Pré-candidata a prefeita de Aracaju, Georlize Teles quer manter legado de João Alves
Por Joedson Telles
“Minha preocupação não é em relação a fazer críticas ao atual prefeito, Edvaldo Nogueira. É mostrar que eu posso fazer porque passei pela Prefeitura de Aracaju e fiz com respeito ao povo. Fiz dizendo ao povo que tinha na minha secretaria uma porta aberta. Eu desafio quem diga que bateu à minha porta e eu mandei agendar. Por isso que eu sou pré-candidata a prefeita de Aracaju. Eu entendo que posso dar a resposta que o povo quer. Com todo respeito a todos que estão disputando, eu sou pré-candidata porque acredito que posso fazer”, diz nesta entrevista que concedeu ao Universo, a delegada Georlize Teles, pré-candidata a prefeita de Aracaju pelo DEM.
O que a motivou colocar seu nome à disposição do partido como pré-candidata a prefeita de Aracaju?
Acho que eu comecei diferente de algumas pessoas. Eu não coloquei meu nome para o partido. Em setembro do ano passado, doutor (José Carlos) Machado (presidente do DEM em Sergipe), enquanto concedia uma entrevista, disse e que o DEM pretendia colocar um nome como pré-candidata, e falou na senadora Maria do Carmo e na ex-secretária de Segurança Pública, a delegada Georlize. Naquele momento, eu achei que ele estava brincando comigo. Eu estou na cidade de Estância (como secretária municipal) e achei isso. Mas depois conversei com ele. Depois da fala dele reverberar eu fui amadurecendo a ideia. Em dezembro, eu já estava com a ideia mais amadurecida – e vendo que era possível pelo meu compromisso com Aracaju, pela história que eu tenho em Aracaju e pela disposição que eu sempre tive de fazer o melhor de mim em tudo que fiz. Eu não sou uma mulher morna: comigo ou é quente ou é frio. Eu entro nas coisas pra valer. Eu fui ao DEM e disse que pretendia ser pré-candidata. Mas eu não tinha falado com a senadora Maria do Carmo. Até então, eu não lancei efetivamente a minha pré-candidatura. Não se pode ser pré-candidato de si próprio. Precisa ser de um grupo. Então, eu não me lancei pré-candidata. Na verdade, doutor Machado acabou aguçando em mim e fui amadurecendo essa possibilidade.
Georlize sempre foi filiada ao antigo PFL (DEM). Peca pela desinformação quem diz que a senhora “entrou na moda delegado ser candidato”?
Para ficar mais claro: eu fui a primeira delegada que se filiou a um partido e se lançou como pré-candidata. Eu fui candidata a vereadora, mas desisti, a partir de 2004. Mas eu não saí da vida pública. A partir de 2005 é que eu me aproximo de doutor João Alves e construo com ele uma relação de muito respeito, muito carinho e muita amizade. Quem viveu próximo de nós sabe do carinho que doutor João nutre por mim e que eu nutro por ele. É um respeito que vai além da ocupação de função pública. Foi por isso mesmo que eu me afastei. Eu disse a doutor João que queria estar na função de executivo, para ajudá-lo. Eu perguntava a doutor João, quando alguém dizia que Georlize era candidata, se era ruim para ele por conta do vínculo. Eu não saí mais candidata, durante o tempo que doutor João ocupava uma função, porque eu achava que, por conta do meu vínculo com ele, poderia prejudicá-lo. Eu não inventei ser pré-candidata por conta do modismo de ter delegado candidato. Quem conhece minha história sabe que eu sempre fui de militância social. Eu sempre fui de um envolvimento pessoal com a sociedade. Não é uma atuação política partidária, mas é uma atuação política. O que é a política, se não a busca pelo bem social? Não é o besourinho do modismo da Segurança Pública que me atingiu. Eu já tenho uma história que trilho na questão política.
Problemas de saúde impediram o ex-prefeito João Alves de corresponder expectativas, no último governo do DEM em Aracaju. Isso é mais um motivo para sua pré-candidatura? A senhora tentar resgatar essa credibilidade?
