E entrevista coletiva realizada na manhã desta quarta-feira, dia 3, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi) e as Defesas Civis estadual e municipal detalharam o trabalho de busca e salvamento no imóvel que desabou após uma explosão na Avenida João Ribeiro, no bairro Santo Antônio, em Aracaju, no último domingo, 31. A explosão ocorreu por vazamento de gás, mas a perícia irá delimitar a dinâmica desse fato que desencadeou também o desabamento.
Ainda conforme os órgãos que atuaram na operação de busca e salvamento, o imóvel não tinha atestado de regularidade do Corpo de Bombeiros, o que impedia emissão de alvará de funcionamento. Portanto, mantinha pessoas morando nas habitações de forma irregular. Dos 48 imóveis (44 deles ocupados), 16 desabaram, causando a morte de cinco pessoas. Outras 14 foram resgatadas com vida.
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Fábio Cardoso, o local não apresentava características externas que demonstrassem que o imóvel era dedicado à residência multifamiliar. “Porque se trata de duas fachadas que, a princípio, mostram ser ramos familiares, mas, quando adentramos, percebe-se que existem residências multifamiliares e muito fora da norma do Corpo de Bombeiros”, evidenciou.
Ainda de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, a explosão aconteceu em decorrência do vazamento de gás. “Não foi a explosão do botijão, foi o escape do gás. O gás ficou no ambiente e, quando houve um acendimento da tomada e a fagulha, aconteceu a explosão. E isso gerou o desabamento”, explicou o coronel Fábio Cardoso.
Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, Luiz Roberto, em torno de 16 unidades residenciais ficaram danificadas com a explosão e desabamento. “Como era um piso e mais duas lajes, mais ou menos esses 16 ambientes ficaram danificados. Já os que não ruíram irão para avaliação estrutural para verificar a situação, além da parte da perícia”, detalhou.
Com o desabamento, diversas pessoas ficaram sem moradia, e o Governo do Estado e a Prefeitura de Aracaju estão atuando para o atendimento a essas famílias. “A Secretaria da Assistência Social está dando todo o apoio às famílias desalojadas, já que eram 44 residências habitadas. É um quantitativo grande de material lá dentro. Então é preciso cuidado para ter esse acesso”, ressaltou.
Explosão e mortes
Conforme o tenente-coronel Silvio Prado, secretário de Defesa Civil de Aracaju, é possível que a concentração maior tenha sido no térreo. “Como aconteceu no térreo, toda estrutura de baixo perdeu a sustentação, e a parte de cima veio a baixo. É uma linha de raciocínio, mas é a perícia que irá definir a dinâmica do fato. E identificar essas causas é muito importante, pois nos ajuda a prevenir outros acidentes”, detalhou.
Perícia no imóvel
Segundo o coronel Fábio Cardoso, para esta quarta-feira, 3, está marcada a perícia do Corpo de Bombeiros juntamente com a da Polícia Científica. “São perícias complementares, e uma não anula a outra. A perícia será feita em conjunto com a Defesa Civil de Aracaju, porque ainda há alguma área de instabilidade. Após a coleta de dados e informações, será feito todo o trabalho investigativo, com previsão de 30 dias”, especificou.
Enquanto ainda ocorrem os trabalhos de defesa civil e segurança pública, o imóvel permanece interditado, assim como explicou o tenente-coronel Silvio Prado. “Temos pontos com risco de desabamento. Estaremos com engenheiro e empresas qualificadas para escoramento da estrutura. Faremos o necessário para que a segurança volte e os procedimentos sejam cumpridos”, acrescentou.
Novas determinações para segurança
Diante do caso de explosão com desabamento do imóvel, o Governo do Estado determinou que os órgãos da administração estadual se somem aos órgãos municipais para a criação de uma força-tarefa para fazer uma busca de residências com características similares. “Para que a gente notifique e comece um processo de regularização para promover a segurança de quem habita nesses locais”, explicou o comandante do CBMSE.
Essa busca de imóveis com características semelhantes deve contar com o apoio dos proprietários e, também, dos moradores. “Caso o proprietário não procure o Corpo de Bombeiros, que o morador denuncie pelo telefone 193 ou pelo nosso Fale Conosco para termos dados dos locais que podemos fiscalizar, mas que não é visível identificar pela fachada que é uma unidade multifamiliar”, complementou o coronel Fábio Cardoso.
Orientações para moradores
Para que as pessoas possam morar em propriedades multifamiliares com segurança, o comandante do Corpo de Bombeiros recomendou que as pessoas procurem pelo atestado de regularidade. “É um procedimento inicial de quem quer alugar algum imóvel multifamiliar, isso colabora com a prevenção fazendo com que a gente aumente a nossa capilaridade de proteção da sociedade”, ressaltou o comandante do CBMSE.