É esdrúxula a vocação descarada para a subserviência ao chefe do Poder Executivo de plantão a povoar mentes conhecidas no mundo político. Espelha uma espécie de alergia a sequer cogitar buscar a qualificação sem a qual encarar o mercado privado soa excêntrico. É como se fora da bolha de um cargo comissionado não existisse oxigênio. E, deprimentemente, quando o gestor por opção – ou mesmo pela própria matemática – não estende o guarda chuva, tome mágoa. Cólera. Às vezes um ódio bufo a transportar antigos aliados à oposição. Em se tratando de terra onde todos se conhecem, a fixação do perfume tem selo de qualidade.
Gratifica-se quem conseguir fitar o documento reconhecido em cartório a obrigar nomeações pela simples gratidão ao voto. Adere-se ao projeto não pela possibilidade de uma alavancada no atacado a beneficiar a população, a sociedade. Mas por vislumbrar o próprio umbigo. E quando o script, miseravelmente, mostra-se incoerente ao plano individual?
Ao escalar seu time, o governador Jackson Barreto, evidente, cria situações inimagináveis há poucos anos. Como, por exemplo, há duas eleições municipais, pediu votos para Edvaldo Nogueira contra Mendonça Prado. Eleito, Edvaldo se mostra um bom gestor – melhor que o saudoso Marcelo Déda, aliás. Hoje, todavia, Mendonça serve para uma importante pasta do governo e Edvaldo sequer é lembrado. Note-se que não se discute aqui a competência de Mendonça. Aliás, seu preparo para a pasta foi destaque neste espaço outro dia. Observa-se, no entanto, o não aproveitamento do bom quadro Edvaldo Nogueira, no mesmo governo que há gente a se sustentar bem mais na afinidade com o gestor que em serviços prestados à sociedade ou mesmo na vontade e competência para mostrar trabalho.
Há, portanto, exceções. Mas, no geral, Jackson fez suas opções. Tenta dar sua cara ao governo. E foi justo, diga-se, ao manter nomes escalados por Déda, mas que demonstraram aptidão para os cargos que ocupam. Citemos como exemplos Valmor Barbosa e Sales Neto. Técnicos sérios, competentes que estão no governo mesmo sem terem densidade eleitoral. Além da coerência com o que deu certo, JB, como governador, tem a legitimidade das urnas para escalar o time que quiser. Venceu a eleição. E pagará a conta junto à sociedade, caso seu governo não corresponda às expectativas. Já foi dito neste espaço que o critério não pode ser exclusivamente amizade. A competência tem que entrar em campo. E, óbvio, vale o mesmo para segundo e terceiro escalões. JB, na medida do possível, dentro das limitações inerentes ao jogo político, tenta montar um bom time – mesmo que não contemplados teimem em não reconhecer a boa intenção.