Por Joedson Telles
O governador em exercício ou o pré-candidato a governador Jackson Barreto, o gosto é do freguês, está a aproveitar como pode o momento favorável como chefe do Executivo. JB não apenas percorre o estado nas inúmeras inaugurações e visitas feitas às obras do Governo do Estado como também abriu o Palácio do Governo para amenizar a angústia que sindicalistas estão a sentir do governo do PT. O da mudança. Além disso, vem trabalhando nos bastidores – algumas vezes apelando à chamada ‘conversa de pé de orelha’ mesmo – para ampliar o apoio em torno do seu projeto de governar Sergipe, a partir de 2015.
Evidente que este terceiro ponto não é mencionado nas entrevistas do governador em exercício. JB sabe que, além de a legislação eleitoral, às vezes, entender um respiro mais forte como propaganda eleitoral antecipada, e aí tome caneta, o eleitor mais lúcido, o formador de opinião, anda meio cansado de políticos que assumem um mandato já pensando na próxima eleição. Este sentimento parece perpassar JB que, atualmente, mesmo quando provocado, opera bem mais como governador em exercício que como pré-candidato. Nada de aproveitar os holofotes em excesso.
Diplomacia ou respeito à legislação eleitoral à parte, o fato é que JB está sabendo usar a experiência amealhada em anos e anos e vida pública. Dentro do que lhe é permitido, não duvidem, intensifica a campanha minuto a minuto, e não tomem como surpresa se conseguir ampliar a base de apoio ao governo Déda, hoje seu governo, na própria Assembleia Legislativa. Certo ou errado, JB usa ferramentas não comum ao mundo político do titular Déda. E há políticos que adoram este tipo de ferramenta.
JB também acaba sendo beneficiado com o fato de o prefeito João Alves Filho está politicamente amarrado neste momento. Histórico adversário do PT, João não pode se dar ao luxo de continuar a alimentar as diferenças ideológicas pelo simples fato de, como chefe do Executivo Municipal, necessitar da boa relação não apenas com o governo do Estado, mas também com o Federal. E, assim, passa a fechar os olhos para pontos críticos do governo Déda que poderia desgastar a imagem de JB. Note-se, porém, que isso não quer dizer um acordo para 2014 João/JB. Tampouco que não seja um ensaio. O tempo dirá.
O que soa a exceção da regra a deixar JB inseguro, no entanto, reside em sua própria cozinha. Jackson está hoje como governador, mas não sabe quanto tempo permanecerá no cargo. Pode ir além da sua própria necessidade. Mas pode também deixar o cargo e as facilidades inerentes para alimentar seu sonho de anos a qualquer momento. Uma alta médica de Déda pode servir para hospitalizar o momento perfeito vivido por JB. Olha lá se não jogando-o na UTI.
Até porque há dois pontos importantíssimos a serem levados em conta: Déda nunca disse a ninguém que se afastaria do cargo facilitando, assim, as coisas para JB e ainda criou o chamado Núcleo de Governança, com o petista Silvio Santos dando as cartas à luz da certificação digital que garante a assinatura do próprio Déda – mesmo à distância – a respaldar suas ações. Isso, coincidentemente, num momento em JB crescia dentro do governo avocando para si peculiaridades do líder maior. Uma alta de Déda, e a sua consequente volta ao comando do governo, soa um detalhezinho. Uma só gotinha de água no oceano em que JB navega no barco da paz neste momento. Mas que pode fazer o papel de um iceberg bem ao estilo Titanic. E JB deve começar a se perguntar: mudaria muita coisa? Há acordos feitos que não seriam mais cumpridos? Qual o plano “B”?