Deputado contabiliza cerca de 5 mil pessoas presentes ao ato
O ex-deputado federal João Fontes, que liderou o “Movimento Basta”, no último domingo, em Aracaju, considera que, no âmbito geral do país, uma manifestação que é contabilizada pela Polícia Militar em 2 milhões de pessoas, num dia de domingo, é um sucesso. João observou que em muitas cidades, como Aracaju, a chuva impediu que mais pessoas se somassem à causa. “Lá no encontro tinha pessoas que trabalham com publicidade e colocaram isso. Fora isso, o público nosso que é da classe média, por conta do feriado viajou. O mais importante desse processo todo eu acho que foi a mobilização espontânea, pessoas no meio da rua dizer que não aguentam mais isso que está acontecendo”, disse o ex-deputado, observando que, apesar de alguns setores da mídia divulgarem que em torno de 600, no máximo 900, pessoas estiveram presentes, pelo menos 5 mil pessoas participaram da pacífica manifestação.
“Dificilmente tem um movimento, que estatisticamente em comparação com o último grande movimento que teve no país, puxado por políticos e artistas, como foi as Diretas de São Paulo que levou Fafá de Belém, Milton Nascimento, Agnaldo Timóteo, Tinha cantores envolvidos naquele momento que unificava toda a classe política e artística do país com o fim da ditadura. Mesmo com aquele movimento todo, o movimento de ontem teve um maior número de pessoas, porque as Diretas tiveram a concentração em São Paulo e no Rio de Janeiro com maior número”, disse.
Segundo João Fontes, o mais importante é que a manifestação foi espontânea e feita por pessoas que não estão atreladas a político ou governo. “Movimentos sociais, hoje, estão muito atrelados ao governo, mas o movimento de domingo foi dos brasileiros que estão indignados com a economia do país, com as mentiras durante a campanha, do projeto de governo que foi passado pela população diferente do que está sendo aplicado. O maior legado do plano real foi a estabilização da moeda durante vinte anos, e a gente ver cair por terra tudo isso. Eu vou à feira duas vezes por semana, vou ao supermercado e os preços estão disparando, porque dentro disso está embutido combustível, muita energia. Foi um movimento extremamente vitorioso”, afirmou.
De acordo com o ex-deputado, alguns sites postaram que o movimento fracassou, mas isso é piada. João salienta que as críticas que são feitas por pessoas que deveriam estar nas ruas protestando também. “A gente não quer briga de classes. A maior besteira hoje é o PT querer dizer que é o movimento das elites. Hoje, as elites estão todas no governo com o PT. A elite corrupta do PT, que há pouco tempo estava na Papuda, e já receberam benefícios da própria presidente de indulto de Natal, o próprio Genoíno solto. A única esquerda que temos é um pavilhão construído na Papuda do lado esquerdo para abrigar a elite do PT”, cutucou.
João Fontes observou que nesse confronto “coxinhas” x “trouxinhas”, os “coxinhas” deram uma palacada nos “trouxinhas”. “Porque a gente botou muito mais gente. O mais importante é a gente estar defendendo o Brasil. Não estamos nas ruas defendendo um governo corrupto que perdeu a credibilidade e as condições de governabilidade. Estamos na rua lutando para poder acabar com a corrupção, com a impunidade, para poder ter um Congresso voltado para o povo e não um governo e um Governo divorciado com o povo. Nós estamos nas ruas para lutar por um Brasil novo, e não como faz o outro movimento que não tem pauta”, disse.
Por fim, João Fontes fez críticas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Segundo ele, o movimento vai à rua, hoje, para lutar por reforma agrária, mas o governo do próprio MST está 14 anos no poder. “E não fez a reforma agrária que eles querem? Se estão insatisfeitos com o governo, como vão para rua defender esse governo? Como eles podem botam o povo na rua contra um governo que está tirando o direito dos trabalhadores, mexendo no direito dos aposentados, mexendo no seguro-desemprego? Essas entidades não têm pauta. Eu como sou democrata, advogado que defende o estado democrático de direito, vejo que as condições do impeachment é uma coisa que a gente não pode impedir a população. Eu vi uma indignação muito grande contra o governo e contra o PT, e muita gente falando no Fora Dilma. Eu estou numa linha muito parecida com a de Carlos Brito. Estou analisando a questão do ponto de vista técnico- jurídico. Tem que mudar o país pela lei, mas o povo tem direito de ir às ruas se indignar com esse governo”, finalizou.