Por Joedson Telles
O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), acredita que o governador eleito Fábio Mitidieri (PSD) focará no desenvolvimento de Sergipe, gerando emprego e renda para a população, enfrentando, com muita altivez, a fome e as desigualdades. Segundo Edvaldo, o governador Belivaldo Chagas (PSD) saneou as contas públicas e organizou o Estado. “Agora, cabe a Fábio fazer aquilo que ele se comprometeu: fazer Sergipe dar o salto que precisa e avançar em todas as áreas… Ele tem as condições para trazer avanço real para Sergipe, e tenho certeza de que vai ser muito bem-sucedido. E ele vai contar com o meu apoio”, diz o prefeito, nesta entrevista que concedeu ao Universo, neste domingo, dia 18. Edvaldo ainda comenta a própria gestão, fala do trabalho da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), da sua relação com a Câmara de Aracaju e da especulação em torno de uma possível candidatura ao Senado, em 2026.
Depois daquele susto, está tudo bem com a sua saúde, prefeito?
Graças a Deus, está tudo ótimo comigo e, principalmente, com o meu coração. Foi um pequeno susto, obviamente, mas fiz toda uma bateria de exames e todo o acompanhamento necessário para entender aquela pequena alteração que foi detectada no músculo do coração. Seguimos buscando as razões do episódio, mas os médicos, inclusive, se disseram impressionados com o bom funcionamento dele, um coração de menino.
Já é possível fazer um balanço da sua gestão, neste final de 2022? O que o senhor destacaria entre as ações?
Considero que tivemos um saldo muito positivo até aqui e estou muito satisfeito com o que temos entregado à população aracajuana. Especialmente porque tudo o que temos realizado é fruto do planejamento e comprometimento da nossa gestão, em fazer mais e melhor para que Aracaju possa se desenvolver e, consequentemente, para que a população possa viver com a dignidade que merece. Iniciamos este segundo mandato combatendo a pandemia do novo coronavírus, algo que assolou o mundo e que deixou marcas profundas em todos nós. A Prefeitura tomou a frente desse combate, trabalhando dia e noite para que os aracajuanos tivessem todo o atendimento necessário, e salvamos milhares de vidas. E mesmo diante desta batalha, não deixamos de trabalhar um só dia pela cidade. Concluímos e entregamos projetos estruturantes que deram vida nova a diversas comunidades, como Japãozinho, Moema Mary, Rosa do Sol, Jardim Indara e Isabel Martins, entre outras localidades. Estamos já no final de troca de toda a iluminação da cidade pela tecnologia de LED, mais moderna, mais eficiente e mais barata; estamos reformando dezenas de praças, algo que era muito demandado da população; demos prosseguimento ao programa de recapeamento asfáltico da cidade; e estamos com diversas obras em andamento, como construção de escolas, a duplicação da ponte sobre o rio Poxim, reformas em unidades de saúde, entre outras ações. Da mesma forma, conseguimos avançar também em outras áreas prioritárias, inserindo novas tecnologias na Saúde e Educação, por exemplo, para que os cidadãos tenham acesso à serviços de qualidade. Os resultados estão aí. Aracaju é a segunda capital brasileira que mais cresceu no IDEB, um feito que nos enche de orgulho mas que, principalmente, representa a possibilidade de um futuro melhor para dezenas de milhares de crianças. Além disso, seguimos em busca de recursos para que novos projetos possam ser concretizados e, nesta busca, conseguimos conquistar dois financiamentos para a realização de dois grandiosos programas. Com os recursos conquistados junto ao Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), iniciamos a obra da avenida Perimetral Oeste que mudará, por completo, a mobilidade urbana da região Norte de Aracaju, uma vez que ligará a nossa cidade a Nossa Senhora do Socorro, paralelamente à avenida Euclides Figueiredo. Um projeto que inclui mobilidade, infraestrutura, habitação e proteção ao meio ambiente. Já com o empréstimo que estamos buscando junto ao Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), conseguiremos resolver outros problemas históricos da nossa cidade, sobretudo na Zona da Expansão que ganhará, além de uma nova avenida, saneamento básico e qualidade de vida. Além disso, inicia um projeto transformador de planejamento urbano sustentável de uma localidade, apontando para o desenvolvimento econômico planejado da área e abrindo uma nova fronteira na cidade. Ou seja, com responsabilidade, foco e determinação, estamos conseguindo transformar a nossa capital, direcionando-a para o caminho do progresso e do desenvolvimento. E não vamos parar por aqui.
Como está a relação da Prefeitura de Aracaju com a Câmara Municipal? Comentários no sentido de não ser das melhores têm sentido?
Não tem sentido algum. A Câmara Municipal de Aracaju passou por processo normal de eleição para escolha da sua Mesa Diretora, e isto se deu com total respeito independência dos poderes. A Câmara é soberana e não cabe ao Executivo interferir nisso. A nossa relação é extremamente republicana. Dos cinco membros da nova Mesa, quatro integram a nossa base, de forma que acredito que a relação será a melhor possível. Fui vereador duas vezes, sei da importância da Câmara, e respeito muito o parlamento. Na semana passada, por exemplo, fiz questão de ir pessoalmente àquela Casa entregar ao presidente e aos vereadores catorze projetos que modernizam nossa gestão, reduzem o IPTU e fortalecem a capacidade de investir no desenvolvimento econômico de Aracaju. Acredito no diálogo e a nossa administração é sensível aos novos tempos que se processam na política em Sergipe, onde diversos atores novos ocupam espaços e o protagonismo que a salutar renovação política enseja nas democracias. Acredito que manteremos uma relação boa, cordial e sempre pensando nos interesses dos aracajuanos.
É possível ser um bom gestor sem contrariar, inclusive aliados?