Eu disse a dona Maria que o DEM tem duas referências muito fortes em Sergipe: o ex-governador João Alves é conhecido fora de Sergipe. Eu chego em Alagoas, as pessoas têm muito respeito pelo nome do ex-governador. Eu cheguei em São Paulo e uma pessoa me perguntou se eu era da cidade do governador Albano Franco e do governador João Alves. Todo município de Sergipe tem uma marca de João Alves. Aracaju toda tem marca de João Alves. Em 2012, ele foi na crença que iria fazer ainda melhor do que foi porque ele tinha sido marcado como o prefeito que mais fez em Aracaju. Ele foi nessa certeza. Infelizmente, agora eu sei, mas confesso com muita tranquilidade que eu não sabia da doença. Fomos muito bem nos primeiros dois anos. Se você for olhar a história de doutor João, até 2014, avançamos. Tivemos a coragem de mudar o sistema de ônibus em Aracaju. Enfrentamos um problema que era crônico. Assumimos e levamos pancada durante um bom tempo, mas ele teve coragem de tirar uma empresa que prejudicava o sistema e fez isso com dignidade e meu deu liberdade de fazer. Conseguirmos construir um consórcio público que nem na gestão anterior a nossa, que eram todos aliados, fizeram. Na nossa, que tínhamos mais adversários políticos do que aliados, construímos. Avançamos no sistema da licitação do transporte, mas depois não tivemos tempo de fazer. Hoje, eu posso lhe dizer que eu agora atribuo ao fato de doutor João estar doente porque eu não quis avançar porque ele acabou saindo um pouco da prefeitura, mas eu achava que era porque ele pensava grande e respeitei. Quando eu descobri a doença de doutor João eu disse a todos que trabalharam com ele que a gente precisava manter esse legado. Quando doutor Machado me convida as pessoas dizem que a última gestão de doutor João não foi exitosa. Eu vou dizer isso: vou dizer que tenho orgulho de ter trabalhado com João Alves, que vou tentar tudo que ele não conseguiu porque a doença tomou conta. Eu conheço os pensamentos dele de querer uma Aracaju grande. Diferente do que as pessoas dizem, que doutor João não pensou em Aracaju, quem desfavelou Aracaju? Tirou as casas de taipa. Isso não é pensar no social? Desmistificar essa ideia de que João não fez. João fez. Só não fez quando a doença foi maior que ele. Eu acho que eu posso fazer isso. Doutor João tem respeito pelo povo e ama Aracaju. Eu não digo nem amava, porque ele não tem mais a consciência, mas tem o coração. Dentro daquele coração pulsa a vontade e amor por Aracaju. Tenho certeza. Se eu puder fazer isso, farei. Se o povo de Aracaju me permitir, farei. Não vou negar doutor João por nenhum momento. Se o preço para a eleição for negar doutor João, eu abro mão da eleição.
Qual o diagnóstico que a senhora faz da capital?
Eu acho que seria irresponsável dizer que o atual prefeito não tem algumas políticas que são bem interessantes. Mas, por outro lado, existem algumas áreas que acho que precisam avançar. Eu não entendo porque na área de mobilidade urbana só agora estão fazendo alguma coisa, se doutor João deixou um convênio com o BID e deixou dinheiro. Todo o projeto de Cidade Segura. A gente tem uma Guarda Municipal que é efetiva, preparada – e eu sinto hoje, com todo respeito, que a guarda está mais acanhada. Pra você ver a diferença dos dois primeiros anos, chamamos todos os aprovados no concurso e íamos fazer outro concurso em seguida. Foi quando evidenciou a doença de doutor João. Tem muitas áreas que é preciso avançar. O meu problema não é me comparar a Edvaldo, ser melhor que ele ou ao que ele está fazendo. Eu não quero maquiar. Eu cheguei à prefeitura e encontrei alguns projetos maravilhosos, mas quando a gente foi viver os projetos, eram projetos que não tinham raiz, que não tinham nenhuma densidade como política pública. Os atendidos por ele sabem a diferença. Projeto Atende, que fizemos, que era o Setransp que fazia de qualquer jeito, e transformamos em política pública. Descobrimos outros projetos que eram feitos não com a força que mereciam. Existem várias coisas, em Aracaju, que precisamos fazer. Eu acho que posso.
