Por Joedson Telles
Seria de uma injustiça tremenda ajuizar – sobretudo tentar persuadir – que cabe ao governador Jackson Barreto a patente por abrigar no primeiro escalão do governo pessoas cujo carimbo no passaporte aflora bem mais a amizade, a proximidade com ele próprio, que a competência comprovada para a importante missão inadiável. Não foi Jackson quem inventou a roda. Culturalmente, neste terreno chamado política, a afeição costuma ofuscar a competência. Quando convergem em si, excelente. Ninguém em sã consciência governa com inimigo. Mas, caso mantenha a tradição do chamado ‘apadrinhamento’, JB pode estar atirando no pé do seu próprio governo. São muitos os desafios.
Não cito nomes, inclusive pelo fato de o próprio governador ainda não ter escalado seu time. Mas as especulações, infelizmente, são no sentido de a cultura nefasta ser mantida. Amigos de Jackson Barreto estarão assumindo as principais secretarias do seu governo só por amizade? Outra interrogação: será que tais nomes especulados, em sendo confirmados, representam, coincidentemente, intimidade com o governador e o melhor quadro técnico para tirar Sergipe da cova que o próprio Jackson admite estar?
Insisto: em Jackson optando por amigos – independente do preparo técnico destes – não estará inventando a roda. Até o momento, todos que chegaram ao poder agiram de forma idêntica. Evidente que alguns ainda optaram por critérios eminentemente técnicos em algumas pastas. Mas sempre a exceção da regra… O fato é que essa cultura preocupa – sobretudo em áreas cujos problemas obrigam ao gestor ser preparado para enfrentar desafios. Evidente, refiro-me à chuva a cair no chão já ensopado: saúde, segurança pública e educação. O critério principal não pode ser filiação partidária, favores políticos, votos…
Por ele mesmo, que já adiantou que dará sua última contribuição ao povo deste estado neste mandato, e, óbvio, fará de tudo para deixar uma marca positiva, pelo êxito do projeto coletivo, por Sergipe, em fim, Jackson Barreto precisa, impreterivelmente, reunir em seus comandados os principais critérios que uma equipe de governo vencedora precisa ter: idoneidade, competência técnica para a missão e ser merecedora da confiança do próprio governador.
Problemas herdados do saudoso Marcelo Déda, como o caos na saúde pública, com as tais fundações, que já se mostram falidas, e a criminalidade que favorece bandido atirar contra delegacia, pra citar só dois gargalos, dizem com eloquência que não há lugar para amador neste jogo pesado. Jackson Barreto não apenas sabe disso como também deixa escapar sua preocupação nas suas entrevistas. Conhece os adversários do seu governo. Resta, portanto, escalar o que tem de melhor. Boa sorte, Jackson.