Por Joedson Telles
Em socorro à frase gasta que reza que nem Jesus Cristo agradou a todos e ainda avivando o nosso inesquecível Nelson Rodrigues e sua crítica à estupidez da unanimidade, veio do polêmico pastor Silas Mala, o faia críticas ao simpático Papa Francisco, cuja passagem pelo Brasil deixou saudade, mas nenhuma dúvida da sua humildade e do seu carisma. A porrada veio, ao tomar conhecimento que o Papa, ao ser entrevistado sobre o chamado “lobby gay”, que existiria no Vaticano, pontuou que condena o lobby , mas não os gays, e ainda que não cabe à igreja julgar. Mas acolher e integrar à sociedade. Está certo, o Papa. Até porque qualquer pessoa que esteja vivendo em pecado pode muito bem se converter. Mas se os tidos homens de Deus não acolherem os pecadores quem vai assumir este papel?
Mas voltando a Mala, o faia, sem papas, e não Papa, na língua, ele disse ainda que Francisco estaria jogando a toalha frente ao tal lobby gay, que ele mesmo teria criticado, quando chegou ao Vaticano. Perpassando à religião católica, ajuíza: “falta condenar o pecado, segundo o que a Bíblia diz. Sem uma posição incisiva contra o pecado, vão perder muito mais gente. Depois a Igreja Católica reclama que está perdendo gente para a Igreja Evangélica”, pontuou, sendo áspero com Francisco. “Faltou ao Papa a firmeza de dizer que a prática homossexual é pecado. Uma maneira subjetiva e covarde de não assumir uma posição firme que a Bíblia não negocia.”
Numa verdadeira afronta ao maior símbolo da Igreja Católica ao lado do crucifixo, Malafaia afirmou ainda estar desconfiado que o Papa e os católicos estão precisando ler mais a Bíblia. “Em toda a passagem do Papa pelo Brasil, com toda a mídia em seu favor, em nenhum momento ele pede para os fiéis lerem a palavra de Deus”, observou.
Dizer que o Papa Francisco não ler a bíblia é algo que não merece resposta. Ridículo fazer uma afirmação absurda desta sem ter provas. Quanto ao seu rebanho, de fato, alguns católicos e outros que se dizem católicos, mas não pisam os pés na igreja – tampouco agem de acordo com os ensinamentos do próprio Papa – não são adeptos da leitura da palavra de Deus. Conheço um monte de católico incapaz de citar um trecho bíblico, exceto o salmo 23. E olha que alguns citam as palavras, mas não sabem o endereço bíblico. Se cobrados, por certo, pagarão um king-kong. Mas conheço católicos que fariam vergonha a muitos pastores, se convidados a debater a palavra de Deus. Ler e não praticar, no entanto, não adianta nada.
Além disso, quem sou eu ou quem é o senhor Mala, o faia para julgar ninguém, se a própria palavra de Deus condena o julgamento? “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados… (Lucas 6:37). Em outra passagem, lê-se: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito:Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, e toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão (Romanos 14:10-13).”
No tocante aos gays e lésbicas, é certo que a bíblia ensina que a união de ser entre homem e mulher, mas vale o mesmo juízo de valor do parágrafo anterior: a mesma bíblia condena sair por aí julgando as pessoas. Assino o juízo do Papa Francisco: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”, indagou recentemente. Apesar de não ser católico, creio que as palavras do Papa Francisco estão bem mais próximas do que a bíblia fala a respeito de Deus. “… Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor (1 Coríntios 13:13). E sabe porquê? Mais bíblia: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor (1 João 4:8). Como não amar o próximo porque é gay ou pastor incoerente com a palavra de Deus?