Por Joedson Telles
Lá vem O Globo, outra vez, pegar no pé do líder do governo no Congresso Nacional, o deputado André Moura. Escreve o jornalista Vinícius Sassine que André “publicou nas redes sociais uma imagem da declaração da Independência do Brasil, comemorada em 7 de Setembro, para referir-se à data da proclamação da República”. E se permite a aula de história: “A independência do Brasil em relação a Portugal foi declarada pelo imperador D. Pedro I em 7 de setembro de 1822. A República foi proclamada, em detrimento do Império, pelo marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889”, postou na pagina do jornal na web Vinícius. Aliás, trata-se do mesmo jornalista que, no dia 1º de agosto, redigiu uma matéria com o título “Líder do governo é condenado por desvio de R$ 1,4 milhão”. Marcação?
Que saco este jornal carioca focando Sergipe apenas em pontos negativos. Aposto que, se tomou conhecimento, noticiou também a prisão temporária de um cavalo genuíno.
Agora, vejam quanta implicância deste jornal com o líder de Temer por coisa tão tola. Seria André o único a trocar as bolas? Evidente que não.
Ainda que qualquer criança quando pisa os pés na escola aprende, nos primeiros anos, o que o Vinícius jogou em rosto na matéria de O Globo, André não é o único a demonstrar desconhecimento neste Brasil. E desafio atirar a primeira pedra quem não tem uma história na ponta da língua. Própria ou de terceiros.
Bolas! Errar é humano. Pra citar só três casos que chegam à mente, já testemunhei gente encher a boca para dizer que Lampião proclamou a República. Pelo menos o deputado não se evadiu da política. Há alguns anos, atribui-se a uma loura gostosa a pérola de ter respondido ao apresentador Jô Soares que o “duralex” era o seu prato predileto. E dia desses, pesquei alguém dizendo que “Dalai Lama” é americano. Certamente, estava se referindo ao atual líder espiritual do budismo, Tenzin Gyatso. Estamos no Brasil. Poderia passar a noite pensando e listando exemplos…
Se por um lado, o André Moura não domina a história, por outro lado, como político, aparece bem na fita. Iguala-se aos milhões de brasileiros que atestam, no dia a dia, as deficiências da educação brasileira – sobretudo da escola pública.
Aliás, o que não falta é gente fazendo política argumentando que não estudou porque precisou trabalhar desde criança para ajudar a “colocar comida na mesa”. O Lula, por exemplo, é useiro e vezeiro desta tática que, evidentemente, não explica 100% da ignorância de ninguém frente determinados assuntos pra lá de óbvios.
O fato é que na semana que Sergipe foi destaque na Rede Globo pela absurda prisão de um cavalo, nada mais coerente que um jornal também da família Marinho voltar a expor negativamente o político de Sergipe mais influente no governo Michel Temer.
Não há dúvida que entra em campo o remoto preconceito. A turma do Sul e Sudeste adora tirar sarro dos nordestinos. Não é novidade. Mas, cá pra nós, prender um cavalo e atribuir a proclamação da República a D. Pedro são atos de uma infelicidade “ululante”, como adjetivaria o saudoso Chacrinha. Que Chacrinha. Kkkk. É pegadinha, internauta. O grande Nelson Rodrigues fecha este texto.