Na noite da última segunda-feira, dia 19, os sergipanos foram surpreendidos com a notícia de que a presidência da Petrobras havia comunicado o fechamento, ainda neste ano, das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) em Sergipe e na Bahia. Em comunicado ao mercado, a petrolífera diz que a decisão está alinhada ao posicionamento estratégico de sair integralmente das atividades de produção de fertilizantes, conforme seu Plano de Negócios e Gestão 2018-2022.
O senador Eduardo Amorim (PSDB) demonstrou preocupação com o comunicado feito pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, de que no próximo mês de junho a Fafen de Sergipe será fechada. Segundo a estatal, trata-se de um processo de hibernação, que consiste na parada progressiva da produção, com conservação dos equipamentos e prevenção de impactos ambientais, afirmando ainda, que em 2017, tanto a Fafen-SE, quanto a Fafen-BA apresentaram resultados negativos de cerca de R$ 600 milhões e R$ 200 milhões, respectivamente, e as perspectivas no longo prazo continuam negativas.
Com isso, a Petrobras realizou a provisão para perda (impairment) de R$ 1,3 bilhão com as fábricas de fertilizantes no quarto trimestre de 2017. “Esta decisão causa-me estranheza. Sabemos que o segmento de fertilizantes se encontra em expansão tanto no Brasil quanto no mundo e a demanda do mercado brasileiro de fertilizantes é bem maior que a produção nacional”, ressaltou o senador.
A agricultura brasileira posiciona o país na quarta colocação entre os maiores consumidores de fertilizantes minerais (nitrogênio, fósforo e potássio) em todo o mundo, atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos, importando 75% do que consome.
“Enquanto a utilização desses produtos aumenta, em média, 2% ao ano no mundo, o crescimento no Brasil é de 4%. Entretanto, de maneira inversa, a fabricação nacional tem caído nos últimos anos, abrindo espaço para a entrada de mais produtos importados e essa dependência de nutrientes estrangeiros influencia diretamente no custo da lavoura, obrigando os fazendeiros a incluírem a cotação do dólar na conta da produção da safra”, salientou o senador.
“Depender do mercado externo de fertilizantes é arriscado. Dos 75% dos fertilizantes que importamos, 90% são potássicos, cerca de 50% fosfatados e 70% nitrogenados. Soberania na agricultura é uma questão de sobrevivência, e países com visão estratégica não abrem mão disso”, alertou Eduardo.
Audiência Pública
O senador garantiu que fará o que for possível para que a fábrica não seja fechada e informou que, diante da gravidade do fato, já apresentou requerimento à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para a realização de uma audiência visando discutir o tema. “O requerimento será apresentado já na próxima reunião da Comissão”, pontuou.
No documento, entregue nesta terça-feira, 20, o senador solicita a presença do presidente da Petrobras, Pedro Parente, do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, do diretor do Sindpetro de Alagoas/Sergipe, além do coordenador-geral do Sindipetro da Bahia. “Apresentamos esse requerimento e esperamos que ele seja aprovado no tempo oportuno para que essas autoridades prestem os devidos esclarecimentos”, ressaltou.
Eduardo Amorim diz que é difícil entender o que está acontecendo, uma vez que no passado, o governo estudava a possibilidade de autossuficiência em se tratando de fertilizantes nitrogenados e fosfatados. “A região de Laranjeiras, onde a Fafen está instalada, possui a maior mina de potássio do hemisfério sul e é responsável por 48% do fertilizante hidrogenado produzido no País. Agora o governo atua em sentido contrário, desmobilizando ativos estratégicos da Petrobras”, destacou.
“O encerramento das atividades da Fafen em Sergipe trará ainda um grande impacto socioeconômico não só para o município de Laranjeiras e arredores, mas para todo o Estado, que terá uma grande perda de recursos oriundos da arrecadação de impostos pagos pela Petrobras, além de mais de 200 desempregados”, finalizou Eduardo Amorim.
Enviado pela assessoria