Por Joedson Telles
O ex-governador Albano Franco, que pode retornar neste sábado (5) ao ninho tucano, é um político experiente e inteligente como poucos em Sergipe para lidar com o que os analistas chamam em política de exercício de futurologia. Costuma caminhar no escuro sem tropeçar. Aliás, o que muitos chamam de blecaute ele fita como relâmpago. É verdade que trocou uma reeleição certa para a Câmara Federal por uma derrota para o Senado, em 2010, quando disputou a última eleição. Entretanto, os bastidores da política recorrem ao velho lugar comum para explicar o desfecho: “de traição nem o senhor Jesus se livrou”. A desgastada história da pouca farinha e do pirão de capão completa o repertório. Prefiro julgar Albano pelas eleições vitoriosas. A matemática está a seu favor.
Agora, ainda sob a fumaça de o grupo dos irmãos Eduardo e Edivan Amorim receber seu filho, o empresário Ricardo Franco, na maior solenidade política do ano, inclusive, deixando no ar a participação dele numa candidatura majoritária, eis que surge a notícia de Albano no PSDB. Aos olhos dos mais atentos, o ex-governador arrisca mais uma vez o faro aguçado. Deixa cristalino que aposta numa vitória de Eduardo Amorim para o governo do Estado, em 2014, mas não subestimando João Alves, cola no partido mais próximo do prefeito de Aracaju, admitindo, inclusive, que sua filiação ao PSDB é um desejo pessoal do próprio João. Albano, no mínimo, acredita que a aliança entre Eduardo Amorim e João Alves será mantida para 2014, e quer estar dentro. São os fatos.
Para um político que tem fama de sempre estar no poder, Albano, nitidamente, espelha não acreditar muito na força do pré-candidato governista Jackson Barreto. Talvez usando a experiência de quem já governou o Estado por oito anos, Albano faz da empatia com o atual boss do Executivo Estadual sua leitura para os atuais dias difíceis vividos por JB e, antecipando em sua mente desenlace de 2014, faz suas apostas.
É evidente que não faltará quem argumente que a história é outra. Que Albano está apenas se precavendo, já que amigos seus, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Aécio Neves, querem um palanque em Sergipe com políticos renomados para fortalecer a candidatura da oposição por aqui. Não deixa de ter sentido. Todavia vale lembrar que Albano teve a coragem de disputar uma eleição para o Senado isolado em Sergipe, dando de ombros para a nacional. Além disso, afastado de João, já se ausentou de palanque de presidenciável do próprio PSDB.
Albano Franco não tem mais idade e, pelos cargos públicos que já ocupou, não precisa também apostar em projeto político por apostar. Evidente que como empresário tem lá seus interesses. Normal. Mas creio que o motiva bem mais a vocação para a política. Ou o vício em política, como definirão outros. Aquele negócio de “estar no meio”, sabe? O fato é que Albano Franco está de volta à cena. Se assina hoje a ficha de filiação do PSDB? Não sei. Em assinando será candidato? Muito menos. Acerta quando aposta em Eduardo Amorim, via Ricardo Franco, e em João Alves, em carne e osso, subestimando JB? Só o eleitor poderá responder na hora certa. Até porque, como o próprio Albano costuma dizer, “o futuro a Deus pertence”.