João Alves: experiência para filtrar
Por Joedson Telles
O prefeito João Alves Filho (DEM), que não disse que é pré-candidato a suceder a si mesmo, mas ninguém consegue imaginar o contrário, tem um problema dentro da sua própria cozinha pedindo solução. João contou com o apoio fiel da sua bancada na Câmara de Aracaju, nestes três anos e seis meses de mandato. Todavia, uma palavra soa comum na boca dos seus aliados: reciprocidade. Quer dizer, a falta de reciprocidade.
É difícil encontrar um parlamentar ligado ao prefeito que esteja satisfeito com o tratamento recebido. A queixa maior é no sentido de terem pedido voto para o então candidato João Alves, mas não terem conseguido junto ao prefeito resolver as demandas dos eleitores, que não deixam de cobrar aos próprios vereadores, enxergando neles “fiadores” do prefeito.
Muitos aliados de João vão disputar a reeleição e já imaginam a necessidade de olhar nos olhos destes mesmos eleitores estando em débito com eles para pedir voto. A coisa se agrava quando se leva em conta que, via de regra, o eleitor sabe que a maioria dos problemas tem solução no dinheiro, mas não sabe que vereador não é ordenador de despesas.
Evidente que o reservatório da comunidade nunca transborda. É uma demanda atrás da outra. Também há aliado que, na mesma linha, se o prefeito permitir, mete a faca no pescoço e sangra sem pena e limites. Inclusive com pleitos pessoais. Mas, até pela experiência política que conseguiu amealhar durante anos e anos de vida pública, João Alves precisa filtrar os excessos, mas jamais deixar de atender a um pleito coletivo – evidente tendo condições para isso. Não tendo é outra história. Mas a coisa tem que ser transparente. Se, hoje, o prefeito não está conseguindo persuadir aliados, imagine eleitores, que sentem na pele os efeitos dos problemas pedindo soluções?
