Por Joedson Telles
Volto a alugar os botões com mais uma inquietação a passar despercebida em terra onde pensar soa artigo de luxo: em sendo eleito governador, na atual conjuntura, o senador Eduardo Amorim, no mínimo, teria trabalho para escalar seu time e dar sua cara ao governo, dada a pressão do deputado federal André Moura, a esta altura podendo, inclusive, estar sem mandato e, logo, com tempo sobrando para a ingerência ou Eduardo Amorim retomaria a liderança do agrupamento pela força da caneta e daria um “chega pra lá” nas pedras, dando margem para o discurso recorrente da traição? Neste caso, uma falsa traição definiria melhor.
Atrelada ao seu estilo, a forma como o deputado André Moura cresceu politicamente no agrupamento, diminuindo, visivelmente, a então liderança do senador Eduardo Amorim até tomá-la de vez, alimenta a lógica. Sustentada pelo acordo que tem com o presidente Michel Temer, a relação André x aliados deixa isso evidente – sobretudo em se tratando de prefeitos.
A migração da liderança deu-se não por André ter mais credibilidade que Eduardo, ser mais bonito… Mas, como é de conhecimento de todos, pesou a força das promessas de liberação de recursos. Ao se aproximar de Temer, de Cunha e demais, André passou a pagar o preço negativo, óbvio. Entretanto centralizou a destinação de verbas para Sergipe.
O resultado da engenharia é flagrante: de pré-candidato a governador do agrupamento da oposição, Eduardo passou a ser o pré-candidato de André Moura ao cargo que ele, André, quiser. Ou Joedson Telles exagera, se escrever aqui que André só não disputa a eleição para governador do Estado porque reúne lá seus medos? É inteligente, e não covarde… Mas se fosse só por Eduardo “tratorava”…
Aliás, querer ser governador de Sergipe, o líder André não só quer como sonha. É zero 800… Já tem até nome de secretário na cabeça. Não é difícil deduzir. Todavia, aposta que, para chegar ao Senado Federal, as dificuldades (por algumas razões) são menores. A demora em anunciar se disputará, de fato, o Senado ou se tentará a reeleição só ratifica sentimentos atemorizados. André sabe o que significaria ficar sem mandato um só dia – e reflete muito antes de tentar o chamado voo mais alto…
Voltando a Eduardo Amorim, que não demonstra publicamente, mas, evidentemente, não pode estar satisfeito em perder a liderança e passar a ser liderado (às vezes com truculência?), pelo jeito, seu caminho será mais próximo da segunda opção da indagação que abre este texto.
Em sendo ele o candidato a governador e em vencendo a eleição no atual agrupamento, às favas o discurso meloso de traição. Teria a caneta e a legitimidade das urnas para não baixar a cabeça e ceder às desenhadas pressões. Seria governador. Eduardo é um homem educado, fino. Mas quem o conhece sabe: só faz o que quer. Aliás, já contrariou gente bem próxima, ao votar de acordo com a sua consciência no Senado.
E se Eduardo tem a oportunidade de disputar o governo com chances de vitória por que não engolir sapo, agora, apostando em ter a caneta, mais tarde? Teria a oportunidade de desmoralizar o provável discurso adversário: “André mandaria num governo de Eduardo”. Isso com aquele tempero usado por Sukita e Edvaldo Nogueira: quadrilha, assaltantes e coisas afins. É isso.