Luciano diz ser natural aliados apresentarem candidaturas próprias no primeiro
Por Joedson Telles
O deputado estadual Luciano Pimentel (PSB) evidencia, nesta entrevista, que o fato de os principais partidos que formam a aliança política que elegeu Jackson Barreto governador, em 2014, pleitearem lançar candidaturas próprias a prefeito de Aracaju, em 2016, não rachará o agrupamento. PMDB, PT, PC do B e o próprio PSB trabalham para emplacar candidaturas. Luciano entende que a eleição será decidida no segundo turno, e deixa transparecer acreditar que o atual prefeito João Alves (DEM) disputará a reeleição, mas será derrotado pelo candidato que conseguir unificar em torno de si o grupo liderado pelo governador Jackson Barreto. Na sua opinião, o deputado federal Valadares Filho (PSB). “Não acredito em esfacelamento, por se tratar de uma eleição em dois turnos. É natural os partidos aliados, caso não haja entendimento no primeiro turno, apresentarem candidatos que, tenho certeza, estarão todos unidos e seremos vitoriosos no segundo turno”, diz. Luciano faz ainda um balanço do seu mandato, comenta um Projeto de Lei de sua autoria que visa extinguir as verbas de subvenções da Assembleia Legislativa, lamenta o momento vivido pela Casa, justamente por conta deste tema, e diz estar à disposição do PSB para disputar uma prefeitura sergipana, em 2016. “Se for uma missão partidária e que possa realmente representar o fortalecimento do PSB, eu estarei disponível para uma eventual candidatura”, antecipa. A entrevista:
O senhor protocolou, no mês de fevereiro deste ano, um Projeto de Lei pondo fim às chamadas verbas de subvenções. O que falta para esta matéria tramitar na Casa, chegando ao plenário para ser votada?
Para que a matéria tramite na Casa é necessário que a Mesa (Diretora da Assembleia Legislativa) autorize para que os deputados possam analisar e se posicionar sobre o projeto que, no meu entendimento, será muito bom para o Poder Legislativo num momento em que há um grande apelo da sociedade por uma forma mais republicana na indicação e acompanhamento da execução dos objetivos propostos para liberação de verbas destinadas pelos parlamentares.
Como um deputado de primeiro mandato acompanha este clima tenso que vive a Assembleia Legislativa por causa, justamente, das verbas de subvenção, envolvendo colegas da legislatura passada?
Na verdade, as informações que tenho são praticamente as que são divulgadas pela imprensa e é natural que qualquer ser humano que esteja passando por esse processo esteja apreensivo com as consequências que poderão advir.
O senhor acredita que a sociedade está sabendo separar uma ação de uma decisão judicial, que sequer existe ainda? Ou os deputados já estão sendo “condenados” antecipadamente sem sequer direito à defesa, e posterior julgamento no fórum adequado?
Penso que devemos ter um cuidado maior quando se vai à imprensa, e ainda sem o encerramento de um processo judicial, e expõe determinados fatos, ainda em investigação, criando na sociedade um sentimento de que aquelas pessoas já foram condenadas e que tudo que aquelas pessoas fizeram na vida foi equivocado.
Mas é inegável que essa polêmica mudou o andamento da Casa. O senhor acha que comprometeu o semestre? Pode comprometer o ano ou mesmo a legislatura inteira, caso continue neste ritmo?
Entendo que tivemos um primeiro semestre com uma produtividade abaixo do que se espera de uma Casa Legislativa. Entretanto, tenho sentido o empenho e a vontade dos parlamentares em mudar essa realidade observada, e certamente teremos um segundo semestre com grandes temas de interesse da sociedade sendo discutidos.
Já é possível fazer um balanço deste primeiro semestre como deputado estadual?
Esse primeiro semestre para mim foi um grande aprendizado. Ao longo dos anos, tive a oportunidade de adquirir experiências em finanças e gestão, onde se busca a boa técnica para se obter o maior grau de efetividade possível aos objetivos organizacionais e nessa nova atividade em que me iniciei, a política, as coisas funcionam de forma diferente. Eu sempre trabalho buscando fixar metas e objetivos ao meu trabalho, mas hoje afirmo com segurança que com os aprendizados do primeiro semestre, terei um segundo semestre muito mais exitoso.
O que mais o surpreendeu neste período?
Eu sempre procuro dar o melhor de mim, ser muito verdadeiro naquilo que faço e na maneira de agir, e isso me deixou angustiado nesse primeiro momento, porque acho que poderíamos ter produzido e contribuído mais.
O senhor cogita disputar uma prefeitura sergipana em 2016? Seria uma forma de fortalecer o PSB? Já definiu o município?
Olha, a minha intenção é a de me dedicar de corpo e alma e retribuir, com um bom mandato, aos meus amigos e correligionários que lutaram para que eu me elegesse deputado estadual. Mas se for uma missão partidária e que possa realmente representar o fortalecimento do PSB, eu estarei disponível para uma eventual candidatura.
