Na manhã do último sábado, 31, técnicos da Secretaria da Educação de Aracaju (Semed) realizaram ação na comunidade quilombola Maloca, no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, para o cumprimento da primeira etapa do Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI).
O Plano Municipal pela Primeira Infância é uma política pública voltada a crianças de 0 a 6 anos e estabelece diretrizes, metas e ações para promover o desenvolvimento integral infantil, priorizando os mais vulneráveis. A proposta é que cada município conte com seu próprio plano, contemplando alguns itens indispensáveis como cobertura vacinal, educação infantil de qualidade, prevenção e enfrentamento à violência e a promoção de temáticas como a parentalidade positiva.
O objetivo do evento é efetivar um plano democrático voltado para as diversidades sociais, por meio da escuta qualificada de crianças da comunidade, fazendo, assim, a democracia da inclusão. O plano está sendo construído com a participação de crianças, famílias e comunidades, ouvindo suas necessidades e expectativas.
As ações do plano começam em 2025 e vão até 2035, com metas e estratégias a serem seguidas, e os gestores de cada secretaria terão uma missão como política intersetorial. “A meta da Secretaria Municipal de Educação dentro do PMPI é ouvir as comunidades, realizar um levantamento de quantas creches precisam ser construídas nos próximos dez anos, por exemplo. A escuta qualificada consiste em entrar no mundo das crianças, por meio da dança, do desenho, das conversas, para que elas consigam absorver e nos dizer o que querem da cidade”, afirmou a psicóloga Kelly Oliveira, coordenadora da Primeira Infância da Semed.
O programa Anjos Azuis, da Guarda Municipal de Aracaju (GMA), fez uma participação especial no evento, levando conhecimento e alegria para as crianças. A supervisora da GMA, Aracelly Matos, falou sobre o projeto: “O programa tem como objetivo aproximar a instituição da comunidade por meio de atividades como teatro de fantoches e musicalização, auxiliando na formação cidadã de crianças e adolescentes”, disse.
De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o quilombo Maloca abriga 267 habitantes, distribuídos em 91 famílias. Estima-se que eles tenham chegado à região no início da década de 1900, vindos dos engenhos da região do Vale do Cotinguiba e na condição de ex-escravizados ou filhos de escravizados.
“Essa política pública combina com o processo democrático de escuta e proporciona às crianças também participarem desse momento, principalmente porque estamos em uma comunidade quilombola urbana; louvável a atitude, o gesto da Prefeitura de Aracaju”, falou o professor Roberto Amorim, coordenador pedagógico da Associação do Quilombo Maloca.
Tatiane Rodrigues, 38, é mãe de Esther Rodrigues, 4 anos, aluna da Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Prof. Neuzice Barreto. Para ela, o plano é uma forma de atenção especial existente na comunidade, para que os desejos das crianças possam se tornar realidade, já que se trata de um local com limitações de opções de lazer. A manutenção dos espaços físicos, além da criação de novos, foi uma das sugestões dadas por ela. “Precisamos de uma educação simples, com qualidade, com vida. Profissionais que podem ajudar a cada dia mais na escola. É isso que a Prefeitura precisa fazer sempre: estar nas comunidades, ouvindo a todos, inclusive às crianças.”