O programa Jovem Tech, lançado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Inovação (Semde), e do Instituto de Inovação de Sergipe (Inova-SE), surge como um novo caminho de oportunidades para jovens e adolescentes de Aracaju ingressarem no mercado de trabalho tecnológico.
Ao todo, serão disponibilizadas 600 vagas para cursos de capacitação em linguagens de programação e educação empreendedora, objetivando preparar os participantes para o pungente mercado de tecnologia.
De acordo com o gerente-executivo do Inova-SE, Marcos Vasconcelos, o objetivo do programa é nobre: formar desenvolvedores de software por meio do conhecimento em linguagens de programação, a partir de candidatos que não estão no mercado de trabalho ou que estão fora dos sistemas formais de educação.
“Percebemos que, aproximadamente, 30% da população jovem de Sergipe e de Aracaju se enquadram naquilo que a gente chama de pessoas que não conseguem trabalhar ou estudar, ou uma coisa ou outra, ou as duas coisas ao mesmo tempo. A gente percebeu que a pessoa, às vezes, termina o ensino médio, mas não teve acesso ao ensino universitário, ao emprego. Então, o projeto visa atender a uma parcela significativa da população, proporcionando uma oportunidade de mobilidade social”, frisa o gerente-executivo.
Na opinião de Marcos, a Prefeitura acerta ao fomentar o projeto, não somente porque dará condições e oportunidades a jovens, mas porque cria um núcleo de inteligência tecnológica altamente criativo e com poder de resolução de problemas. “Nós queremos iniciar uma mudança na vida dessa juventude. É um projeto de inclusão tecnológica. A Prefeitura acerta em investir e acolher um projeto desse nível, bem como a bancada sergipana no Congresso. Queremos fazer uma mobilidade social, queremos que essa meninada possa ter a chance de sair do desemprego e ter uma renda média de três a quatro mil reais, por meio de desenvolvimento de software. E isso é possível”, argumenta.
O programa será desenvolvido no Caju Hub, espaço a ser instalado pela Prefeitura no Centro de Arte e Cultura J.Inácio, na Orla da Atalaia, para a execução desse e de outros programas, visando sempre o estímulo do empreendedorismo e do desenvolvimento de novos negócios na área tecnológica. Toda a obra de adaptação será executada pelo Inova-SE.
A parceria foi viabilizada por meio da assinatura de um Termo de Fomento, no valor de R$ 6,5 milhões. Desse montante, R$ 3 milhões foram destinados pela bancada de Sergipe no Congresso Nacional, e outros R$ 3,5 milhões pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, repassados ao Inova-SE. A Prefeitura entra no projeto como idealizadora, assumindo a manutenção do Caju Hub, além de coordenador e fomentar projetos futuros.
A assinatura do termo ocorreu em 12 de março, com a presença do prefeito Edvaldo Nogueira, da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do diretor-executivo do Inova-SE, Marcos Vasconcelos Costa, além de empresários e outros atores locais do sistema tecnológico inovador.
Casa da inovação
Para o diretor de Inovação e Tecnologia da Prefeitura de Aracaju, Walter Andrade Junior, o Jovem Tech marca o início do ambicioso Caju Hub, espaço que abrigará diversas iniciativas de qualificação, como a capacitação de servidores públicos em áreas como segurança cibernética, além do desenvolvimento de outros projetos mais complexos, criando uma verdadeira ‘casa’ para o encontro de mentes inquietas.
“É o pontapé inicial. Tivemos a ideia de trazer uma OS (Organização Social) que pudesse tocar o projeto, só que o Caju Hub é muito mais que o Jovem Tech. Ele leva, a reboque, uma cesta de serviços muito maior, um ambiente de inovação multifacetado, que não se limita apenas ao aspecto tecnológico, mas também aborda questões sociais e ambientais, entre outros nichos”, afirma Walter Andrade.
O diretor enfatiza ainda a importância de Aracaju no cenário nacional. “Por ser uma cidade com padrão de vida elevado, a capital torna-se um destino atrativo para nômades digitais, o que instiga a necessidade de qualificar a mão de obra local para atender às demandas do mercado. E o Caju Hub se enquadra perfeitamente nisso”, disse.
Seleção
De acordo com o gerente executivo do Inova-SE, Marcos Vasconcelos, as capacitações do Jovem Tech serão voltadas apenas a análise de redes, sistemas, desenvolvimento de software e as demandas do mercado privado de tecnologia, com base nas necessidades das empresas, abrangendo árare, entre outras.
O processo seletivo para o Jovem Tech será divulgado assim que o prédio for adaptado. Contudo, a seleção incluirá avaliações de conhecimentos básicos em matemática e interpretação de texto para garantir a qualidade do nível de formação dos candidatos selecionados.
“Infelizmente, não pode participar qualquer pessoa. Vai exigir um pequeno pré-teste para que a gente possa avaliar o grau de conhecimento mínimo básico em funções matemáticas e interpretação de texto, porque isso é o mínimo que se pode exigir. O processo seletivo passará por essa avaliação de conhecimentos básicos”, explica Marcos Vasconcelos.
Ao todo, são 600 vagas ao longo de dois anos e meio, distribuídas por turmas, em média, de 200 alunos por ano.
Caju Hub
Neste momento, segundo Marcos Vasconcelos, o prédio da Galeria J. Inácio passa por processo de adaptação do ambiente, com prazo de conclusão de 90 dias, e previsão de início das aulas para meados de julho deste ano. “O prazo máximo para entregar o prédio todo preparado para iniciar as capacitações é de 90 dias, concluindo em julho deste ano”, conta.
O diretor de Inovação da Prefeitura revelou ainda que o município investirá cerca de R$1,5 milhão para a manutenção do espaço no primeiro ano de funcionamento e expressou o desejo de trazer o Google para oferecer treinamentos em Cloud Computing.
Walter Junior destacou a colaboração entre diversos atores do ecossistema de inovação, “incluindo govtechs e negócios de impacto social, para impulsionar o desenvolvimento da cidade e promover soluções que melhorem a vida dos cidadãos”.
