Por Joedson Telles
Depois do adiamento por conta das chuvas, na semana passada, a inauguração do comitê político do candidato ao Governo do Estado Jackson Barreto (PMDB), salvo uma tragédia, finalmente, sai do papel às 19h desta quinta-feira 24. Como de praxe nestes momentos da política, Jackson estará recheado de políticos aliados, amigos, jornalistas, pessoas chamadas “do povo”, que nutrem simpatia por ele e, obviamente, bajuladores. Muitos, aliás. Estes últimos, evidentemente, dispensáveis no processo, mas movidos pelo sonho de ter uma “boquinha”. Não deveria ser, mas é da política. Nada exclusivo de JB.
Inauguração de comitê de candidato majoritário, além de reunir tais almas em torno da mesma causa, costuma ser evento propício para discursos inflamados. Para shows de retórica. O calor humano costuma subir a temperatura. Promessas e críticas aos adversários estão sempre em pauta. A curiosidade a povoar a cabeça dos mais atentos, entretanto, é deduzir como se comportará a estrela da noite. Diferente de outros momentos, desta vez, Jackson Barreto não tem a pedra na mão para fitar a vidraça alheia com gosto ímpar. Ele o governo. Os adversários nunca governaram. Seria subestimar além da conta a inteligência do eleitor tentar transferir os problemas tendo em mãos a caneta que decide. Bem mais prudente assumir isso e focar a campanha nos serviços prestados e nos projetos futuro.
O Jackson Barreto de hoje, observe-se, não é aquele Jackson Barreto de ontem. De 1994, por exemplo, quando, representando a oposição, derrotou, no 1º turno, Albano Franco, este com o apoio de João Alves na disputa pelo governo. Ali Jackson tinha a mega vantagem de poder fazer quaisquer críticas aos adversários como porta voz da sociedade. Havia eco. Jackson era, nada mais nada menos, o maior nome (ídolo?) da oposição. Representava o contrário a tudo que estava errado nos governos João e Albano – com a vantagem de nunca ter governado o Estado. Espancava adversários sem piedade, tendo como combustível o sonho dos sergipanos de um governo cujos serviços correspondessem, de fato, às expectativas.
Para aqueles que têm o mínimo de inteligência, nas eleições deste ano, o contexto é praticamente contrário. O Jackson que sempre julgou será julgado. É impossível separar o governador dos erros e acertos do candidato portando promessas de dias melhores. A matemática é simples e curta: o que deu certo será creditado ao governador, mas não sem o ônus da cobrança pelo que deu errado ou que sequer foi feito. E aí entrará o talento de Jackson e aliados. O desafio é desequilibrar a balança em prol da continuidade do outrora chamado “projeto da mudança”, que começou na prática com o saudoso Marcelo Déda. Mas como Jackson pretende fazer isso sendo coerente com a sua história de lutas contra o sistema, sendo hoje o comandante deste mesmo sistema, o internauta terá uma dica esta noite, e ratificará ou não durante os demais atos da campanha – sobretudo quando Jackson Barreto aparecer na TV pedindo seu voto.