Além de disputar a Prefeitura de Aracaju em 2016, provavelmente colocando Valadares Filho como pré-candidato, o que mais já está decidido pelo PSB para o próximo pleito?
O PSB é um partido que tem como líder maior um homem respeitado por todos, com inteligência política invejável, ético, competente e, acima de tudo, sintonizado com os anseios da população, que é o senador Valadares. Portanto, acredito que no momento certo todas essas discussões serão levadas aos membros do nosso partido, que tem um dos melhores nomes para disputar a Prefeitura de Aracaju, que é Valadares Filho.
Luciano Pimentel defende que haja uma candidatura majoritária do PSB em Aracaju, mesmo que aliados como o PT, PC do B e o PMDB também tenham candidatos próprios, rachando, assim, o grupo que dá sustentação ao Governo Jackson Barreto?
É um direito legítimo que os partidos aliados ao governador Jackson Barreto coloquem nomes de candidatos que lhes sejam filiados e que busquem o fortalecimento da sua agremiação. Mas nutro a esperança de que possamos ter um grande entendimento com as forças políticas aliadas para que apóiem o candidato do nosso partido. Mas caso não seja possível no primeiro turno, tenho certeza de que estaremos todos unidos no segundo. O PSB tem em seus quadros Valadares Filho, um jovem que já acumula grande experiência política, e que na última eleição para prefeito de Aracaju apresentou à sociedade um magnífico plano de governo, que o povo aracajuano compreendeu, lhe deu uma expressiva votação e, por muito pouco, não chegamos ao segundo turno.
O possível esfacelamento do grupo não seria tornar a eleição praticamente impossível – sobretudo se João Alves Filho for candidato sentado na cadeira de prefeito?
Realmente não acredito em esfacelamento, por se tratar de uma eleição em dois turnos. E, como disse anteriormente, é natural os partidos aliados, caso não haja entendimento no primeiro turno, apresentarem candidatos que, tenho certeza, estarão todos unidos e seremos vitoriosos no segundo turno.
Do alto da experiência de quem lidou com números na Superintendência da Caixa Econômica Federal por 35 anos, o senhor avalia que esta crise que paira sobre o Brasil é, de fato, do tamanho que os gestores dizem, ao ponto de terem dificuldades até para pagar suas folhas, ou pinta-se o mostro maior do que o é, para usá-lo como desculpas – e não atender pleitos, como reajustes satisfatórios para os servidores públicos?
Estejam certos: estamos passando por um momento de grande turbulência na economia. Vínhamos ao longo dos últimos 12 anos adotando uma política econômica calcada em incentivo ao consumo, desordenamento das contas públicas, que realmente gerou crescimento e melhoria nas condições de vida das famílias mais carentes. No entanto, não se preparou de forma assertiva a transição para um modelo que propiciasse um crescimento sustentável, e hoje estamos vivenciando medidas bastante restritivas que comprometem o crescimento do país e geram grandes dificuldades a Estados e Municípios. O Governo Federal gasta muito e gasta mal. Precisamos de um pacto federativo em que Estados e Municípios sejam contemplados com uma melhor distribuição das receitas públicas.
Considerações da assessoria do parlamentar
Luciano Pimentel é um deputado estadual de primeiro mandato, mas na política não pode ser enquadrado nos rigores de um novato propriamente dito. Com formação em Administração de Empresas iniciada na Bahia e concluída em Sergipe, já foi secretário de Planejamento de Aracaju na gestão de Edvaldo Nogueira, em 2007, e chegou ao mandato ano passado montado numa expertise de 35 anos de Caixa Econômica Federal, o que lhe deu muita régua e compasso em finanças e gestão.
Ele é visto no âmbito do Poder Legislativo estadual, ao lado de figuras como Georgeo Passos, como uma grande promessa. E Luciano já deu provas disso na largada. No dia 10 de fevereiro, pouco mais de uma semana de iniciada esta nova legislatura, ele protocolou na Alese um Projeto de Lei importantíssimo para o atual momento do Legislativo.
É o que acaba com as verbas de subvenções consentidas aos deputados e, no lugar delas, gera a permissão de que cada parlamentar apresente projeto de emenda impositiva ao orçamento do Estado, para obras em municípios e atendimento a entidades rigorosamente sem fins lucrativos.
Apesar de nesta segunda-feira, dia 22, completar quatro meses e onze dias que a proposta foi protocolado na Casa e nunca tenha entrado em pauta, Luciano não perde a esperança e nem a convicção da alta significação de que ele está a propor.
“Será muito bom para o Poder Legislativo num momento em que há um grande apelo da sociedade por uma forma mais republicana na indicação e acompanhamento da execução dos objetivos propostos para liberação de verbas destinadas pelos parlamentares”, diz Luciano Pimentel.