Por Joedson Telles
A indecisão dos políticos quanto às definições das alianças de praxe em ano eleitoral – alguns por não dependerem de si e outros por conveniência – acaba sendo um convite ao mau jornalismo. É preciso estar vacinado. Ventila-se sem provas sem o mínimo de constrangimento. Lá na frente, se a verdade factual jogar luz contrária, se aposta na falta de memória para evitar a anarquia. A indefinição da oposição em Sergipe está a alimentar a lógica estúpida.
Pego a última eleição para prefeito de Aracaju, em 2016, como base e provoco o internauta. Em janeiro de 2016, as notícias, os comentários, os “furos de reportagem” tiveram coerência com o registro das chapas mais adiante? Todas as alianças, os acordos ventilados foram fechados?As chapas divulgadas “em primeira mão” se confirmaram?
Pra lembrar só dois “furos”: Zezinho ou Edvaldo foi o candidato de Jackson? Robson Viana ou Jailton Santana o vice de João Alves? Pra ser misericordioso, escrevo que nem todas as notícias divulgadas se confirmaram. A maioria foi chute distante da trave. (interesse político?) Aliás, em época de rede social falar em “furo”, na maioria das vezes, soa ingenuidade.
O fato é que, em se tratando de 2018, temos diferenças ideológicas que separam e sempre separarão “políticos de políticos”. Por exemplo, a deputada Ana Lúcia e o deputado André Moura jamais darão os braços numa campanha. O internauta imagina Ana defendendo a Reforma da Previdência proposta por Temer? E André de vermelho no bolo da CUT descendo a lenha?
Temos também animosidades que soam impossíveis de serem contornadas: o caso do ex-deputado federal Mendonça Prado x o senador Eduardo Amorim.
Excluindo-se estes dois aspectos (ideologia e animosidade), contudo, todos os políticos têm coragem de fazer aliança com qualquer adversário. E desfazer com aliado também. Esquecem mágoas, traições, críticas… Tudo. “Os fins justificam os meios”, lembram deste lugar comum? Pois é… Tudo por espaço.
E se não há limite aparentemente, é óbvio que a indefinição irá perdurar até o momento oportuno – sobretudo numa eleição atípica atrelada mais do que nunca à decisão se o ex-presidente Lula será preso ou candidato. Esperar é o verbo. É aquela história: a política exige 10 coisas do político e as primeiras nove são: paciência, paciência, paciência…
E se é assim, como cravar que Fulano estará no palanque de Beltrano sem que Fulano, Beltrano ou aliados sequer confirmem? Como externar que “A” será candidato a isso ou aquilo e “B” será vice de “C”, se o alfabeto inteiro nega?
Às vezes, o confirmado pelas partes acaba, miseravelmente, traído pela dinâmica da política, como foi o caso de Mendonça disputar a eleição pelo PPS, imagine uma informação que as próprias pessoas citadas negam, de pronto, e a lógica da paciência reforça? Juízo é a palavra. Responsabilidade a cobrança.
Pode até não parecer, mas o eleitor começa a decidir a eleição antes mesmo de as campanhas ganharem as ruas de forma oficial. Poucos têm essa consciência, mas é assim que a coisa funciona.
Existe a indefinição dos políticos justamente porque estes acreditam que, com o tempo e ações, o eleitor pode mudar de opinião até o momento final das definições. Vão sondando o eleitor via pesquisas e, dificilmente, têm a coragem de afrontar os números.
Político respira voto e detesta ficar sem mandato. Ou seja, quer disputar com o menor risco de derrota possível. Só arriscar quando não tiver opção. Dá para ser açodado neste mundo?
P.S. A indefinição, contudo, não é uma camisa de força. Quem se organiza cedo ganha terreno.