Se é que conseguiu desligar a tomada, Sergipe volta a respirar, sobretudo nas redes sociais, reportagem do SBT sobre a corrupção na merenda escolar. Em meio ao louvor pela paciência de assistir ao SBT, sobretudo nas primeiras horas de uma segunda-feira, coisa de herói, os sergipanos torcem que culpados sejam punidos e, óbvio, que o cardápio dos alunos seja de qualidade. Aliás, só afins aos ladrões do dinheiro público poderiam pensar diferente. O curioso, todavia, continua sendo a febre provocada por um tema que, de longe, não soa novidade – nem em Sergipe e nem no Brasil. A propósito, uma simples busca na rede sepulta argumentos antagônicos.
Em 2011, por exemplo, o site Brasil 247 já denunciava a chamada ‘Máfia da Merenda Escolar’ em São Paulo. Trechos da matéria. “O Tribunal de Justiça de São Paulo mandou fazer uma devassa no patrimônio de empresas e pessoas acusadas de integrar a chamada ‘Máfia da Merenda Escolar’. Elas são suspeitas de irregularidades de alimentação nas escolas e creches na capital paulista. A corte paulista determinou a quebra do sigilo fiscal e bancário de 12 pessoas físicas e seis empresas. A decisão foi tomada pela 9ª Câmara de Direito Público… De acordo com denúncia do Ministério Público paulista, as maiores empresas fornecedoras de merenda escolar do país montaram um cartel para fraudar uma licitação de R$ 200 milhões aberta pela prefeitura de São Paulo.”
Com o título ‘Metade do país apura fraude na merenda escolar’, o jornal o Globo, em 2013, também já focava o assunto, mostrando que o problema é nacional. “Irregularidades são apuradas em metade do país”, diz a matéria. Com mais tempo e resignação, creio, é possível encontrar registros bem mais antigos, expandir geograficamente confirmando a memória…
… Não trocaria meu sono por esperar uma reportagem sobre algo banal. Aliás, na TV aberta, exceto o Flamengo, não vejo nada. Mas espero que a reportagem não tenha sonegado este importante detalhe aos menos atentos. Que tenha ficado evidente que Sergipe não inventou a roda. E, lógico, não é o único estado brasileiro onde criança passa fome. Onde existe pobreza. Embrutecimento. Ladrão do dinheiro público. Até para excluir qualquer hipótese de sensacionalismo. Oportunismo. Para amenizar a tese que Sergipe só aparece em rede nacional de forma negativa. Que as coisas boas desta terra não valem pauta para todos os jornalistas.
Evidente que o fato de Sergipe não ser o único estado onde existe corrupção não pode ser argumento para o conformismo. Impunidade. Nada disso. Ladrão tem que estar preso. Já disse neste espaço e insisto: matéria sobre corrupção é produtiva. Importante, mesmo sendo banal. Mas a engenharia do SBT prestaria um excelente serviço, se voltada também para mostrar porque antigas ações do Ministério Público contra essa corja instalada em Sergipe, que enriquece à custa da fome, não deram em nada. Seria bem mais produtivo. O empresário Célio França poderia tentar se infiltrar entre as fontes e repassar o conteúdo.