Por Joedson Telles
Não juntos, acredito, mas os dois adversários históricos – o prefeito João Alves Filho e o governador Jackson Barreto de Lima -, no momento oportuno, estarão escalando as chapas que disputarão, com chances reais de vitória, a carta branca do eleitor para comandar a Prefeitura de Aracaju, a partir de janeiro de 2017. Da mesma forma, o futuro prefeito será um dos dois nomes levados à sociedade pela dupla. Eleição majoritária é somação de densidade eleitoral. Evidente que podem e devem surgir candidaturas de aliados insatisfeitos – sobretudo do lado de JB. Óbvio que os chamados partidos pequenos entrarão em cena também. Faz parte da estratégia de sobrevivência. Também seria açodado descartar, neste momento, uma terceira via, sobretudo se o PT for preterido por Jackson. Entretanto, nada que mude o script: João ou Jackson abrirá o champanhe, assim que o TRE oficializar o resultado das eleições.
Do lado da situação, em o desejo de continuar quebrando a cabeça para dar uma vida mais digna aos aracajuanos permanecer na mente do inquieto João Alves, ele mesmo se apresentará ao desafio de suceder a si mesmo. Particularmente, acho que isso obrigatoriamente teria que estar atrelado a uma larga vantagem nas pesquisas e a respostas mais contundentes aos problemas da cidade. Experiente, João Alves não arriscaria a derrota que, possivelmente, carimbaria sua aposentadoria. Caso não entre na disputa, João tem não apenas seu fiel amigo José Carlos Machado como também nomes, hoje, ausentes do arco de alianças do governador Jackson Barreto para tentar passar o bastão.
Não sendo Machado, os deputados federais Laércio Oliveira e Adelson Barreto, segundo as urnas, emergem como nomes fortes. E como estamos falando de política, uma aliança dessa não passaria necessariamente pela manutenção da aliança refeita em 2012, tendo o próprio João Alves e o senador Eduardo Amorim como as cabeças pensantes.
Seja quem for o candidato da situação, ele precisará contar com uma Prefeitura de Aracaju em condições de dar respostas precisas às demandas da sociedade. João Alves, seja por herança maldita, como alguns argumentam, por falta de recursos e má vontade do Governo Federal por divergências políticas, como ele mesmo alega, ou por falhas administrativas, como tenta persuadir a oposição, ainda não conseguiu. Precisa cumprir as promessas de campanha. O diagnóstico das mazelas foi feito na campanha, mas falta o tratamento durante mandato. É certo que o paciente apresenta um quadro melhor, mas a cura está distante.
Já o candidato da oposição, leia-se, do governador Jackson Barreto, que evidentemente não será ele próprio, pode ser um nome do seu partido. O ex-prefeito João Gama já adiantou que não está nos seus planos. Mas os deputados estaduais Robson Viana e Garibalede Mendonça estão à disposição do PMDB para a missão. Também arriscaria incluir o nome de Zezinho Sobral, dada à sua competência, à amizade que em com JB e forma ousada com que Jackson já provou decidir seus soldados.
Ampliando o leque para fora do PMDB, chega-se aos nomes especulados: o ex-prefeito Edvaldo Nogueira, a ex-primeira dama Eliane Aquino, a deputada estadual Ana Lúcia e o deputado federal Valadares Filho – este cacifado pelo bom desempenho que obteve, na última eleição municipal, e pela juventude a despertar o sentimento de mudança. O problema seria aparar as arrestas entre seu pai, o senador Valadares, e o líder do bloco, o governador Jackson Barreto. Hoje a relação está mais gelada que cerveja batizada de “canela de pedreiro”.
Ironicamente, se a gestão João Alves tem lá seus problemas, na oposição a necessidade de arrumar a casa também é flagrante. Com um eleitor cada vez mais informado – fruto do advento de sites, blogs e redes sociais na telinha do celular -, sem minimizar problemas, principalmente na Segurança Pública, saúde e funcionalismo, o apoio do governador Jackson Barreto não terá o colorido sonhado. Aliás, o grupo já assistiu a este filme, quando marqueteiros do então candidato a prefeito de Aracaju, Valadares Filho, sugeriram (ordenaram?) que o saudoso Marcelo Déda não entrasse em cena – sob pena de tirar votos do candidato. E mesmo atendendo, Valadares Filho herdou o desgaste do grupo e João Alves é prefeito.
Enquanto arrumam as casas, buscam as tais respostas para a sociedade, os dois líderes João e Jackson vão analisando as possibilidades, as chances de vitória que cada nome representa. Sempre munidos de pesquisas. Evidente, e até para não se desgastarem junto ao eleitor, evitam falar em eleição. Juram na cruz ter foco único na gestão. Mas são políticos. São mortais. Como não pensar em uma eleição que os envolvem diretamente ou indiretamente? E cá pra nós, internauta, se nós, pobres mortais, pensamos eleição, uns mais e outros menos, falamos sempre nas possibilidades de 2016, e até antecipamos, por vezes, 2018, dá para acreditar que os atores do espetáculo desligam a tomada?