Por Joedson Telles
O senador Eduardo Amorim (PSC), que revelou, no último sábado, dia 25, que está transferindo o seu título de eleitor de Itabaiana para Aracaju e estará à disposição do seu agrupamento político para ser pré-candidato a prefeito de Aracaju, nesta entrevista, ratifica seus sentimentos, diz que foi traído politicamente pelo senador Antônio Carlos Valadares, cobra mais ações do prefeito João Alves e afirma que não trocará o PSC pelo PSDB, ao menos neste momento. “Esse convite não foi feito agora. A gente vem recebendo esse convite há meses ou anos talvez, mas eu nunca externei e ninguém nunca me perguntou. Se quisesse ir já teria ido. Eu entendo que não é hora. É hora de estar fortalecendo o PSC, e também os partidos aliados”, diz Eduardo Amorim. A entrevista:
O deputado estadual Samuel Barreto já disse que não estará no palanque do prefeito João Alves, em 2016. O também deputado Valmir Monteiro idem. Eles já conversaram com o senhor sobre isso?
Já. Samuel foi uma das pessoas que mais esteve presente na campanha de rua de doutor João. Existem as mágoas, a falta de diálogo. Eu mesmo já disse a doutor João algumas vezes que é preciso dialogar mais. Fomos para campanha de doutor João com 12 partidos, com mais de 200 pré-candidatos a vereadores, mas não exigimos nada nem na chapa e nem na administração. Apoiamos porque acreditamos, mas é preciso dialogar. Essa aliança foi mantida em 2014. Para 2016, temos dois caminhos. Ou lançamos a candidatura própria, e temos nome para isso, como Samuel, Adelson, André, estou transferindo o título para estar à disposição também ou manteremos a aliança. Mas na manutenção da aliança é preciso rever algumas coisas, conversar mais, ouvir, porque algumas coisas não deram certo. Porque se planejou construir as coisas e não conseguir fazer, quais foram as dificuldades. Temos pessoas capazes de ajudar de alguma maneira, mas é preciso ouvir, já que defendemos e fomos para as ruas.
Caso a opção seja por uma candidatura própria, é possível uma reaproximação do senador Valadares para 2016, já que o senhor já foi aliado dele quando houve um acordo pela em prol da eleição do saudoso Marcelo Déda para o governo e do senhor e do senador Valadares para o Senado?
Ele não votou em mim. O grupo dele não votou em mim. Qual foi o aliado dele que votou em mim? Valmir da Madeireira votou nele, Maria Mendonça, César Mandarino, mesmo ele anunciando que não votaria em mim, que o candidato na época era Albano Franco. Essa é a história. Pelo acerto, todos votariam em todos. Nós votaríamos em Déda e todo o grupo de Déda votaria na gente, e nós confiamos nisso. A gente também comete equívocos. Fomos enganados. Eu não converso com todo mundo. Dá para conversar com alguns. Com Valadares eu converso, me dou muito bem com ele. Pode-se até conversar, mas existem as possibilidades. A probabilidade maior é ou manter a aliança ou manter o caminho próprio. A única coisa que descarto é que não somos de jeito nenhum o candidato do governador. Vamos agir como sempre agimos, com sinceridade na relação. Defendemos e agimos sempre com a mesma retidão. Analise a história política do nosso bloco e veja que agimos com retidão a João, Déda, Edvaldo, Valadares, mas não tivemos a mesma retidão ou retidão nenhuma muitas vezes.
Na possibilidade de um acordo com Valadares o PSC poderia apoiar um candidato do PSB?
