Por Joedson Telles
No dia 21 de maio, o petista que preside a CUT, o professor Dudu, disse em entrevista ao Universo que o PT precisa estar longe do palanque que estiver o governador Jackson Barreto, em 2018, sob pena de ser constrangido. O sentimento não é isolado. É da corrente petista Articulação de Esquerda, e pode ser atestado numa nota divulgada, nas últimas horas. Vejam um trecho que resume o anseio.
“… Temos divergências dentro do partido à aliança político-eleitoral com Jackson Barreto/PMDB e, para nós, tratar de nossas diferenças num momento que nos exige unidade é um equívoco. Como expressamos no Congresso Estadual do PT, no início de maio deste ano, somos contra esta aliança, por entendermos que apenas Jackson Barreto e o PMDB ganhariam. Nem o PT de Sergipe nem Lula têm nada a ganhar com o apoio de Jackson em 2018”.
O presidente do PT, o ex-deputado Rogério Carvalho, dará de ombros aos verbos. Quer apostar? No máximo, dirá algumas palavras políticas para minimizar estragos internos e continuará aliado ao governador Jackson Barreto, tentando um triangulo vitorioso, em 2018: os dois e mais o ex-presidente Lula, se este último estiver solto até lá, evidente.
Não há novidade em a Articulação de Esquerda divergir dos companheiros. É assim toda eleição. E em muitas tem razão. Democraticamente, os companheiros se fecham nos seus pensamentos e pronto. Contudo, acabam seguindo o martelo batido pela maioria. O PT é assim.
Dificilmente a corrente da deputada Ana Lúcia não estará no palanque de Jackson Barreto, salvo a decisão de Rogério e outros companheiros seja pelo rompimento. Algo, aliás, que soa contraditório hoje, já que o PT ocupa cargos no governo de Jackson. Salvo engano, o próprio Rogério Carvalho está empregado no Governo do Estado.
A rejeição ao governador candidato ao Senado, percebam, reside no fato de Jackson Barreto não ter assumido à risca o discurso do golpe. A mágoa da Articulação de Esquerda – e isso fica cristalino no discurso – é porque o governador não faz uma oposição radical ao presidente Michel Temer.
Fico mais do que à vontade para defender o comportamento de Jackson. O internauta conhece a posição do Universo frente aos problemas do seu governo. E os arquivos estão aí à disposição dos desinformados.
Entretanto, querer obrigar o governador a bater de frente contra o presidente da República (legitimado ou não, golpista ou não, com ou sem condições de ser, mas sendo o presidente da República Michel Temer) é arrastar Sergipe para a guerra política e aguardar os prejuízos incalculáveis.
Já assistimos, num passado não tão longínquo, ao que o ex-presidente Lula pensou fazer com o ex-governador João Alves, mas fez com Sergipe em situação parecida. Não aprendemos a lição? Ou o discernimento existe, mas Sergipe que se lixe? Qual o governo estadual tem condições de abir mãos de verbas federais? Como consegui-las sem a harmonia devida?
Jackson, e seria desonestidade sonegar aqui, mesmo sendo do mesmo PMDB do “golpe”, homenageemos, assim, os petistas, ficou ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff o quanto deu e mais um pouco. Aliás, até hoje paga o preço, e não tem o tratamento que um governador do mesmo partido que o presidente deveria ter.
Radicalizar, agredir, ir pra cima do presidente Temer de qualquer jeito, como fazem e cobram dos demais os petistas, seria de uma irresponsabilidade incalculável. Repito: a animosidade João x Lula sobrou para Sergipe.
A Articulação de Esquerda e o próprio PT agem e absorvem as consequências dos seus atos em suas próprias peles. Jackson, não. Qualquer passo dado por um governador compromete o estado.
Todavia, ao que tudo indica, não há ingenuidade. O fato é que Sergipe não é mesmo a pauta principal. A preocupação exclusiva soa o sonho de ver Lula lá outra vez, evidentemente pegando carona em sua campanha para uma eleição menor ou para ocupar cargos em um suposto governo petista.