Ao contrário do que diz Venâncio, deputado nega. Mas admitiria com Déda no jogo?
Por Joedson Telles
Os menos atentos, ao fitarem o título deste texto, terão, por certo, dificuldade de discernir o ponto exato onde a agulha perfura o pano antes de o alfaiate sequer concluir seu afazer. Evidente que antes de se observar o traje, surge a necessidade de se levar em conta que o próprio Rogério já tratou de desmentir que esteja em campanha – como alardeou o líder da oposição na Assembleia Legislativa, o experiente Venâncio Fonseca.
Difícil é ele, Rogério, dizer a si mesmo que isso não povoa sua mente – sobretudo pelo fato de o candidato natural do grupo, o governador Marcelo Déda, ainda não ter decidido se vai ou não à festa com direito a fotografia nas urnas.
Como é praxe na política, se indagado, Rogério Carvalho, certamente, negará, de pronto. Grita a obviedade. Dentro do PT, contudo, é possível notar que ele e o deputado Marcio Macedo já não respiram o mesmo ar. Aliás, já há quem diga que Márcio Macedo disputará o chamado PED para tentar voltar à presidência da legenda em Sergipe. E certamente, a Articulação de Esquerda, que ainda não digeriu 2012, também terá candidato próprio. Dito de outra forma: as vísceras serão expostas de vez, já que não está nos planos do atual presidente, o próprio Rogério, largar o filé (o osso?).
Qualquer mentecapto minimamente informado sobre política discerne que a possibilidade de o governador Marcelo Déda decidir ficar até o final do seu mandato e, a partir de janeiro de 2015, ser um político sem mandato, seria também uma perspectiva real de Rogério realizar um antigo sonho: partir firme para se tornar a maior referência do PT em Sergipe. De forma seca: ser o maior líder petista no estado. Ainda que parte da militância não simpatize muito com a ideia, Rogério não enxerga isso como uma pedra instransponível para chegar ao seu objetivo.
Neste cenário, não é difícil imaginar que uma candidatura ao Senado cairia como uma luva. Em caso de vitória, pesaria ter direito a sentar oito anos em uma das cadeiras postas em cima do desejado tapete azul. E olha que seria uma candidatura que já nasceria grande. Além de ser um bom deputado e um político arrojado, Rogério Carvalho demonstrou, sobretudo na eleição de 2010, quando foi o deputado federal mais votado, sua força enquanto liderança. Isso, evidente, sem falar na densidade eleitoral.
O problema, entretanto, é que, ao fazer a possível dobradinha com Jackson Barreto na majoritária, o deputado petista estaria fechando de vez as portas para um acordo – mesmo que precisasse ser por baixo do pano – com o prefeito João Alves. Planos de alguns petistas, de todos do PMDB, mas descartado por João Alves e aliados. Em outro momento esterno a obviedade que cerca os motivos.
Voltando à possibilidade de Rogério disputar o Senado, sem acordo, João Alves, em não sendo candidato ao governo, enxergaria na aliança com Eduardo Amorim uma saída para fortalecer o possível projeto de reeleição da senadora Maria do Carmo. Peça importantíssima no tabuleiro, mas muitas vezes esquecida por certos analistas. E outras tantas deixada de lado equivocadamente. A propósito, o projeto reeleição Maria talvez empunhe João Alves na Prefeitura de Aracaju – mesmo que pesquisas e saúde lhe empurrem para a disputa pelo governo. Maria sempre pesa nas decisões de João.
A depender de Brasília, a possível aliança ainda poderia ter o senador Antônio Carlos Valadares (PSB), que sem poder estar no mesmo palanque que o PT pode avaliar ser bem melhor acabar com a animosidade infantil que vive a alimentar com os Amorim e acordar para ter Valadares Filho como candidato a vice-governador na possível chapa encabeçada por Eduardo, tendo Maria como o nome para o Senado, e João Alves o cabo eleitoral dos sonhos. Evidente que se trata de um caminho entre outros possíveis. A política é assim. É, óbvio, por exemplo, que uma candidatura de João mudaria tudo. O mesmo João que já provou adorar desafios tidos por outros políticos como ideias megalomaníacas. Loucura.
P.S. Nunca é demais lembrar que João Alves já fez graves acusações contra Rogério que foi à Justiça e perdeu. O que o eleitor diria, ao ver os dois no mesmo palanque?