Por Joedson Telles
Coube ao vereador Josenito Vitale, o Nitinho, conhecido também como “surfista”, não surfar na onda de colocar músicos profissionais e amantes dos chamados “som de mala” e “paredões” no mesmo acorde. O vereador, que não esconde de ninguém ser adepto de festas, apelou na Tribuna da Câmara Municipal de Aracaju, nesta quarta-feira, dia 28, para a sensibilidade da Polícia Militar e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente – órgãos públicos que lidam com a Lei do Silêncio.
Nitinho deixou claro não ser contra a lei, diga-se. Mas lembrou que os cantores estão sendo impedidos de trabalhar. E apresentou uma Indicação no sentido de levar todos os envolvidos e mais o Ministério Público do Estado à CMA para que uma solução seja encontrada no coletivo.
Impedir a atividade artística é de um retrocesso que falta até adjetivo para dar mais compreensão ao internauta. É um pente de uma pistola Ponto 40 descarregado na já maltratada cultura musical sergipana. Compute-se também a questão social: há músicos que tiram o sustento dos filhos das tocadas. E, evidente, o trivial lugar comum que vela que “o direito de um acaba onde começa o do outro”. Portanto, o parlamentar e o bom senso caminham juntos no pleito.
Entretanto, é preciso fazer uma ressalva: o som tem que ser ambiente. Exceto, evidente, quando o local onde o músico se apresentar tiver estrutura capaz de impedir que o alto som incomode vizinhos. Mas som alto que impede o repouso de um doente, o sono de um idoso, o descanso de quem trabalha, a concentração de quem quer estudar, a atenção de quem tenta assistir televisão ou mesmo escutar outra música… Tudo isso, saliente-se, dentro da própria casa da pessoa que se sente incomodada, aí não. Nestes casos o músico, perde a razão. Em nome do seu pão não tem o direito de tirar a paz alheia.
Já no tocante ao “som de mala” e ao “paredão”, creio que a polícia não deve dar moleza: tolerar somente som baixo, que não incomode ninguém. Até porque é possível ouvir, sim, uma música no volume baixo. Mas incomodou, aplica-se a lei sem jeitinho brasileiro. Diferente dos músicos, a maior parte dessa turma, normalmente, escuta suas músicas no volume máximo. Não respeita ninguém. Isso por horas e horas, todos os finais de semana, nos mesmos pontos, perturbando as mesmas pessoas. Alguns “bons da boca”, inclusive, cheios de cachaça, se sentem maiores que a lei. Ai de quem reclamar… Pior que tolerar a valentia e a altura do som só mesmo ser obrigado a permitir aos ouvidos o péssimo gosto musical que geralmente permeia essa turma. Não gratuito batizaram de “sofrencia”.