Por Joedson Telles
Gostei do início da gestão Belivaldo Chagas. Começou bem. Em dois dos seus primeiros passos como governador de Sergipe, já colocou o dedo na ferida: anunciou o prosseguimento do pagamento dos servidores públicos e fez uma visita surpresa ao Hospital João Alves Filho. Se for coerente com o urgente, um dos próximos passos será sentar à mesa com o secretário de Segurança Pública e cobrar resultados. Precisará também, pra ontem, completar a lista de prioridades discutindo as finanças do Estado com ênfase na bomba relógio de alcunha previdência.
Se por um lado, Jackson Barreto deixou várias obras, abriu espaço para que Belivaldo sempre estivesse longe de ser um vice-governador ofuscado, o escolheu como sucessor e passou o bastão, por outro, o ex-governador deixou pendências clamando por soluções. Algumas soam crônicas. Outras de difícil solução para qualquer gestor, mas há também problemas que já poderiam ter sido solucionados.
Eis o desafio maior do governador candidato a suceder a si mesmo: encontrar soluções que melhorem a imagem do governo sem poder se dar ao luxo de culpar o antecessor. Além de Belivaldo ser governo, o então titular Jackson é seu amigo, e precisa estar bem junto ao eleitor para ser também o seu maior cabo eleitoral. Aliás, de ambos. E um Jackson anêmico, dificilmente, deixaria de espelhar um pré-candidato Belivaldo idem.
Há, evidente, pouco tempo até as eleições para o tamanho da demanda. Há também os ranzinzas, como, por exemplo, o Sintese, que, até por sobrevivência política, nunca estarão satisfeitos. Todavia, é possível, sim, Belivaldo Chagas dar, se não todas, mas muitas respostas positivas à sociedade e se fortalecer para encarar as urnas.
Desnecessário escrever que o desafio é desmesurado e os adversários desenhados são todos preparados – Eduardo Amorim, Valadares Filho, Mendonça Prado, Dr Émerson… Mas Belivaldo não é um calouro. Além de poder explorar o lado bom do governo JB, ele conhece a máquina, é leve e dado ao diálogo.
Belivaldo tem ainda a caneta para trocar as peças que possam demonstrar falta de sintonia com seus objetivos, tem maioria na Assembleia Legislativa, tem poder de barganha junto às lideranças, e, de quebra, conta com um Jackson solto a fazer política pelo estado, gastando solas de sapatos. Isso tudo sem falar que Galeguinho tem ainda um excelente profissional de marketing ao seu lado.
É evidente que tudo isso está no campo teórico – e não perpassará automaticamente para o prático. Criatividade é o substantivo. Trabalhar é o verbo. Entretanto, o adversário que não fizer esta leitura e sair por aí subestimando o Galeguinho espelhará amadorismo. Até porque o grupo governista já provou que sabe entrar na disputa para vencer.
P.S. Falam que Belivaldo sempre esteve no governo. É verdade. Mas com a caneta a coisa muda de figura.