Por Joedson Telles
O ex-ministro do STF Carlos Britto tratou de desmentir de pronto a informação que disputará a eleição para o Senado Federal, em 2018. O vento foi semeado pelo jornalista Jozailto Lima, no seu blog, o JL Política, que, posteriormente, trouxe as observações pertinentes do jurista sergipano negando pretensões açodadas. Creio que Carlos Britto acerta, ao descartar uma candidatura que, ao que tudo indica, só existe mesmo no imaginário da fonte que condicionou a informação ao off do blogueiro.
Ninguém coloca em xeque: Carlos Britto é um excelente quadro jurídico. Uma reserva moral e intelectual. Sua biografia prova com facilidade o seu talento e dispensa comentários. Evito, inclusive, o jornalismo histórico em respeito à inteligência do internauta. O jornalismo óbvio acaba sendo meloso. O Brasil conhece o jurista Carlos Britto.
Todavia, no tocante à política partidária, não sei se o Carlos Britto político teria o mesmo êxito que o Carlos Britto jurista. Relevo idêntico. A oportunidade de ser ele mesmo. De servir ao coletivo. A injustiça com sua história correria o risco de ser desenhada antes mesmo de assumir o tal mandato. Precocemente.
Exagero? Que nada. Imagina só Dr Carlos Britto ser derrotado nas urnas, por exemplo, por um Jackson Barreto com governo medíocre e tudo? O eleitor decide por parâmetros obtusos. Vá confiar…
Mas e se Carlos Britto obtivesse êxito na imaginária eleição? Boa pergunta. Poderia não ser viável para ele próprio. De forma seca: no mar de lama que vive a política brasileira regada pela Lava Jato conseguiria Carlos Britto juntar-se a minoria sofrida e ajudar o Brasil com ações práticas? Ou seria apenas mais um dos bons a ser engolido por uma maioria viciada?
Evidente que Carlos Britto eleito senador seria uma voz ímpar e respeitada a espelhar a ética, a moralidade, a reconhecida astúcia a serviço do bem coletivo. O que Carlos Britto edificou não permite a qualquer pessoa, minimamente informada, pensar diferente. Mas não podemos esquecer: ali, o lugar do tapete azul, assim como a Câmara, é um colegiado. Tudo é no voto. Vence a maioria. E uma maioria contaminada por interesses pessoais. Culturalmente a serventia do Poder Executivo, salvo raríssimas exceções.
Ironicamente, sonhamos com um Congresso Nacional coalhado de homens e mulheres com o perfil de Carlos Britto. Com uma política de afins em ação. Estaríamos bem representados. Mas, utopicamente, penso que seria preciso ir além de candidaturas isoladas. Cogito uma força tarefa com os mesmos ideais. Engendrar um sentimento real pela moralização do Brasil que desaguasse em várias candidaturas de pessoas com o perfil de Carlos Britto.
Que cada estado apresentasse seus melhores quadros de modo que estes novos soldados, ao se juntarem à minoria que já tem mandato e não o contaminou, representassem uma bancada sólida de, pelo menos, 50% no Senado e na Câmara. Entende, agora, o verbete utópico usado no parágrafo anterior? Romântico. Mas só assim vejo um homem público como Carlos Britto sendo candidato e correspondendo expectativas suas e dos demais. Com todo o respeito ao contraditório, sem isso, nada feito.