Eu não posso afirmar com precisão porque a decisão não é minha. Nesse momento, ou mantêm a aliança (João) ou vamos de candidatura própria. Eu acho que a gente tem que arriscar. Eu pessoalmente tenho um carinho grande por doutor João. Ele precisa corrigir algumas coisas na sua administração. Há cobranças nas ruas. Aracaju tem problemas que poderíamos enfrentar melhor. Uma coisa que eu sou admirador e gosto muito é da Guarda Municipal. Eu sou um defensor nato das guardas municipais. Eu gosto dessa parceria, dessa coisa do município ter também essa responsabilidade. Tem que ter o instrumento para se realizar. Acho que isso ele conseguiu melhorar, mas tem outras coisas que precisam melhorar. Aracaju é uma cidade que precisa de mais creches. No transporte coletivo, estamos muito atrasados. Precisa evoluir mais. Hoje para atravessar a cidade leva mais tempo do que daqui (Aracaju) para Itabaiana, por exemplo. Doutor João tem razão de criar novas avenidas, mas a gente sabe que criar novas avenidas é diferente de anos atrás. Hoje, o projeto passa por uma licença ambiental, indenizações, uma série de obstáculos, não só econômico. Todo gestor sabe que isso vai existir e por isso que ele tem que fazer com muita antecedência. Ele tem que antever, porque é do jeito que a lei manda, e não do jeito que eu quero. Isso burocratiza as realizações, e para vencer é ir atrás. Eu tive no DNIT para tratar da duplicação da BR 101 e da 235, o orçamento talvez vá para o ano que vem a gente não vê o Governo do Estado entrar em nada disso. Isso é tarefa do governo. Se a gente tem a BR 101 duplicada e a 235 melhora o fluxo de entrada e saída dentro da cidade diminui a distância temporal entre os municípios. Aproxima a capital do interior, e o interior da capital. O Governo Federal fez muito pouco por nós sergipanos. Você vai em Alagoas e vê um monte de obras. Aqui a gente não vê nada – e olha que Sergipe tem sua parcela importante. É daqui que sai o único potássio extraído que produz fertilizantes de remédio no Brasil, é daqui que sai gás, petróleo, energia elétrica . Estamos dando nossa contribuição nacional. É preciso buscar esse retorno. Quem está em Brasília vai pensar que Sergipe é pequeno e não tem a importância econômica que nós temos.
Surpreendeu o convite do PSDB?
Honestamente, não. Esse convite não foi feito agora. A gente vem recebendo esse convite há meses ou anos talvez, mas eu nunca externei e ninguém nunca me perguntou. Alguém da imprensa descobriu, externou, e isso foi para o povo. Esse convite não é novo. Se quisesse ir já teria ido. Eu entendo que não é hora. É hora de estar fortalecendo o PSC, e também os partidos aliados. É hora de montar uma conjectura com líderes nos municípios porque às vezes é tanta gente que num partido só não consegue englobar todo mundo. A gente precisa de partidos aliados. Fizemos isso, e isso pode ocorrer tranquilamente com o PSBD, que é sabido o tamanho que ele é nacionalmente, e pelo tamanho que já foi diminuiu bastante.
Esse convite foi uma forma de apenas ampliar a bancada do PSDB no Congresso nacional ou tem um lado político eleitoral em Sergipe numa eventual candidatura do senhor ao Governo do Estado, em 2018, fortalecendo, assim, o PSDB?
A linha é essa. Não é só ter mais um senador. Sou oposição ao Governo Federal, fundamentando os votos, as nossas opiniões. Essa irmandade PSC e PSDB no Senado isso já existe. Relaciono-me muito bem com quase todos eles, porque não é fácil ser o único de um partido, e conquistar espaços como nós temos conquistado nos dois últimos anos dentro do Congresso. Nós dois últimos anos somente dois parlamentares participaram de todas as comissões, de todas as medidas provisórias. Eu e o líder do governo, José Pimentel. Além das comissões permanentes. Nos dois últimos anos, só não participei de uma comissão. É o estudante de escola pública que concorre com o estudante de escola particular, ou seja, com partidos grandes, buscando espaço, e concorre ao vestibular de medicina. Essa analogia eu faço porque já vive isso. Para mim esse tipo de atitude não é nenhuma novidade. Isso se consegue não com disposição e determinação. Esses são ingredientes necessários, mas com certeza o maior de todos os ingredientes pra que a fórmula dê certo é a credibilidade e a confiança dos colegas. Você precisa ser uma pessoa creditada, capaz, pra que os colegas confiem e obrigar a você fazer todo esse trabalho. Então, o pensamento é ampliar o partido. Sergipe foi o segundo estado do Nordeste a dar a uma maior votação proporcional a Aécio Neves. Perdemos só para Paraíba por 1%. Na Paraíba, Aécio candidato histórico do PSDB, ex-governador, a família política tradicional. Aqui é uma nova história que está sendo construída. O que eles miram não é só o presente, mas, sobretudo, o futuro. O PSDB bateu na trave – e por muito pouco não ganhou a presidência da República. É um partido forte que está se preparando para os próximos desafios. Eu entendo que o que eles estão mirando não é só no presente, porque o presente eles já tem. Somos oposição, temos parceria, discutindo lá o tempo todo. Acho que é o futuro. O objetivo do PSDB é a Presidência da República e aumentar sua base no Congresso. Para isso, ele quer fortalecer os estados, e Sergipe eleitoralmente falando é maior do que muitos estados, sobretudo da região Norte. Sergipe tem a sua expressão e o seu valor e eles estão preocupados em remontar o partido em nosso território.