Por Joedson Telles
Provocado pelo Universo a fazer um balanço dos governos Marcelo Déda (PT) e Jackson Barreto (PMDB), no tocante à educação pública, o vereador petista Iran Barbosa, que é ligado ao Sintese, ajuizou que houve um retrocesso em vários aspectos. “Acho que a educação foi a grande dívida que não conseguiu ser resgatada. Tiveram vários outros problemas, mas no caso específico da educação, acho que nós pioramos. Minha avaliação é que houve um retrocesso em algumas áreas. A gestão democrática é uma marca de todos nós que historicamente temos defendido esse modelo como um modelo gerencial que ajuda a envolver a comunidade na solução dos problemas da escola, e, lamentavelmente, esse governo que nós professores ajudamos a construir, porque uma boa parte dos professores de Sergipe apostou que essa seria uma forma de darmos passos qualificados na conquista da gestão democrática, não fez acontecer”, lamentou.
Salientando que a história também é escrita com contradições, o vereador professor afirmou que o sentimento ecoa entre os demais educadores. “A avaliação que sinto nos colegas é que persiste uma dívida que não foi resgatada, que esses dois últimos governos que nós gostaríamos muito de ver avançar bastante nesse setor deixou muito a desejar no conjunto. Se for ver, o modelo de gerenciamento foi muito ruim. A Secretaria de Educação continuou servindo mais como um escritório de gerenciamento da política mais de grupo eleitoral, e menos da política de educação. Isso é muito ruim. No ponto de vista pedagógico, não tivemos grandes avanços nas propostas que temos em andamento. Do ponto de vista salarial, tivemos muitos embates para conseguirmos implantar piso e depois garantir revisão. Tivemos um prejuízo enorme com a quebra da nossa carreira que estamos tentando resgatar. Então, realmente foram momentos muito difíceis que nós passamos”, disse.
No que diz respeito ao Sintese e o diálogo com o governo, Iran Barbosa lamentou a pouca compreensão da importância da educação como instrumento para melhor organização da sociedade, avanços dos problemas que a população enfrenta. “Existe uma dificuldade de compreender que a luta sindical é uma luta corporativa em defesa da categoria, mas é uma luta também em defesa da qualidade da educação pública. O Sintese tem sido um instrumento de amplo debate diante desses temas, de sorte que precisamos estar antenados com esse debate, precisamos criar efetivamente garantias para que a participação popular ajude a avançar o processo educacional”, entende.
Agamenon x Sintese
Sobre as duras críticas que o vereador Agamenon Sobral tem feito ao Sintese na Câmara Municipal de Aracaju, Iran Barbosa minimiza, ajuizando que fazem parte da disputa política. Segundo ele, cada político demarca os princípios e os grupos que defendem. “Eu defendo os trabalhadores, tenho muito orgulho de ser representante dos trabalhadores, dos educadores, dos servidores públicos, das camadas populares aqui nesta Casa. Continuo fazendo essa defesa. Constitui-me como homem público fazendo essa luta e aqui continuo fazendo”, prometeu.
Iran observou ainda que há vereadores que decidem optar por outros caminhos, mas que isso precisa ser encarado como natural, já que o Poder Legislativo é plural. “É um poder de representações múltiplas, mas é um poder de debate e disputa e nós fazemos o debate e a disputa. É nosso papel educar aqueles que acompanham o debate aqui na Casa para compreender quais são as forças que estão operando dentro dela. É importante verificar aqueles que têm origem popular, aqueles que vêm da classe trabalhadora, mas ao longo da história fizeram opções de pactuar com setores que exploram os seus iguais para tirar benefícios pessoais. É muito claro, e a população sabe identificar cada um ao longo da sua caminhada e da sua história política. Eu acho que o Poder Legislativo tem o papel de contribuir para esse debate e educar a sociedade para entender por que as forças que operam aqui dentro operam com tanta contradição, que é uma marca da vida”.
Iran Barbosa avalia, entretanto, que o vereador Agamenon tem um discurso sem qualidade, raivoso e direcionado contra professores e médicos. O petista sublinha que o colega de parlamento prefere atribuir aos professores e aos médicos a responsabilidade pela falha no atendimento da educação e da saúde. “É um discurso superficial. Ele está apostando que a população não consegue enxergar que ele omite o verdadeiro debate sobre quais são as mazelas que levam escolas e postos de saúde a não funcionarem corretamente. Os professores têm essa leitura. A maioria são comprometidos com a educação de qualidade e, evidentemente, não se sentem atingidos por esse tipo de análise empobrecida. É uma análise superficial. Análise que tenta escamotear os verdadeiros problemas que afligem a educação, a administração pública municipal”, finalizou.