O internauta deve ter percebido que a política anda meio fora de área, nos últimos dias. O clima natalino, evidente, envolve também os políticos. Não que deixem de pensar no jogo 24 horas por dia, contando com os sonhos. Mas são seres humanos, têm família e não poderiam ser excluídos do período do Papai Noel ainda que desejassem. Após o peru do Natal e a cachaça da virada do ano, no entanto, a política voltará com força. O ano de 2015, apesar de não ter eleição, se desenha ímpar para a história da política de Sergipe. E os primeiros desafios já estão alojados na mente do governador Jackson Barreto.
Começa pelo fato de novos embates já estarem projetados entre o Governo do Estado e os sindicatos, que apoiaram a reeleição do então candidato Jackson, mas numa incoerência ululante, esperneiam, hoje, quando o governador tira do papel uma de suas promessas de campanha: ajustar a máquina administrativa – sob pena de o Estado se tornar ingovernável.
Aliás, acredito que os sindicalistas sabem disso, mas precisam do discurso frente aos servidores, cujos descontos nos contra cheques são os aparelhos que mantêm estas entidades vivas na CTI da incoerência. Os Projetos de Lei da reforma administrativa já foram aprovados pelos deputados estaduais, mas óbvio: os sindicalistas não deixarão de fazer barulho.
Também vale um olhar mais atento não apenas aos 30% dos comissionados que serão mantidos (ou nomeados), mas, sobretudo, ao secretariado que o governador Jackson Barreto deve anunciar nos próximos dias. Além de ter a sua cara, o novo time mostrará o tamanho que cada partido aliado terá no governo do PMDB – e lógico: deverá contrariar quem está criando expectativas além do possível, levando-se em conta uma máquina enxuta.
O novo secretariado também poderá dar uma dica sobre o que pensa o governador Jackson Barreto no tocante às eleições 2016 – leia-se Prefeitura de Aracaju. Jackson é o político mais vitorioso na história das eleições para a PMA. Ganhou quando quis e elegeu quem quis. A exceção foi apostar no deputado federal Valadares Filho contra o atual prefeito João Alves, em 2012. Mesmo assim, vale observar que nas eleições anteriores, nas vitoriosas, Jackson era a cabeça. Já no pleito municipal passado, Valadares Filho perdeu sob a batuta do saudoso Marcelo Déda.
Com este histórico vitorioso, não se consegue imaginar um Jackson Barreto sentado na cadeira de governador sem planejar como tentar tomar a prefeitura do eterno adversário João Alves – sobretudo após pedir seu apoio para as eleições 2014, e assistir ao Negão abraçar o então candidato Eduardo Amorim. Aí até um acordo de comadres para 2018 soa fora de cogitação.
Por fim, ainda nos primeiros dias do seu novo governo, Jackson Barreto terá que anunciar quem é o seu candidato a presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe. Apesar das especulações em torno do nome do deputado diplomado Luciano Bispo, JB ainda não abriu a boca para confirmar. O governador sabe que Luciano não é unanimidade entre os deputados. Tem problemas com a Justiça Eleitoral, e poderia agravar ainda mais a situação da Casa, cuja imagem anda arranhada com a polêmica denúncia do MPF sobre o uso de verba de subvenção. Isso estaria servindo de argumento para concorrentes como Garibalde Mendonça e Gustinho Ribeiro. Se, de fato, JB quer Luciano Bispo, se não confia nos demais aliados que disputam o pleito, terá que bancá-lo. Como disse, o ano novo será ímpar. Aproveite estes dias de festas, Jackson. A política voltará à cena com força. Ho, ho, ho, ho.