Por Joedson Telles
Se tudo acontecer dentro das expectativas, o Tribunal Superior Eleitoral condena, nesta sexta-feira, dia 30, o ex-presidente Jair Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Perdendo por 3 x 1, se não reverter – o que para a maioria dos analistas políticos é muito difícil -, Bolsonaro ficará inelegível até 2030.
Em se confirmando a derrota, entretanto, sua defesa poderá recorrer. Embargos de declaração e recurso extraordinário se oferecem como caminhos.
Bolsonaro pode ser mandado à guilhotina por conta de ter criticado as urnas eletrônicas, colocando em xeque o sistema eleitoral do Brasil, e, obviamente, indiretamente, seus responsáveis. Dito de outra forma, terá cavado a própria cova por falar o que não deve e, sobretudo, sem ter provas.
Não tenho prazer em dar uma notícia como essa sobre um ex-presidente. O desejo – ao menos dos que pensam no coletivo – é que cada presidente eleito cuide dos problemas do Brasil – e seja um bom exemplo para os demais brasileiros de como um político deve proceder quando lhe for confiado o mais nobre entre os mandatos.
Bolsonaro, infelizmente, nunca entendeu desta forma. E, como é de conhecimento de todos, não atestou isso apenas no episódio em foco.
Cansaria o leitor se fosse relembrar neste espaço todas as vezes que ele se comportou longe da liturgia do cargo que ocupou imerecidamente.
As falas infelizes, as agressões a jornalistas, os insultos aos ministros do STF e a outras autoridades, a forma abominável que agiu durante a pandemia… A história não tarda a registrar em livros o pior momento do Brasil. Mas, ainda assim, não tenho prazer em noticiar o justo e necessário afastamento de Bolsonaro da vida pública.
Não cometi o pecado de votar em Jair Bolsonaro. Porém, uma vez eleito, além de respeitar as urnas, a democracia, jamais vibraria com insucesso do presidente do Brasil. Não atiraria no próprio pé. Preferia noticiar trabalho em prol da população e outros gestos nobres.
Bolsonaro, aliás, sequer “precisou” de torcida contra, adversários, oposição. Tudo isso existiu, é óbvio. Existe ainda muitos que querem seu mal, inclusive com sentimento de vingança. Entretanto, foi ele, Jair Messias Bolsonaro, quem tratou de afundar seu governo e a si próprio.
Sem perceber, suponho, Bolsonaro sempre foi seu maior algoz. Quantas vezes ele agiu como não deveria e tentou consertar depois o que não tem conserto?
A impressão que o ex-presidente deixa é que acreditou que o mandato não apenas era vitalício como também lhe blindaria de qualquer ação por mais absurda que fosse. Ratou feio. E, ao que tudo indica, terá longos anos pela frente de inelegibilidade para a necessária reflexão.
Se continuar adotando o discurso de “vítima”, porém, Bolsonaro pode até enganar a si mesmo e a uma parcela do eleitorado, mas atestará para muito mais gente que não aprendeu a lição. Faria tudo outra vez, se oportunidade lhe fosse dada. Deus é mais…