Por Joedson Telles
O deputado federal Valadares Filho (PSB) assegura, nesta entrevista que concede ao Universo, que, no que depender do PSB, a aliança entre a legenda, o PSDB e o PSC será mantida. Unidade é a palavra. “Estamos conversando. A gente acha que as conversas podem evoluir até o mês de março ou abril. O PSB tem mantido sua coerência de evoluir nas conversas internas, que acontecem permanentemente para que a gente consiga chegar a uma questão que demonstre nossa unidade. Cada partido tem sua autonomia de demonstrar algum tipo de candidatura, o prazo que achar ideal, lançar e colocar seu nome à disposição dentro do que acha conveniente fazer”, diz. A entrevista:
Em 2016, o PSB firmou o compromisso de estar com o PSC na mesma aliança. Mas, necessariamente, apoiar uma candidatura majoritária do senador Eduardo Amorim ou do deputado federal André Moura ou o compromisso foi permanecer todos juntos, em 2018, mas discutir a formação da chapa posteriormente?
Não existiam essas pré-candidaturas, em 2016. Elas não estavam colocadas. Nem Eduardo tinha dito que já era candidato ao governo e nem o deputado André disse que era candidato ao Senado. Claro que são nomes que têm toda a legitimidade dentro do agrupamento político de pleitear a chapa majoritária. O senador Amorim está bem em todas as pesquisas. Muito preparado, conhece os problemas de Sergipe. É um senador que tem mostrado uma atuação muito forte em defesa do Estado e do Brasil. O deputado André é líder de um governo e, consequentemente, tem conseguido trazer recursos para Sergipe. Ele tem legitimidade de pleitear estar na chapa majoritária, e isso democraticamente. Iremos discutir com muita conversa e respeito aos aliados, com todos tendo voz e vez dentro dessa composição para contribuir com a unidade. Estou muito otimista que, ao final de todas essas conversações, a gente possa ter uma unidade que vai fortalece a oposição em um projeto de governo para poder resgatar a auto-estima do povo de Sergipe e recuperar a gestão do Estado.
O deputado André Moura disse que, por ele, já definiria alguns nomes da majoritária. Eduardo, por sua vez, até lançou uma chapa, colocando, inclusive, Valadares filho como seu vice. Só falta o PSB para a oposição definir?
Estamos conversando. A gente acha que as conversas podem evoluir até o mês de março ou abril. É claro que em política não se define uma data, mas o período adequado para formalizar as composições. O PSB tem mantido sua coerência de evoluir nas conversas internas, que acontecem permanentemente para que a gente consiga chegar a uma questão que demonstre nossa unidade. Cada partido tem sua autonomia de demonstrar algum tipo de candidatura, o prazo que achar ideal, lançar e colocar seu nome à disposição dentro do que acha conveniente fazer. Apesar de o PSB ter esse pensamento, eu acho legítimo os outros partidos acharem que, depois do Carnaval, poderá ser o momento ideal. Isso não vai afetar nas conversas internas que estamos tendo.
O que falta para o PSB decidir?
Acho que a política é a arte do diálogo. Vamos continuar dialogando, ouvindo as lideranças da oposição, para que a gente venha, dentro de um quadro ideal, colocar aquilo que pensa o PSB não só na chapa majoritária, mas também nas chapas proporcionais. Os prefeitos, vice-prefeitos, deputados, todos têm interesse em saber como ficará as alianças e vamos ajudar e contribuir para isso.
Existe a possibilidade de o PSB não sair aliado do PSC e PSDB?
A nossa intenção é manter a aliança que fizemos em 2016. E deixo isso claro em todas as declarações que tenho feito. O senador Valadares também. Vamos trabalhar a unidade e tenho muita certeza que isso vai acontecer. Estou otimista que teremos uma chapa majoritária acompanhada de uma chapa proporcional muito fortalecida em torno de um projeto de governo, para que a gente venha dialogar de forma mais permanente – e é claro que faremos uma pré-campanha muito forte, já apresentando esse projeto.
A posição de Valadares Filho em oposição ao governo do presidente Michel Temer e a do deputado André Moura, que líder do mesmo governo pode inviabilizar um apoio do PSB a uma candidatura de André ao Governo do Estado? O PSB estaria mais inclinado a votar em Amorim?
