Por Joedson Telles
Ao confirmar, nesta segunda-feira 27, que abraça a pré-candidatura do PC do B à Prefeitura de Aracaju, o governador Jackson Barreto vai muito além de simplesmente optar pelo ex-prefeito Edvaldo Nogueira para as eleições 2016. Apesar de jura na cruz que se aposenta, em dezembro de 2018, ao final do atual mandato, Jackson sinaliza que já planeja mais um embate nas urnas contra o eterno desafeto, João Alves Filho, que, ao que tudo indica, independente das eleições 2016, tentará ser governador de Sergipe pela quarta vez, a partir de janeiro de 2019.
Nem o próprio Jackson Barreto, creio, sabe ainda se disputará, em 2018, o Senado Federal, mesmo pagando o preço de desmoralizar a própria palavra, ou se participa da eleição de forma indireta, tentando apenas fazer o seu sucessor sendo fiel ao PMDB. Mas uma coisa parece cristalina: Jackson tomou a decisão de descartar o projeto do PMDB, para 2016, apostando no PC do B, sob a condição única de o partido ao qual é filiado disputar as eleições 2018 no terreno majoritário – seja com ele mesmo tentando o Senado, com o PMDB colocando uma candidatura de governador nas ruas ou com as duas hipóteses juntas e vivas.
Cole ao juízo exposto aqui o que disse o governador, hoje, sobre Edvaldo Nogueira. Lembremos: “Queremos que Edvaldo compreenda nossa posição, a nossa responsabilidade em buscar a nossa unidade e que ele possa compreender os nossos compromissos assumidos agora e para o ano de 2018”. Na mesma linha, compute-se seu juízo sobre o amigo Zezinho Sobral. “Foi um apelo pessoal meu para que ele pensasse em um projeto maior para nosso partido e nosso agrupamento (em 2018, óbvio).”
Ou seja, o governador, que como já dito neste espaço, nunca sonhou com uma candidatura de Zezinho Sobral a prefeito de Aracaju, usou toda a experiência que a vida lhe permitiu amealhar para decidir de modo a fortalecer o seu projeto pessoal não apenas para 2016 como também para 2018: colocar o maior peso possível na artilharia e mirar João Alves Filho. Jackson Barreto sabe que não é muito inteligente subestimar o adversário. E, provavelmente, as pesquisas devem ter persuadido que, em levando adiante o projeto Zezinho Sobral, estaria trabalhando em prol do projeto João Alves. Aliás, algo cantado também por aqui.
Pra terminar, registro que Jackson Barreto não escolheu Edvaldo por achar os seus olhos mais bonitos que os de Zezinho. Aliás, alimentou o suspense além da conta. Edvaldo é que teve o mérito de construir a escolha – pela sua história, pelo seu comportamento, pautado na paciência, pela voz das ruas e de aliados soprando aos ouvidos de Jackson e, certamente, pelas pesquisas. Tudo isso fez Jackson refletir, sempre tendo João Alves como pano de fundo.