Na sessão da Câmara, o deputado João Daniel (PT/SE) registrou a importância do ato popular em defesa do rio São Francisco, realizado nesta quarta-feira, no município de Propriá. Mais de duas mil pessoas participaram do “Grito em Defesa do rio São Francisco. Comunidades rurais, estudantes, padres, quilombolas, agricultores, assentados da reforma agrária, movimentos sociais, indígenas, além de pessoas de municípios alagoanos, participaram do ato, que também teve a presença do mandato federal de João Daniel. Para o parlamentar, esse ato foi mais um alerta para a situação que tem vivido o São Francisco.
Uma grande caminhada foi realizada, saindo da Catedral de Propriá até a ponte da BR-101, na divisa com o Estado de Alagoas. “O grande objetivo desse grito é a defesa do rio São Francisco, além de denunciar a quantidade agrotóxicos que os grandes empreendimentos têm utilizado nos estados de Sergipe e Alagoas. Precisamos defender um grande projeto que beneficie e defenda as comunidades ribeirinhas e nosso rio”, disse, ao parabenizar o bispo da Diocese de Propriá, Dom Mário Rino Sivieri, e o padre Isaías.
O deputado João Daniel acrescentou que, durante a manifestação, foi entregue ao representante da Codevasf, para encaminhamento ao Ministério da Integração, a “Carta dos Povos do São Francisco”, um documento que faz referência ao 27º aniversário da Constituição Federal e denuncia, junto às três esferas do Estado Brasileiro, as tentativas de retrocesso em relação aos direitos conquistados por esses povos, envolvendo as dimensões humana, social, ambiental, econômica, espiritual e cultural.
“Entendemos ser importante registrar, ainda, que o documento relata o perigo causado pela baixa vazão do rio, o seu assoreamento e o progressivo avanço do mar, que vêm provocando o desaparecimento de lagoas marginais, além da diminuição e até extinção de várias espécies da fauna e da flora”, observou. João Daniel ressaltou também que existe o grave avanço dos grandes empreendimentos turísticos, petrolíferos e de piscicultura e carcinicultura, e o avanço do latifúndio direcionado para a monocultura da cana-de-açúcar e do arroz, com intensa utilização de agrotóxicos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
A “Carta dos Povos do São Francisco” destaca os seguintes pontos: 1 – Reforço na luta em defesa dos territórios dos povos e comunidades tradicionais, e exigência da efetivação e ampliação dos seus direitos humanos, sociais, ambientais, econômicos, espirituais e culturais; 2 – Exigência da imediata regularização fundiária dos territórios indígenas, quilombolas, pesqueiros, terreiros, ciganos e vazanteiros, bem como de uma efetiva reforma agrária popular; 3 – Exigência de uma real revitalização da bacia como forma de garantir a biodiversidade e o modo de vida dos povos e do rio São Francisco. “Reafirmamos o compromisso do nosso mandato com todas as reivindicações apresentadas pelos integrantes do Grito em Defesa do rio São Francisco, as quais estaremos sempre defendendo e buscando alternativas para o efetivo atendimento”, disse o deputado.
O Grito em Defesa do Rio São Francisco foi promovido por lideranças e organizações dos movimentos sociais, sindicais, religiosos, estudantis e instituições da sociedade civil, a exemplo da deputada estadual Ana Lúcia (PT), Padre Isaias, Dom Mário, Diocese de Propriá, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimentos Quilombolas de Brejo Grande, dos Povoados Carapitanga e Resina, Movimento das Mulheres Camponesas, sindicatos rurais de Neópolis, Propriá, MST, PJR, Movimento das Mulheres pescadoras, Colônias de Pescadores, Comunidade Quilombola Lagoa dos Campinhos, Assentados do Povoado Ilha do Ouro, índios Kariri Xocó, terreiros, ciganos, rizicultores, além de muitos representantes dos municípios alagoanos.
Por Edjane Oliveira