Por Joedson Telles
O ano de 2015 termina ratificando que os fatos jamais usam da aleivosia: Jackson não sabe administrar e ponto final. Lutou a vida toda para chegar e não disse a que veio. Frustrante. O espírito de gestor passa a um oceano de distância. Não nasceu para a coisa, entende? Escala mal, projeta pior e vale-se da anarquia em momentos sérios. E pelo amor de Deus: não impute ao que assina este texto a patente da roda. Sequer era jornalista quando o então prefeito Jackson Barreto deixou a Prefeitura de Aracaju por motivos mais que conhecidos. Além disso, olha o caos que vive Sergipe na sua gestão.
Quem pode duvidar da vontade do governador acertar? De se esforçar para não servir de chacota enquanto gestor por parte de adversários políticos e em mesas de bares de Sergipe? De tentar fazer a coisa certa e não ser alvo de críticas de jornalistas lúcidos e independentes pautados no coletivo? De planejar desviar-se da revolta que toma conta de sergipanos e irmãos que amam este estado e sentem-se órfãos de um projeto eficiente para oferecer soluções variadas? Pode, sim, haver sinceridade nas palavras do governador quando fala em esforço. Em tristeza. O juízo é sempre temerário. O problema é que isso não resolve as mazelas. Choramingar frente ao contraditório não muda nada. Jogar a culpa na crise e os problemas nas costas dos que por aqui vivem é uma fórmula esgotada…
Cresci ouvindo que a virada do ano é a época ímpar para a reflexão que garantirá dias melhores. Como faço isso dia a dia, não levo a frase muito a sério. Aliás, creio que Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados… Certas datas emergem bem mais para alimentar a cultura capitalista do que propriamente para homenagear personagens aludidos sentimentalmente.
Mas vamos lá. É o clima. O que o final deste ano de caos para os sergipanos e para todos que escolheram este estado outrora tranquilo para viver pode pautar uma mente lúcida pronta a refletir? Antes de o internauta pensar na resposta, divido o meu tema.
Voltemos ao dia 16 de julho de 2013. Uma terça-feira. O saudoso Marcelo Déda está no leito de um hospital, em São Paulo, lutando contra um câncer covarde, que, precocemente, o tiraria não apenas da política, mas, sobretudo, da sua família e amigos para sempre – em se tratando de matéria. E o que faz Déda, que apesar de debilitado fisicamente, tem a mente funcionando perfeitamente? Vai ao Twitter e desabafa:
“Jackson nomeou presidente da Codise à minha revelia. Estou triste e decepcionado. Minha saúde não me permite mais do que o desabafo. Não comentarei mais o tema. Devo concentrar-me na minha saúde por recomendação dos médicos e necessidade de preservar minha vida”, posta o saudoso, resumindo seu drama.
Antes, o mesmo Déda já havia criado o chamado “Núcleo de Governança”, rejeitando, assim, confiar o seu governo ao então vice-governador, Jackson Barreto, no momento em que a saúde não lhe permitia governar. Déda sempre foi tido como um homem inteligente.
Fito Sergipe, hoje, e lembro estas duas atitudes lúcidas do saudoso Marcelo Déda, que não há retórica governista, tampouco discurso de serventia que consigam apagar da história. Em ambos os momentos, Déda não deixava dúvida: não confiava, não comungava, não queria Jackson Barreto ditando os destinos de Sergipe. Era como se antevisse ali o caos que torna Sergipe refém do seu pior momento nos dias atuais. E ajuizasse em pensamento o lúcido pressuposto: “Jackson não nasceu para ser governador”…
Há quem ache o sentimento paradoxo, já que Déda o aceitou como vice. Há uma ponta de razão, evidente. Mas com a “necessidade” de construir um governo de coalizão e com a caneta permitindo – como permitiu – ao governador, mesmo afastado, controlar o Estado via “Núcleo de Governança”, é possível separar os fatos. Uma coisa é confiar. Outra bem diferente é tolerar por conveniência política como reza o jogo. Com Déda morto, vence o benefício da dúvida. Fico com a segunda opção.
O sentimento de Déda, ao postar que “estou triste e decepcionado…”, parece ter perpassado Sergipe. Exceto quem está ganhando de alguma forma com esse governo e dar de ombros ao coletivo, a tristeza é geral. Não digo decepção. Muitos já esperaram Jackson em Jackson. Mas tristeza, revolta, indignação são sentimentos incontroláveis.
Reflito sobre esta triste realidade, caro internauta. Penso como deve estar a cabeça de quem acreditou no então candidato Jackson Barreto e, hoje, é vítima do seu desgoverno – seja como servidor público ou como cidadão que precisa dos serviços públicos funcionando bem. Mas penso, sobretudo, em que paga uma conta que não é sua. Aqueles que já sabiam que Jackson não nasceu para ser governador e não respaldaram o caos antecipadamente nas urnas. Estes, sim, as maiores vítimas do governo que perde feio para a bandidagem, maltrata o servidor público e não corresponde expectativas também na prestação de outros serviços.
A parte boa da reflexão, no entanto, é que o final do ano também é tempo de esperança. E, se o próprio ano se renova em si mesmo, só mais três finais de ano e pronto: Sergipe estará livre. Deixará de ser refém do seu pior momento. Sergipe poderá, enfim, juntar os cacos e retomar seu caminho de desenvolvimento. Sergipe é feito de um povo guerreiro jamais jogaria a toalha. Seja lá quem for o sucessor do atual governador, o consolo é que a gramática não aceita a frase “pior que o pior”. Ou como diz o deputado federal Tiririca: “pior do que está não fica”. Sergipe dará a volta por cima. Reescreverá sua historia, com certeza. E Jackson? Bom, creio que um dia refletirá sobre o que fez com a dele.
Feliz 2016.