Por Joedson Telles
O deputado estadual suplente Gilmar Carvalho externou um sentimento curioso, na manhã desta terça-feira 30, nos primeiros minutos do seu programa, na Ilha FM. Gilmar enxerga o que define como o desejo do PT em ver uma candidatura de João Alves ao governo do Estado, em 2014, como uma forma de definir que ele, Gilmar, agiu como “um doido, um idiota”, em 2006, quando abraçou o projeto Déda governador em oposição ao mesmo João.
O comentário não deixa de ter sentido. Todavia merece reparos. Na verdade, a febre acomete parte do PT, e não todo o PT, é bom não misturar as coisas. Petistas da Articulação de Esquerda – Ana Lúcia, Iran, Dudu da CUT, Joel do Sintese entre outros -, por exemplo, continuam enxergando o projeto João um avesso do que defendem historicamente – sobretudo do ponto de vista ideológico. Isso mesmo. Ainda existe ideologia no PT.
E, ao contrário do que pode passar o comentário de Gilmar, alguns petistas não passaram a morrer de amor por João Alves da noite para o dia. Que nada. O que acontece, de fato, é que passaram a falecer de ódio pelo senador Eduardo Amorim – sobretudo depois daquela história da eleição da Mesa da Assembleia.
Neste clima de animosidade, é óbvio que temem que, em João Alves não disputando o pleito, tenha como destino o palanque de Eduardo Amorim. Pior: não vá como mero objeto de arte a decorar o ambiente. Assim como o PT fez com o próprio Eduardo Amorim, quando da aliança de 2006, para a maioria equivocada já na sua gênese.
O fato é que qualquer pessoa minimamente entendida de política, e, lógico, que não tenha vendido o juízo a nenhum político, ajuíza o seguinte: Eduardo, se não recuou lá atrás, quando fazia parte do grupo de Déda, podendo apoiar JB, que em vencendo só teria direito a um mandato, e, posteriormente, ele, Eduardo, seria o candidato natural com apoio de todos – inclusive do governador – imagine agora, que “não tem mais nada a perder”, já houve o rompimento?
Já disse neste espaço, político não entra em disputa nenhuma – sobretudo majoritária – sem levar em conta dois detalhes a espelhar perdas futuras: o sentimento do seu grupo para ajudar a construir a candidatura, ninguém é candidato de si mesmo, e, óbvio: o termômetro das pesquisas a indicar que o eleitor, ou pelo menos parte considerável dele, se predispõe a respaldar o projeto nas urnas. Eduardo, pelo que consta, tem hoje as duas coisas – e mais a tranquilidade de, em perdendo a eleição, continuar mais quatro anos no Senado. Aí eu indago: Eduardo será ou não candidato? Creio ser desnecessário repetir o título deste artigo. Aposto da inteligência do internauta.
P.S. É evidente que o grupo do PSC sonha acordado com o apoio de João. Se parte do PT sonha, imagine um grupo que já foi da conzinha de João, e pediu voto para ele, em 2012?