Modéstia à parte, acredito que dou, diariamente, provas de que isso é possível. Tem sido assim há seis anos. Aliados são importantes e fundamentais para qualquer político no exercício de um mandato no Poder Executivo, e isso necessariamente reflete os interesses legítimos de toda a sociedade. Na nossa gestão, temos aliados presentes no comando das secretarias e todos eles são conhecedores do nosso Planejamento Estratégico, que dá norte a absolutamente tudo o que é desenvolvido pela Prefeitura. Dessa forma, nós garantimos a eficiência da gestão, a organização das ações e evitamos problemas, disputas internas e atrasos no andamento do trabalho. Tenho conseguido cumprir tudo aquilo que me comprometi com os aracajuanos desde 2017, sendo zeloso com os recursos públicos, eficiente e eficaz nas ações e operoso na forma como atuamos no dia a dia da cidade, e contando sempre com o apoio dos meus aliados. Acredito que esse é o segredo para construir uma gestão eficiente, democrática e republicana.
O senhor avalia que cumpriu bem o seu papel, na eleição de Fábio Mitidieri para o Governo do Estado?
Os números falam por si: Aracaju deu uma dianteira expressiva a Fábio, de 66 mil votos a mais do que seu adversário. Foram esses votos que asseguraram a vitória de Fábio; não dá para esquecer que, no interior, o senador Rogério Carvalho foi o mais votado. Eu participei diariamente dos atos de campanha. No primeiro turno, estive presente nos principais atos públicos e carreatas, e, mesmo quando ia para eventos dos candidatos proporcionais, sempre pedi voto para Fábio. No segundo turno, dobrei essa atuação. Fui de porta em porta mostrar que a melhor opção era Fábio Mitidieri. Todos os atos de campanha na cidade tiveram a minha presença. Fiz questão de levar aos aracajuanos as ideias e os projetos de Fábio para o estado e para Aracaju, e deixar claro que Aracaju teria muito mais a ganhar com Fábio governador. Não saímos das ruas até garantir a vitória.
O que espera da gestão Fábio Mitidieri?
Eu acredito que Fábio vai fazer o que todos os sergipanos esperam: um governo com foco no desenvolvimento do nosso Estado, gerando emprego e renda para a população e enfrentando, com muita altivez, a fome e as desigualdades, que coloque Sergipe em sintonia com a modernidade que o mundo expressa, incorporando inovação e tecnologia às ferramentas de gestão e desenvolvimento e que entenda o papel de nossa capital no contexto do estado, suas necessidades e o que Aracaju tem a oferecer a Sergipe. O governador Belivaldo Chagas saneou as contas públicas e organizou o Estado. Agora, cabe a Fábio fazer aquilo que ele se comprometeu: fazer Sergipe dar o salto que precisa e avançar em todas as áreas. Tenho muita confiança em Fábio, pois vejo nele muita vontade de acertar, muita disposição ao diálogo e a ouvir o grupo. Ele tem as condições para trazer avanço real para Sergipe, e tenho certeza de que vai ser muito bem-sucedido. E ele vai contar com o meu apoio.
As pesquisas para o governo, antes da definição por Fábio Mitidieri, apontavam seu nome em primeiro lugar. Isso o motiva a pensar em disputar o Senado, em 2026?
É cedo demais para tratar deste assunto. Neste momento, minha prioridade continua sendo Aracaju: tenho mais dois anos como prefeito e ainda temos muito o que fazer; ideias e projetos é o que não faltam. As eleições de 2026 estão muito longe. Os eleitos em 2022 nem assumiram ainda. É verdade que tenho ouvido muito das pessoas essa leitura que você faz, mas o meu futuro está nas mãos de Deus e do povo sergipano. E como eu já demonstrei neste ano, diferentemente do que muitos afirmam, eu sou um político de grupo e entendo que as definições de candidaturas passam pelo grupo.
Está sendo um ano positivo para a Frente Nacional dos Prefeitos?
Foi um ano de muito trabalho. Lutamos o ano inteiro por mais recursos para os municípios e conseguimos avanços importantes, como o subsídio para o transporte público, que evitou o colapso total do setor, embora ainda tenha muitas dificuldades. Também tivemos leis importantes aprovadas pelo Congresso, a partir da nossa atuação, como a que permitiu alterações nos limites dos gastos com Educação pelos próximos dois anos para compensar os dois anos de pandemia. Além disso, a FNP trabalhou — e ainda trabalha muito — para que a reforma tributária, tão urgente ao país, não penalize os municípios brasileiros. O balanço é, sim, positivo e resultado do trabalho coletivo dos prefeitos.
Como está sendo a experiência de presidir a FNP?
Em todos os meus mandatos, eu tive espaço na diretoria da Frente Nacional de Prefeitos, mas é motivo de muita honra poder representar os prefeitos das capitais e das médias e grandes cidades brasileiras. Dá trabalho, mas é extremamente gratificante poder atuar não só por Aracaju, mas por um conjunto tão representativo e tão expressivo da sociedade. Além disso, o intercâmbio de informações e experiências de outras cidades é importante para que possamos continuar nos desenvolvendo e inovando.
Quais os principais pleitos da FNP junto ao governo Lula?
Na Carta que entregamos ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, nos unimos ao governo nas pautas mais urgentes do país, como o enfrentamento à fome e ao desemprego. Defendemos que sejam tomadas medidas de enfrentamento aos reflexos da pandemia na educação dos nossos estudantes. Sugerimos a criação de uma Instância Federativa, que una União, Estados e Municípios, para a tomada de decisões importantes ao país. Defendemos também que o governo federal olhe para o transporte público com muita atenção e que a reforma tributária não retire a autonomia dos municípios.