Por Joedson Telles
Pré-candidato ao Governo do Estado, o senador Rogério Carvalho pode dar um tiro no próprio discurso de oposição, caso venha ter em seu futuro palanque a presença do ex-governador Jackson Barreto. O senador não esconde que vem conversando com JB e que deseja tê-lo por perto.
Rogerio sabe que JB, embora, há muitos anos, não tenha mais aquela densidade eleitoral que o fez prefeito de Aracaju, ainda tem experiência, votos e gogó. Língua afiada. Ou seja, pode ser útil às pretensões petistas.
Do mesmo modo, inegavelmente, a história coerente de JB em favor da causa social harmoniza-se facilmente com o discurso Lulista, que, irrevogavelmente, estará presente no pleito deste ano.
O problema, no entanto, é que, ao formalizar uma aliança política (se é que vai corresponder às expectativas de ambos e desembarcar no ninho petista), JB chegaria levando na bagagem não apenas o bônus: haveria o antônimo a completar a frase.
Este ônus seria permitir aos adversários relembrar o governo Jackson Barreto; para muitos o prior da história de Sergipe. Dito, inclusive, pelo deputado estadual petista Robson Viana.
Rogério Carvalho teria, assim, mais dificuldade para falar em mudança com JB no palanque. Como criticar o governo Belivaldo Chagas? Sonegando que Belivaldo recebeu a chamada herança maldita das mãos de JB? Aliás, a famosa frase “cheguei pra resolver” tem como complemento o óbvio: “os problemas deixados pela gestão passada”.
Lembro em tempo que Rogério Carvalho, quando critica a gestão Belivaldo Chagas, já não encontra eco numa fatia considerável do eleitor pelo fato de ter feito parte do mesmo grupo. Do mesmo governo.
Aliás, numa destas pérolas da política, o PT bate no governo que tem o próprio PT ocupando a vice-governadoria. Imagine, agora, o PT criticando o governo com apoio do ex-governador Jackson Barreto. Imagine um pouquinho mais: o Sintese apoiaria a pré-candidatura de Rogério, ao lado de JB, depois daquela onda dos óculos?