hoje ela está em recuperação na fazenda Boa Luz, no município de Laranjeiras, e manca com a pata dianteira que sempre esteve presa a estaca. Ela também tem tiques nervosos que se parecem com o desequilibro que sofria no caminhão quando era transportada de uma cidade a outra para apresentações. Além disso, passou por treinamentos cruéis para realizar performances nos espetáculos circenses. “Rana foi resgatada e já está sendo bem tratada, mas milhares de animais continuam nessa situação no Brasil. É preciso leis mais duras para impedir que histórias como essa continuem se repetindo”, afirma Nazaré Moraes, presidente da ONG Educação e Legislação Animal (Elan).
O deputado federal Laércio Oliveira enviou a presidência da Câmara um requerimento de inclusão de pauta do PL 7291/2006 que proíbe a utilização de animais em circos em todo o Brasil. “Essa é uma das maiores crueldades praticadas por seres humanos, por muitos anos disfarçada de cultura e diversão. Mas hoje os maiores e melhores circos do mundo não utilizam animais em seus espetáculos”, lembrou o parlamentar.
A história da elefante Rana é uma entre milhares de casos existentes no Brasil, por isso existe um grande movimento pela proibição dos animais em circo no país. Dez estados brasileiros já aprovaram leis estaduais nesse sentido.
De acordo com Nazaré, os maus tratos não incluem apenas as formas desumanas de treinamento (em sua maioria com o uso de choques, chicotes ou bastões pontiagudos), mas também os espetáculos em si, onde os animais, por sofrerem agressões para um suposto aprendizado, se comportam como nunca se comportariam na natureza, apenas por um capricho do ser humano. “Além disso, passam suas vidas em espaços muito pequenos e em constante transporte, circunstâncias que causam alto grau de estresse aos animais. E muitas vezes não têm à disposição alimento de qualidade ou em quantidade suficiente”, informou a ambientalista.
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