Outros deputados cobram mais atitude do Poder Legislativo
Por Joedson Telles
Nesta segunda-feira 3, quando houve a primeira sessão do segundo semestre na Assembleia Legislativa de Sergipe, os deputados Augusto Bezerra (DEM), Goretti Reis (DEM), Paulinho Filho (PT do B), Samuel Barreto (PSL) e Gilson Andrade (PTC), todos citados, sem a apresentação de provas, pelo ex-deputado Mundinho da Comase (PSL) como participantes de um esquema de lavagem de dinheiro, optaram por não comentar a polêmica. Todos se fizeram presentes à sessão, mas se retiraram antes do encerramento, evitando, assim, serem abordados pelos jornalistas. Conversaram muito entre eles, mas nada de conceder entrevista. A exceção foi o deputado Gilson Andrade, que ficou até o final da sessão e falou rapidamente com os repórteres, que o seguiram até o elevador. Gilson limitou-se, contudo, a afirmar que o que tinha a dizer está numa nota que enviou à imprensa, na qual nega o seu envolvimento e acusa Mundinho de mentir para ser solto. A expectativa é que a deputada Goretti Reis faça um pronunciamento sobre o assunto, nesta terça-feira 4.
O deputado estadual Georgeo Passos (PTC), integrante da bancada de oposição, mesmo não tendo seu nome citado por Mundinho (ele sequer era parlamentar na legislatura passada, foco da investigação), comentou o assunto, ao ser provocado pela imprensa. Segundo ele, a Assembleia Legislativa, como um poder, precisa ser respeitada. “O poder é impessoal. Independente de as verbas de subvenção estarem sendo investigadas, cabendo à polícia e ao Ministério Público fazerem a sua parte, a Assembleia não pode ficar omissa ao que está acontecendo fora daqui. Temos que continuar nossas atividades, esperarmos o desenrolar dos fatos, a Justiça decidir como ficarão estes processos. A Assembleia não pode ficar seis meses sem fazer nada”, disse Georgeo.
Gustinho
Também fora da lista de Mundinho da Comase, o deputado estadual Gustinho Ribeiro (PSD), que pertence à bancada que dá sustentação ao governo Jackson Barreto (PMDB), ao ser provocado por jornalista sobre a polêmica, afirmou que a Assembleia precisa produzir mais projetos e debates que possam ajudar ao desenvolvimento de Sergipe. “Temo uma crise que é de conhecimento de todos os sergipanos, mas crise se vence com trabalho. O Poder Legislativo tem que se posicionar. Dialogar com a sociedade e mostrar que esta Casa é séria que atua em benefício do povo do nosso estado”, pontuou.
Gustinho disse ainda que assuntos que envolvem a ética e corrupção abalam a imagem da Assembleia. Mas o poder tem que ser maior. “Não pode se apequenar neste momento. O poder tem que mostrar que é uma casa formada por pessoas de bem. As extintas verbas de subvenções foram feitas dentro de uma lei que garantia a legalidade dos repasses. Os deputados fizeram o correto. Agora se lá na ponta, se entidades, algumas pessoas utilizaram de forma inadequada, cabe aguardar o posicionamento do Poder Judiciário para que possa punir aqueles que usaram de forma inadequada”, disse Gustinho.
Sobre a citação de cinco deputados e um ex-parlamentar pelo ex-deputado Mundinho da Comase como participantes do esquema de lavagem de dinheiro, Gustinho observou que a delação premiada está virando moda no Brasil. “É um instrumento para garantir a investigação com mais tranquilidade. Uma investigação que garanta a verdade. Mas não basta você dizer o que quiser. Tem que falar e provar. Mundinho deve apresentar provas. Acredito na responsabilidade do ex-deputado. Agora, nenhuma instituição pode usar a força que a mídia tem para denegrir os poderes. Os que erraram paguem, mas a imagem do Poder Legislativo deve ser preservada”, disse Gustinho.
Foto/César de Oliveira