Matéria do G1 na campanha de acesso à série C com Betinho
Por Joedson Telles
Veja o que diz o jornalista Marcelo Pereira Sant’Ana, presidente do Bahia, ao site Tribuna da Bahia, falando em limitações financeiras. Depois entro em campo.
“O orçamento para futebol em 2016 é de R$ 47 milhões. Acréscimo de 50% se comparado à temporada passada. Isso nos permite ter uma folha de R$ 2 milhões ao mês. Na Série B de 2015, tínhamos uma folha de R$ 1,4 milhão”.
Estou em campo. O internauta sabe revelar com precisão de quanto o Confiança faz uso para os mesmos fins? A última vez que tive notícia da folha proletária não chegava aos R$ 300 mil.
Levando em conta que futebol é dinheiro, é profissional, quem duvidar terá que engolir seco que o melhor jogador do mundo, o argentino Messi, coloca sozinho no bolso algo em torno de € 65 milhões (em reais 221 milhões, aproximadamente) por ano. A dúvida: molestar o Confiança pelo insucesso frente ao Bahia, e consequentemente, na Copa do Nordeste seria ignorância, desinformação, covardia ou falta do que fazer embaralhado com uma ululante vontade de aparecer?
Pô! Que o time faz uma pífia campanha na Copa Nordeste, ninguém tem dúvida. Que precisa com urgência contratar jogadores que correspondam às expectativas idem. Salta aos olhos. Mas diante desta realidade financeira como cobrar do Confiança estar no mesmo nível do Bahia? Vale o mesmo para outros times do Nordeste que têm bem mais estrutura que o Confiança. O Confiança já faz muito pelo dinheiro que tem para investir.
Futebol, infelizmente, virou uma hierarquia, não da paixão do torcedor, mas financeira. Quem tem dinheiro tem os melhores jogadores e ponto final. O jogador que se destaca logo é encaminhado a um time com mais recursos financeiros. É mercado.
Os dois melhores jogadores do Confiança, nos últimos anos, ilustram bem o capitalismo em campo: o goleiro Everson e o meia Richardson. Ambos estão no Ceará. E, certamente, seguiriam para o Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro se assim os clubes com mais recursos desejassem. Caso um time europeu ou chinês, por exemplo, quisesse tirá-los de qualquer time brasileiro seria moleza também. É assim que funciona o futebol atualmente. A China desmanchou o campeão brasileiro da série A sem piedade.
O problema é que nem todos entendem isso. Futebol parece apenas um lazer, um passa tempo, mas, na verdade, vai além. Exige conhecimento e informações do todo para se entender o que acontece no gramado. E conhecimento é artigo de luxo em qualquer área. Não é só abrir a boca e falar o que vem à mente. Sob pena de não falar coisa com coisa é preciso fundamentar juízos. Arrume quem banque os sonhos do excelente e milagreiro treinador Betinho e teremos um Confiança igualzinho aos melhores do mundo: Real Madrid, Barcelona e Bayern de München. A diferença é que o Dragão continuará tendo a torcida mais apaixonada.
