Por Joedson Telles
Notícia animadora para o sofrido torcedor sergipano é saber que o governador Marcelo Déda investirá, em parceria com o Governo Federal, cerca de R$ 15 milhões para modernizar o Estádio Lourival Batista. “Vamos fazer do Batistão um verdadeiro monumento esportivo do nosso estado”, prometeu recentemente o governador, ao comentar o projeto. O governo estima que, antes de o mês de maio se despedir, a ordem de serviço será dada.
Como em tudo na vida, o jardim não é feito só de pétalas de rosas e fragrância inconfundível. Há espinhos. E grandes. No caso do Batistão, parte importantíssima, mas apenas uma peça da engrenagem futebol sergipano, cabem, pelo menos, duas perguntas com respostas óbvias, para quem tem na ponta da língua a explicação de termos o pior futebol do Brasil: teremos bons jogadores a pisar o novo gramado do Batistão ou os perebas, os pernas de pau de sempre continuarão arrancando grama e público do estádio?
A segunda indagação, não menos importante, vai no sentido de saber de um espinho ainda maior cravado na carne do nosso pobre futebol: em meio ao que será excluído do novo Batistão estará também o presidente da Federação Sergipana de Futebol? Um senhor de idade que atende pelo nome de Carivaldo de Souza, cujas mãos enterram o futebol sergipano, mas não tem a grandeza de discernir isso e se mandar.
Na última quinta-feira 9, ao exibir a gelada notícia, quase 24 horas depois, do empate em 1 x 1 entre Confiança e Fortaleza, em Aracaju, um apresentador de uma TV local falou em tom de glória que o Confiança garantiu o segundo jogo. Meu Deus! Que pobreza. Quanta conformação. Observe, internauta, que não foi um empate suado contra um time de ponta do Brasil, jogando em casa. O Peixe, na vila. O Mais querido, no Rio. O time da moda, em Minas Gerais. Que nada. O Confiança empatou, no Batistão, com o mesmo time que outro dia, pela Copa do Nordeste, derrotou por 3×0. Ou seja: um time medíocre como o Confiança.
Não tenho a menor dúvida: se não fosse os pernas de pau e a política falida da Federação Sergipana de Futebol, a frase do comunicador seria permutada por uma outra mais ou menos assim: “Confiança vacila em casa e perde pontos para o fraco Fortaleza”. Ao contrário da conformação animada, estaríamos a lamentar. Criticar nossa equipe por ter deixado um adversário do mesmo nível tirar pontos importantíssimos em pleno Batistão.
Não prego aqui a utopia de os times sergipanos contratarem jogadores de seleção. Atletas consagrados no futebol europeu, inclusive craques estrangeiros. Tampouco a exportação de uma mega executivo de nível internacional para dirigir a FSF. Não é preciso tanto. Miremos no exemplo de times nordestinos como o Vitória, o Náutico e, mais recente, o Campinense, que papou a Copa do Nordeste e se deixar a do Brasil, quarta-feira, sai pela porta da frente, eliminado pelo Flamengo fora de casa.
Precisamos deste espelho, e não de cultivar o que já se mostrou falido. Se o atual Batistão não merece jogadores pernas de pau e Carivaldo, imagine depois de receber o investimento de R$ 15 milhões? Fora perebas. Fora Carivaldo. Do contrário, termos um estádio moderno, mas sem a sua essência: futebol e torcedor.