Por Joedson Telles
A política tem peculiaridades ímpares que disputam entre si em perfeita harmonia se fascinam mais inteligentes que estão dentro do jogo de alguma forma ou se, por outro lado, ofuscam sem misericórdia aos olhos dos alheios o que os holofotes revelam com certo ar natural somente aos íntimos. A aparição do ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (ele ainda está na política), menos motivado pelos seis meses do seu sucessor João Alves, com o papel de algoz inerente à oposição que lhe cabe agora e muito mais para ofuscar as vísceras expostas com a twittada de Déda, alimenta o pressuposto. Veja o que diz Edvaldo num trecho de uma matéria postada no site Universo Político.com. Retornarei ao gramado já, já.
“Querem transformar esse episódio no fim do mundo. Não podem querer que isso se transforme numa crise política. Há muita gente interessada numa crise política. O grupo deve refletir sobre seus erros para que o Governo Déda possa crescer”, disse.
No gramado. A política pode ser um vale tudo, ninguém duvida. Aliás, a frase virou lugar comum há décadas. Entretanto, ainda sobram pessoas que se dão ao luxo de pensar neste país de pouca leitura e muita novela mal feita. Não é possível Edvaldo Nogueira ressurgir e, simplesmente, passar a ideia que não houve nada. Que não há desgaste na relação entre titular e reserva. Que o governador Marcelo Déda não passou uma contrariedade que seus médicos não recomendam. “Que não há crise política”.
Que um diálogo entre dois homens de bens, motivado por outros iguais, resolve a crise, é tão óbvio quanto salutar. Agora, querer minimizar dando a entender que a oposição também está na panela, como se esta portasse a senha do Twitter de Déda ou mesmo usasse a caneta de JB, é publicizar doutorado em negar o óbvio.
Evidente que o incêndio pode, e deve, ser apagado. Mas que a crise não só existe como também foi criada dentro do próprio governo, nem com esforço gigantesco é possível crer no contrário. E não duvidem: a polêmica é tão robusta que até a velha serventia instalada em setores isolados da mídia, por certo, está tendo dificuldade em exercer o papel vergonhoso de enganar a sociedade, “varrendo a sujeira para baixo do tapete”.
P.S. Por falar em serventia, um nojo. Blindou equívocos do governo Déda, ao ponto de ser aconselhada a defender menos o PT, pasmem, por um petista. Descartando a imparcialidade, bateu em João e Amorim, mas hoje, com Déda num leito de um hospital, inclina-se, vergonhosamente, para os braços de Jackson Barreto. A mando do político patrão? Deixo no ar. Até porque preciso levantar e guardar o CD “Maria Rita Elo”. A cantora acaba de verbalizar a última frase da última música: “sozinho curto a minha dor”.