Por Joedson Telles
O deputado estadual Capitão Samuel Barreto (PSL) apresentou um requerimento, nesta terça-feira 22, na Assembleia Legislativa, com o objetivo de recolher assinaturas e, posteriormente, instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa, cuja finalidade é detalhar como e quais os critérios do Governo do Estado para o uso da verba publicitária prevista no Orçamento do Estado.
“Não é para perseguir o governo. Não quero caçar bruxas. Queremos esclarecer como são feitos os gastos. Quais os critérios para a escolha das rádios que recebem verba do governo. Saber por que uma recebe muito dinheiro e outra nada”, explicou Samuel Barreto.
Como a oposição não tem maioria absoluta na Casa, a tal CPI, se chegar a ser aprovada, pode já nascer morta. A um ano das eleições, o governador em exercício Jackson Barreto (PMDB), pré-candidato a suceder a si mesmo, certamente, pode trabalhar junto aos deputados e abortar a ideia. Aliás, é difícil o assunto CPI ganhar cores no Poder Legislativo – seja em Sergipe ou outro lugar do Brasil – e o Executivo ficar de braços cruzados…
… A ideia de CPI, na verdade, que já vem sendo cogitada pelo vice-líder da oposição, o deputado estadual Augusto Bezerra (DEM), há muito tempo, tem um pano de fundo conhecido: Mega FM. Se o internauta preferir, o radialista George Magalhães. A Assembleia Legislativa não tem histórico de cingir a Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado – até porque os deputados sabem que é justamente o Governo do Estado o maior anunciante de Sergipe, e, óbvio, com receita em baixa, o que não falta é cabeça de jornalista na guilhotina.
Além disso, a publicidade governamental é lastreada em lei. Tem como objetivo a transparência do uso do dinheiro publico nas ações do próprio governo. É através da mídia que a sociedade toma ciência dos passos de qualquer governo. Publicidade não nasceu no governo Marcelo Déda. Tampouco Jackson Barreto.
O problema é que fora dos holofotes, quem vive a política de Sergipe sabe que o comportamento de George Magalhães não agrada aos deputados da oposição. Não falta parlamentar apontando o radialista como um profissional tendencioso. Crítico da oposição ao extremo. Mas useiro e vezeiro da chamada ‘vista grossa’, quando o assunto pode desgastar o governo do Estado.
A CPI, neste contexto, passa a ser vista pelo deputado Samuel, entre outros, como uma forma de brecar o que está sendo visto como excessos do radialista, visando evitar mais desgaste para a oposição no ano da eleição – 2014. Resta saber se há, de fato, elementos para brindar George Magalhães com o que o senso comum batizou de “cala a boca”. Ou seja, é mais uma polêmica da política genuína que o tempo se incumbirá de cuidar.