Eu acho que estão claras as nossas posições em Brasília, que, inclusive, são muito parecidas com as do senador Eduardo Amorim. Votamos contra a reforma trabalhista e o senador da mesma forma. Se a reforma da previdência for pautada, votaremos contrário e o senador Amorim já se posicionou da mesma forma. Compreendemos a função do deputado André que é líder do governo. Ele cumpre o papel que lhe cabe. Em relação ao nosso estado, o que importa é a convergência em consertar os graves problemas administrativos. Temos hoje os piores índices na Segurança Pública, tendo Aracaju como a capital mais violenta di Brasil. São índices alarmantes que jamais foram vistos. Temos um grave problema na saúde pública, que continua sendo um trampolim político. A educação também com alto índice de analfabetismo, um dos piores do Brasil. Temos uma infra- estrutura sucateada, rodovias abandonadas sem planejamento de manutenção dessas rodovias, não temos serviços públicos estaduais sendo colocados para população de forma ideal. Por tudo isso que esta acontecendo, e pela própria atuação do governador do Estado em momentos graves da sua gestão, quando ele não encarou com a seriedade que o cargo precisa ter, a gente sabe que temos uma responsabilidade muito grande. Não cabe, nesse momento, projetos pessoais. Caberá um projeto de unificação, que venha ter uma convergência, como nós da oposição temos, em relação a como vamos enfrentar.
Se por um lado, o governo Jackson Barreto tem desgaste, por outro, o governo Temer também tem. É possível que se tente resolver este problema já na escolha dos nomes da chapa majoritária?
Tudo aquilo que for melhor para a composição da chapa majoritária vai ser debatido com muita clareza entre as lideranças dos partidos. A gente tem que encontrar a melhor forma, e se encontra conversando, para que a gente possa ter um projeto fortalecido e que possa ter uma sintonia com a sociedade.
O PSB tem o senador Valadares que pode disputar o governo ou a reeleição. Tem o deputado Valadares Filho que já se colocou à disposição para a disputa do governo. Está perto de haver uma definição interna?
O PSB tem uma prioridade: a busca da unidade. Aquilo que for importante para termos uma unidade fortalecida, que tenha os critérios importantes para que a gente possa conversar com a sociedade sergipana de forma muito sincera, através do programa de governo que iremos apresentar, estamos dispostos a conversar. Vamos continuar fazendo isso com o mesmo objetivo, porque a desunião da oposição só beneficia o governo e fragiliza os objetivos que temos de consertar o Estado. O PSB vai permanecer muito maduro e consciente da realidade política. Continuar contribuindo com esse debate na oposição.
O presidente do PPS, Clóvis Silveira, não esconde o desejo de compor com o PSB. Há a possibilidade real de o PSB deixar o PSDB e o PSC para formar um novo bloco com o PPS?
O PPS é um partido amigo, que sempre teve uma ótima relação não só com o PSB nacionalmente como aqui no Estado. O PPS me apoiou no segundo turno das eleições de Aracaju. O senador Valadares tem uma amizade com Clóvis mais antiga. Conversar com o PPS é mais do que natural, até para que ele possa fortalecer o bloco de oposição. Mas isso não foi conversado. Foi conversado uma reaproximação não só com o PSB, mas como também os outros partidos de oposição que conversaram com ele. O próprio candidato anunciado pelo governo procurou o PPS.
O senador Valadares disputa a reeleição ou o governo?
Sua pré-candidatura natural é para reeleição. Não só porque lidera todas as pesquisas, mas também pelo perfil, pela história, pela credibilidade. É claro que ele tem um grande respaldo pelo grande governador que ele foi. As pessoas lembram como ele tratava os servidores públicos, como construiu casas populares, foi um governo que investiu muito na saúde, educação. Toda essa história que ele construiu e sua atuação parlamentar como senador o coloca bem em todas as pesquisas. O senador tem um perfil de agregador para não fugir de qualquer outro desafio que seja importante para Sergipe é para o agrupamento.
E Valadares Filho?
Da nessa forma. A minha pré-candidatura natural é a reeleição para deputado federal, mas eu me sinto preparado para qualquer missão que seja importante para o futuro de Sergipe, que fortaleça o projeto de oposição. Um homem público que tem o mínimo senso de responsabilidade tem que estar à disposição para o que é importante não apenas para seu umbigo ou projeto pessoal, que não é o meu caso. Não é o caso também dos membros da oposição.
Essa afinidade, digamos republicana, entre André, Edvaldo e Jackson ajuda ou atrapalha o projeto da oposição?
