Por Joedson Telles
O governador Jackson Barreto (PMDB) reuniu a imprensa, no final da manhã desta terça-feira, dia 30, e oficializou a Comissão da Verdade jornalista Paulo Barbosa de Araújo, ao assinar o decreto dando posse aos membros. Mesmo não tendo um caráter punitivo, a Comissão da Verdade almeja identificar e tornar públicas as violações aos direitos humanos praticadas durante o regime militar. Visivelmente emocionado, Jackson Barreto evitou o discurso de improviso. Optou por ler temendo ser traído pelas lágrimas. Autoridades e jornalistas compareceram ao histórico evento, que marca mais uma investida contra as arbitrariedades cometidas pela ditadura militar que ganhou forma com o golpe de 1964.
“Estamos começando a passar a limpo uma das páginas mais sombrias da nossa história. Devemos a nós, que vivemos um dos mais obscuros períodos da história brasileira, não vingança ou revanche: mas o reconhecimento da verdade. O direito de saber o que aconteceu, e como aconteceu. Esta comissão não é um tribunal inquisidor, mas tampouco, uma simples reunião de amigos no chá das cinco. Ela tem papel e objetivos claros, e eu diria vitais para a nossa democracia, como bem expressa o decreto da sua criação. A esta comissão está dada a tarefa de esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos no período que vigorou a ditadura militar no Brasil”, leu o governador.
Jackson enfatizou que a comissão deve promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de perseguição política, prisões arbitrárias, torturas, mortes e/ ou assassinatos, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria ocorridos em Sergipe – ou em outros estamos, mas que envolvam sergipanos. “Identificar e tornar públicas as estruturas, os locais, as instituições do Estado de Sergipe e as circunstâncias relacionadas à prática de violações de direitos humanos. Encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e na identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos”, disse Jackson Barreto.
De acordo com Jackson, a comissão ainda tem como meta recomendar a adoção de medidas políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurando a sua não repetição e ainda promover uma efetiva reconciliação estadual e nacional. Além disso, promover a reconstrução da história nos casos de graves violações dos direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas e seus familiares. “A minha geração cresceu e se forjou tendo que enfrentar o que talvez seja a pior adversidade de uma sociedade: a negação do direito à expressão e à liberdade. Saímos melhores dela. E se é na adversidade que se constrói o caráter, foi ali que consolidamos o sonho de uma sociedade mais justa, mais igual e, acima de tudo, livre, um sonho que hoje guia a nossa visão de mundo e a nossa ação como políticos e governantes”, disse o governador.