Por Joedson Telles
Não é difícil entender o que leva o presidente Jair Bolsonaro a ver no deputado federal Laércio Oliveira o melhor nome para disputar o Senado Federal, em 2022, como seu aliado político, em Sergipe. O presidente descarta políticos que vivem a velá-lo, sobretudo nas redes sociais, a exemplo do deputado estadual Rodrigo Valadares, e foca Laércio não sem motivos inquestionáveis.
Laércio, como já disse neste espaço, já amealhou experiência política e de vida suficientes para sentar na cadeira de governador – e para representar Sergipe no Senado não seria diferente.
Assim como se destaca enquanto deputado federal – inclusive fora de Sergipe, como, por exemplo, no seu trabalho pela Lei do Gás -, em chegando ao Senado, ele não iria, por certo, mudar o tom. A tendência seria dar sequência ao bom combate com ainda mais força.
Pelo que se sabe, entretanto, o deputado não sentou à mesa com o presidente para bater o martelo. Por enquanto, há, como noticiou o jornal paranaense Gazeta do Povo, “apenas” o sentimento do presidente.
Laércio, contudo, em o presidente lhe comunicando o sentimento pessoalmente, fazendo o que no jargão da política se conhece como “apelo”, precisará refletir muito antes de tomar uma decisão. Ouvir família, amigos, aliados políticos…
Como é do conhecimento de todos, Laércio faz parte do agrupamento liderado, hoje, pelo governador Belivaldo Chagas, que não está alinhado ao presidente Jair Bolsonaro e, muito menos, ao pré-candidato Jair Bolsonaro. Ou seja, para Laércio aceitar disputar o Senado no palanque de Bolsonaro seria preciso uma engenharia que, para muitos, se não impossível, seria muito difícil de ser colocada em prática sem que houvesse rompimento da aliança política.
O que seria 100% positivo para o pré-candidato Jair Bolsonaro poderia ser um risco para Laércio Oliveira. Hoje, por exemplo, não vejo vantagem. Por questões conhecidas, Bolsonaro está em queda de popularidade – e tanto pode reverter como cair mais ainda.
Aliás, mais realista que pessimista, observo que o quadro não tem a assinatura de um bom artista plástico. A pandemia pode ganhar novo fôlego, como está acontecendo em alguns países da Europa. A subestimada CPI da Covid pode fazer um estrago ainda maior. Os implacáveis preços da gasolina e da carne puxam a inflação. O presidente voltar a abrir a boca contra si mesmo parece questão de tempo. Os filhos dele podem reaparecer na mídia de forma negativa… Sem falar no risco de impeachment.
Este pacotão, que, certamente, comporta mais pepinos que vem à mente do internauta sem esforço, neste momento, não pode ser descartado. Precisa ser levado em conta antes de se pensar em fazer um acordo com o pré-candidato Bolsonaro, fitando 2022. Como disse, Laércio precisa refletir. Refletir muito.