Por Joedson Telles
Está virando samba de uma nota só: mais uma vez, o governador Fábio Mitidieri é provocado sobre as próximas eleições de Aracaju e, mais uma vez, repete que caminhará ao lado do prefeito Edvaldo Nogueira, que, por sua vez, não abrirá mão de indicar o nome do bloco.
O interesse jornalístico no tocante à posição do governador cresce à medida que se leva em conta a movimentação de quem sonha ser escolhido (a) dentro do bloco para a disputa.
E, neste aspecto, parece não haver dúvida: a deputada federal Yandra Moura – ou Yandra de André – é a pré-candidata à Prefeitura de Aracaju que mais tem se esforçado. Faz quase que uma campanha fora de época. Se isso contará, lá na frente, para que Edvaldo escolha o seu nome é uma outra história. Creio que não.
Não vejo, nesta conjuntura, Edvaldo apoiando a pré-candidatura de Yandra. Não teria sentido, sobretudo em se tratando de 2026, quando as sementes plantadas agora serão frutos a serem colhidos. Edvaldo precisa e fará uma escolha pessoal. E tem respaldo para isso por questões conhecidas.
Aliás, nem se existirem pesquisas favoráveis a Yandra ou a qualquer outro pré-candidato, Edvaldo estará errado, se não levá-las em conta.
O cabo eleitoral Edvaldo, não esqueçamos, tem a seu favor, paradoxalmente, como o então governador, Belivaldo Chagas, e demais integrantes do bloco passaram por cima de pesquisas que colocavam em primeiro lugar o então pré-candidato ao Governo do Estado, nas eleições passadas, Edvaldo Nogueira.
Se o bloco não respeitou as pesquisas, ontem, Edvaldo, que foi extremamente prejudicado, precisa respeitá-las hoje ou amanhã? Óbvio que não.
A leitura que faço, ao menos neste instante, é que, mesmo se contrariar o palpite da maioria e não confirmar como seu pré-candidato o nome de Luiz Roberto, Edvaldo, com ou sem pesquisas favoráveis, escolherá uma outra pessoa próxima, e essa pessoa não seria a deputada Yandra.
Somente por um motivo incontestável “ainda desconhecido”, se algo irrefutável for posto na mesa como argumento, Edvaldo apostaria na pré-candidatura de Yandra, que, obviamente, mesmo que fosse apoiada por ele, não deixaria – jamais – de ser liderada pelo ex-deputado e seu pai, André Moura.
Edvaldo, certamente, leva isso em consideração, sobretudo pelo fato de, aparentemente, os seus interesses nas eleições de 2026 serem os mesmos de André Moura: uma cadeira azul em Brasília.
Pode-se argumentar que serão duas vagas abertas no Senado. Mas quem, no lugar de Edvaldo, abriria mão da possibilidade de ser aliado bem próximo do futuro (a) prefeito (a) de Aracaju em nome disso? E quem garante que o bloco elegerá os dois senadores? Sem falar que tal juízo subestima a pré-candidatura do senador Alessandro Vieira, e que não é impossível um retorno do PT ao bloco também pleiteando manter um companheiro no Senado.
Creio que estes parágrafos têm harmonia com o que pensa o governador, quando ele ratifica que estará no mesmo palanque que o prefeito Edvaldo Nogueira, mas entende como natural outros movimentos dentro do agrupamento.
Fábio, contudo, tem externado também outra verdade: construir uma pré-candidatura fora do bloco – e não consta que André Moura descarte tal possibilidade – só enfraqueceria um projeto vitorioso, desde a candidatura do saudoso Marcelo Déda ao Governo do Estado, em 2006.
De lá pra cá, a propósito, o agrupamento tem provado ter força eleitoral – algo que não se pode dizer dos que romperam – a exemplo dos ex-senadores Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares, que, na época, optaram por construir um novo bloco com o mesmo André Moura e o resultado é de conhecimento de todos.
P.S. A ironia da política: alguém duvida que, caso Yandra Moura seja, de fato, candidata e vença a eleição, André Moura pode tentar ser governador do Estado, em 2026? Ou seja, o ex-deputado (com ou sem rompimento) será um concorrente natural – seja de Edvaldo Nogueira ou de Fábio Mitidieri.