A experiencia, sobretudo, na gestão João Alves lhe credencia? É isso?
Eu vivi quatro anos já Prefeitura de Aracaju e não convivi só na minha secretaria. Eu sou muito hiperativa porque gosto de fazer as coisas. Eu vivi todas as áreas de doutor João e sei as que tiveram complicações. Na Emsurb tivemos vários problemas. Eu reconheço que hoje, com o prefeito Edvaldo, a Emsurb é uma área que está pacificada. Mas temos hoje em Aracaju algumas coisas que continuam não resolvidas. Doutor João ficou dois anos no comando, mas depois ele vinha com os projetos e depois parava. Aracaju cresceu. Criamos projetos habitacionais e não pensamos no entorno. O atual prefeito disse que daria uma resposta, mas não deu. Minha preocupação não é em relação a fazer críticas ao atual prefeito, Edvaldo Nogueira. É mostrar que eu posso fazer porque passei pela Prefeitura de Aracaju e fiz com respeito ao povo. Fiz dizendo ao povo que tinha na minha secretaria uma porta aberta. Eu desafio quem diga que bateu à minha porta e eu mandei agendar. Por isso que eu sou pré-candidata a prefeita de Aracaju. Eu entendo que posso dar a resposta que o povo quer. Com todo respeito a todos que estão disputando, eu sou pré-candidata porque acredito que posso fazer.
Há um consenso entre os analistas políticos: é difícil ganhar uma eleição majoritária – sobretudo para o Poder Executivo – sem ter um grupo forte. Como a senhora avalia isso?
Eu acho que a análise é perfeita. Precisamos de apoio de grupos. Mas a gente não pode descartar o principal grupo numa eleição, que é o grupo do povo. Respeito é muito importante. Não tenho nenhuma intenção de chegar agora e dizer que ter grupo não é importante. Grupo é importante na família, na escola, nos amigos. Grupo é uma construção também. Eu vou buscar está construção. Vou à Associação do Bairro Santa Maria, do Bairro Lamarão, para me reapresentar porque eu já andei nesses locais. E também como eu poderia ter grupo, se eu não era candidata? A vantagem é que, quando não se tem um grupo recheado de grandes nomes, quando o grupo é muito mais direto na discussão com o povo, se gerencia com muito mais liberdade. Se por um lado é ruim para mim não ter formado um grupo, por outro lado eu posso vencer essa barreira. Eu só estou pré-candidata a prefeita. Bolsonaro não tinha grupo e é o presidente da República. Se a gente pensar nas dificuldades, eu nem vou sair.
Sua pré-candidatura é irreversível ou pode haver um acordo e o DEM apoiar um nome de outro partido?
Eu me irritei com uma fala que ouvi no rádio que “a pré-candidatura do DEM é meio que para inglês ver, porque o partido quer angariar um espaço em alguma chapa”. Eu não me prestaria a esse papel. Quem me conhece sabe. Por isso mesmo eu pedi uma reunião com o doutor José Carlos Machado e com a senadora Maria do Carmo. Eu acho que o DEM tem todo o direito de não homologar a minha pré-candidatura. Temos vereadores, ex-deputado. O DEM pode entender por outro nome. O que eu pedi a dona Maria foi se eu posso me lançar e dizer que o DEM tem espaço para mim como pré-candidata a prefeita. Eu não tenho compromisso com outra posição na chapa. Minha posição é como pré-candidata a prefeita. Não é que eu não seria vice de qualquer pessoa e nem que estou exigindo do partido o meu nome. Mas a gente conversou. O partido disse que eu era pré-candidata a prefeita. Então, é pra valer. Não é brincadeira. Eu estou deixando um cargo de secretaria, em Estância, estou vindo para Aracaju e estou rompendo um compromisso com o prefeito de Estância, Gilson Andrade, porque eu iria até o fim. Mas tudo foi conversado com ele com muito respeito. Inclusive, eu tenho conversado com ele essa possibilidade. Estou vindo para Aracaju a partir da definição. Não é uma brincadeira. Eu não tenho mais idade para brincar de lançar pré-candidatura. É pra valer. Quando eu decido, é pra valer.