Por Joedson Telles
Leiam o que o vereador Robson Viana, amigo, como se diz, pessoal, do governador Jackson Barreto disse ao portal F5 News, na última quarta-feira 11, ao ser provocado sobre a informação que JB teria dito a amigos que cogita desistir da pré-candidatura ao Governo do Estado. A bola foi levantada pelo deputado estadual Gilmar Carvalho. Depois entro e campo.
“Claro que quando está no cargo à frente do Governo do Estado você tem dificuldades. Jackson pegou um governo com várias dificuldades, reivindicações de sindicatos, manifestações, o que é normal, cada sindicato quer o melhor para o seu filiado. Como além do governo tem a pressão também da questão da eleição, às vezes numa mesa de amigos você acaba desabafando, mas ontem conversando com ele, pode ter certeza que o governador é pré-candidato, até porque ele tem um compromisso com o povo do estado de Sergipe, e com seus amigos que estão ao seu lado auxiliando nessa decisão”, soltou Robson Viana.
No gramado. Evidente que, até por questões políticas, fica difícil para o governador Jackson Barreto explicar à sociedade que está a pagar uma salgada conta cujo consumo em sua maior parte deve ser atribuído ao saudoso Marcelo Déda. Apesar de colher o bônus de inaugurações de obras, entre outros, os problemas que afloram em praticamente todas as áreas do governo e a pequenez de aliados, que pensam bem mais em seus interesses individuais que no grupo, cansaram JB, que, como disse Robson, desabafou a pressão.
JB, é bom lembrar, assumiu o governo e os seus problemas com a morte do titular Déda, no final do ano passado. Déda foi eleito para o primeiro mandato em outubro de 2006 e reeleito em 2010. Não fosse o câncer, teria a oportunidade de ficar oito anos como gestor. JB, repito, está há menos de um ano sentado na cadeira com a caneta em mãos e os problemas no colo.
É verdade que desde que Déda ficou doente, como vice, Jackson assumiu o governo, mas interinamente – o que vai um oceano de distância. Durante este tempo, JB “governou” com equipe e projeto do titular Déda, que, por sua vez, atestou não lhe dar autonomia necessária, ao formar o chamado ‘Núcleo de Governança’, após JB nomear Roberto Bispo, e provocar o próprio constrangimento via uma twittada histórica que Déda deu (autorizou alguém a dar?), mesmo fazendo quimioterapia num dos leitos do Sírio Libanês, em São Paulo.
JB, se por uma lado herdou o cargo de governador e suas indiscutíveis regalias, também amarga até hoje os pepinos deixados. Herda a obrigação de resolver problemas – alguns inclusive que tanto ele, Jackson, quanto o próprio Déda crucificaram gestores como João Alves e Albano Franco cobrando soluções. Aliás, foram eleitos em cima deste discurso – o que evidentemente multiplicou esperanças e cobranças dos sergipanos por dias melhores. Quem não lembra do termo “mesmice” na boca do saudoso Déda? Ironicamente, JB herdou a mesmice dedista e paga a conta calado.
Os problemas em várias áreas são tantos, note-se, que o próprio Jackson Barreto chega a cogitar jogar a toalha. Jackson com toda sua experiência e histórico de político forte e propenso a enfrentar desafios. Jackson que porta o sonho de ser eleito governador de Sergipe, sobretudo depois de bater na trave no histórico pleito que venceu Albano no 1º turno, mas perdeu no 2º. Jackson que tem uma história mal resolvida na Prefeitura de Aracaju, e sentindo-se injustiçado, teria em quatro anos de governo a oportunidade sonhada de sepultar antigos fantasmas. Jackson cuja idade tenta lhe persuadir com facúndia: ‘pode ser a última chance’. Quando este mesmo Jackson desabafa e fala em desistir por conta dos problemas é possível imaginar o adjetivo para a herança?