Os tumultos por conta da falsa notícia de que o Bolsa voto, quer dizer, Família estaria acabando merecem ser analisados por diversos ângulos. Peguemos alguns. O programa foi criado, em 2003, para atender, emergencialmente, famílias que chegam aos degraus mais baixos da sociedade. Quando os governos deveriam sentir vergonha de alguns dos seus atos e da ausência de outros. Mas só uma pessoa totalmente desprovida de inteligência não é capaz de discernir que o tal programa, na verdade, funciona bem mais como cabo eleitoral.
Nas imagens das agências da Caixa Econômica Federal abarrotadas de gente aflita com a notícia falsa, neste final de semana, espanta não apenas o volume de pessoas como também a visível condição física da maioria dos beneficiados para trabalhar, e parar de dar gastos ao país. O governo federal deveria moralizar o programa.
Não é colocar um ponto final na única renda de muitas pessoas, como pregam adversários mais radicais do PT. Mas moralizar. Valorizar o suado dinheiro do brasileiro que custeia o programa. E isso não é difícil. É preciso, porém, uma triagem para ver quem precisa, de fato, e quem, cinicamente, não trabalha porque não quer. Os malandros que acham mais fácil passar o cartão amarelo e pôr as mãos na mixaria. Outra medida importante é, ao mesmo tempo em que ofertar o benefício, o governo limitar o tempo ao treinamento necessário para que a pessoa tenha condições de encarar o mercado. O programa não funciona sozinho. Exceto para viciar e dar voto. Mas com o caráter social pregado, não.
Da forma que está hoje, o governo apenas vicia pessoas na preguiça. Estimula mulher ignorante a arrumar filho para receber dinheiro sem precisar trabalhar. Numa lógica estrábica, o governo opta por gastar o dinheiro suado de quem trabalha e arcar com uma violenta carga de impostos, bancando quem não trabalha. E, pelo visto, sequer cogita mudar as regras do jogo.
No mês de abril, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, garantiu que os recursos aplicados pelo governo no programa alcançou R$ 20 bilhões, em 2012, e deve subir para R$ 23,9 bilhões, este ano. Isso significa menos de 0,50% do PIB. Uma ninharia, como dizem alguns governistas. Mas que garante bons frutos a cada eleição. Aliás mata de inveja adversários petistas, que ficaram a vida inteira no poder, mas não descobriram a galinha dos ovos de ouro. Tão bom assim para o governo só mesmo muita desinformação para se pensar no ponto final. Não gratuito, a própria presidente Dilma Roussef atribuiu o boato a criminosos, e, garantindo que o dinheiro é sagrado, descartou acabar. “Acabar? Qualé acabar?”, indagaria um malandro que recebe o Bolsa Família e deixa no bolso do dono do bar da esquina. “Se oriente, prego”.