Não cabe a mim dizer que André feche as portas para o governo ou a Prefeitura de Aracaju, até porque eu mesmo coloco emendas para Aracaju e faço isso cumprindo minha obrigação, apesar de não ter vencido a eleição e é ter na PMA um adversário político. Tenho feito isso todos os anos, colocando emendas individuais, mas, especificamente, para a saúde pública. Aquilo que for importante o deputado André fazer para ajudar Sergipe e Aracaju é uma atitude importante para que a gente possa trazer investimentos para Sergipe e para nossa capital.
Mas se escuta nos bastidores que o senador Valadares não ficou muito satisfeito com essa aproximação, porque, na campanha passada, Valadares Filho era candidato a prefeito e Edvaldo, seu opositor, fez muitas críticas, usando justamente o nome de André. O que o senhor pensa deste tipo de juízo?
Isso seria muito egoísta. Estamos trazendo recursos para Sergipe e Aracaju. Eu tenho muita responsabilidade com o futuro de Aracaju. Aquilo que for importante, o Governo do Estado me procurar como já procurou também o senador Valadares, iremos receber da mesma forma. Essa política que tem que fechar as portas é muita atrasada e não cabe no meu conceito e de ninguém que faz o PSB. O senador Valadares da mesma forma sempre se colocou à disposição para ajudar. Inclusive, essa emenda impositiva – a de bancada – foi de autoria do senador Valadares, demonstrando que não há nenhum tipo de problema em relação a isso.
Qual o grande desafio da oposição, nessa eleição?
É justamente colocar para o povo de Sergipe o que pensamos para o futuro do nosso estado e demonstrar que a oposição está preparada para consertar o nosso estado. A gente sabe que o próximo governador vai herdar uma dificuldade muito grande nas grandes questões fiscais, na questão econômica, de geração de emprego, o sucateamento de toda máquina pública. O grande desafio da oposição é mostrar à sociedade sergipana o quanto estamos preparados para esse grande momento. É o momento que teremos a grande tarefa de eleger um projeto administrativo responsável porque entre os estados do Nordeste, Sergipe e Rio Grande do Norte são os únicos que não conseguiram desenvolver nesse período de crise. Todos os outros estados conseguiram se desenvolver nesse período de crise. Alagoas tem orçamento até um pouco menor que Sergipe e consegue gerar emprego, organizar a máquina pública, ter dentro das finanças um momento saudável para dar pequenos aumentos aos servidores públicos. O estado da Bahia é grande, governado por um governo o petista, que poderia ter todas as portas fechadas em Brasília, mas conseguiu com responsabilidade organizar suas finanças. A Paraíba é um estado hoje organicamente organizado, tem todas as possibilidades de atrair novas empresas, se transformou num estado desenvolvimentista. A gente vê como referência administrativa de um jovem governador e, infelizmente, a gente não vê isso em Sergipe. O grande desafio da oposição é mostrar ao povo de Sergipe no nosso programa – aquilo que pretendemos para o futuro do nosso estado para que a gente volte a se tornar uma potência administrativa.
O ex-deputado João Fontes disse ao Universo que Jackson herdou um caos do saudoso Marcelo Déda. Como o senhor avalia esta informação?
Não importa. O que importa é que ele é há mais de quatro anos governador de Sergipe, e não conseguiu resolver os problemas do Estado. Outros também governaram o Estado com dificuldades e conseguiram resolver os problemas. Jackson é governador há mais de quatro anos e não conseguiu resolver essas questões tão importantes para o futuro de Sergipe. Não importa ter recebido ou não um caos o Governo do Estado. Ele não fez o seu dever de casa. Não foi um gestor atuante para resolver esses problemas.
No tocante às conversas entre a oposição e políticos que estão, hoje, no grupo do governador Jackson Barreto, o namoro vira casamento?
As conversas continuam. Tem gente ainda aguardando a oficialização se Jackson vai sair ou não do governo. Aguardando as conversas em relação à própria unidade da oposição, um projeto seguro e sólido. Eu tenho certeza que alguns partidos poderão compor com a oposição no pleito deste ano.
Hoje, há quantas vagas abertas na majoritária?
Enquanto nada for conversado com a oposição, tudo pode acontecer. Está tudo em aberto até que as coisas estejam concretizadas.
Pode haver uma surpresa, após o Carnaval?
Tudo pode acontecer. O PSB permanece coerente. No mês de março ou abril, pode haver uma definição, mas isso pode acontecer antes ou até depois. Vai depender dos diálogos que estão acontecendo.