Por Joedson Telles
Mesmo liderando as pesquisas para o Senado Federal, o senador Antônio Carlos Valadares precisa ouvir os verdadeiros amigos, refletir muito e usar a inteligência que Deus lhe deu para minimizar as amplas dificuldades que terá que enfrentar, caso o seu projeto, em 2018, seja suceder a si mesmo.
Trivial: qualquer candidatura majoritária para ter êxito precisa ter como um dos principais pilares a força dos aliados. Grupo. Quem esquece a derrota do ex-governador Albano Franco, quando disputou o Senado isolado contra, entre outros adversários, o próprio Valadares, em 2010? Poder econômico, amigos e trabalho por Sergipe não deram vencimento.
Astuto, Valadares, certamente, já fez a leitura antecipada. Sabe que a chapa majoritária da oposição não foi anunciada, mas já está fechada: é Eduardo Amorim pré-candidato ao Governo do Estado e André Moura, e não ele, Valadares, pré-candidato ao Senado Federal. A dinâmica da política pode até mudar tais planos, mas que hoje a ideia é essa ninguém mais tem dúvidas.
Evidente que a eleição 2018 reserva duas vagas para o Senado. E, neste caso, na teoria, o bloco de oposição poderia ter André e Valadares na disputa. Na prática, contudo, quando se leva em conta as pré-candidaturas de Jackson Barreto, Heleno Silva, Rogério Carvalho, João Fontes… Entende-se que a oposição terá que trabalhar muito para tentar ficar com uma só vaga, imagine papar as duas? Eleger os dois senadores pela oposição soa impossível no atua desenho. E, neste caso, a tarefa de asfixiar o líder nas pesquisas une oposição e situação pela sobrevivência.
Valadares está atento às chamas e tem discernimento, é óbvio, que André e Jackson têm a maioria dos prefeitos e demais lideranças multiplicadoras de votos envolvidos em seus projetos. Sabe também que um é aliado do presidente da República e o outro é governador e, quando deixar de ser, terá um amigo governador.
Não insinuo aqui que as máquinas (federal e estadual) serão usadas diretamente na campanha. Mas, indiretamente, já estão sendo. E não tem como não ser independente de partido. É do jogo. Como é que André, por exemplo, consegue liberar recursos para Sergipe? E o internauta conhece alguém que no lugar dele faria diferente? Se existir não é político. Não existe político burro…
Não se ensina a pastor evangélico pregar a palavra de Deus. Valadares entende muito mais a situação do que possa ser colocado através deste texto. Entretanto, vale registrar que, excetuando o suicídio da solidão eleitoral, o senador tem duas opções: entra na chapa da oposição, mesmo sabendo que terá muito trabalho para não servir apenas de escada – isto se não for rifado ao manifestar tal desejo – ou tenta construir uma terceira via, sendo o cimento da reaproximação Mendonça Prado x PPS.
Fora isso, só resta ao senador que lidera as pesquisas, paradoxalmente, não ser candidato e focar a pré-candidatura do deputado federal Valadares Filho à reeleição. O problema, neste caso, é saber se o inquieto Valadares estaria disposto a vestir o pijama mesmo ainda sendo o preferido do eleitor.